01

1.4K 119 19
                                    

13 semanas

Conhecimento popular: bebês choram. É o que eles fazem.

É o que Lilly, sua mãe, diz a ele às duas da manhã, a voz quase abafada pela histeria. Mas ele já sabe disso. Considera um fracasso pessoal tê-la chamado até aqui porque não conseguiu lidar com um choro.

Bebê choram.

"Eu sei, é claro que eu sei, mas esse é o meu e eu não sei o que há de errado com ele. Eu nunca sei o que há de errado. Eu deveria saber, mãe" Ele enfia as mãos nos cabelos, a frustação e o suor escorrendo pela testa. "Desculpa. Eu só acho que. Não sei, talvez Gina – Ela com certeza saberia o que fazer. Eu não."

Lilly não diz nada, como se buscasse pelas palavras certas- como se houvesse palavras certas para medicar o luto. Se elas existem, três meses mais tarde, Harry ainda não as descobriu.

"Você sabe que ela está orgulhosa de você agora" Ela finalmente diz, embalando James em seus braços como se fossem uma armadura. "Eu não consigo imaginar o quão difícil isso está sendo, amor, de verdade, mas você não está pecando em pedir ajuda. Eu posso ajudar."

Ele sabe que sim. James é tão pequeno ainda, não pode ser vítima do orgulho de Harry. Mas ele prometeu que seria um bom pai, o melhor, e agora isso volta para si como um eco: Mentiroso.

James precisava mais dela. Harry desejava que, seja lá para onde sua esposa tenha isso, eles pudessem trocar de lugar.

Lilly vê através dele como água. "Está decidido, eu venho e ajudo você por um tempo, vai ser bom, não é? Eu sinto sua falta."

De verdade? Harry não quer discutir, ele não precisa. Ela acalentou James como um sopro de paz, essa era sua resposta. Vai ser bom. " Obrigado."

Tem uma coisa arranhando no fundo de sua garganta e isso tem sido tão familiar ultimamente – a antecipação do choro, que ele só pisca as lagrimas para fora e tenta não fazer disso uma grande coisa.

É claro que Lilly não deixa passar  "Por que você não sobe e descansa, hm? Talvez um banho? Qual foi a última vez que dormiu?" Ela manejava James num braço só e toca a maça de seu rosto. Ele mais entende do que aprecia o cuidado.  "Qual foi a última vez que comeu alguma coisa?"

Ele não sabe. Hoje pela manhã? ontem? Ele honestamente não dá a mínima.

Tenta escapar com um: "Ei, não se preocupe com isso."

"Eu me preocupo sempre."

Ele olha para longe. "Eu sei, sinto muito. Vou ficar bem." Isso parece bom o bastante, ou talvez ela esteja fazendo aquilo de pisar em ovos para não o ferir.

"Eu sei." Ela suspira "Vai lá e descansa, querido."

34 semanas

"Não olha assim para mim" Harry quase ri e os olhos grandes de James os acompanham de sua cadeira protegida e alta quando ele pega uma tabua e uma faca afiada. "Não quer seu suco? Preenche um formulário bom o bastante pra convencer sua avó e a gente pode enviar dentro do cartão de Natal."

James mostra os dentinhos e boceja antes de dizer: ''Papa''

'' É, eu sei. Não, sério, você pode jogar toda a responsabilidade em mim. Seu plano, minha aprovação.'' Ele diz entre um e outro kiwi cortado. '' Mas você consegue dizer Vovó?''

'' Papa''

'' Isso mesmo'' Harry sorri tão grande que a imagem do filho fica espremida '' O que? E você só tem oito meses? Não mesmo.'' O menino ri e o dia ganha um ponto positivo de contraste. É nele que está a felicidade de Harry.

Like real people do.Onde histórias criam vida. Descubra agora