Duas semanas depois- ou mais especificamente: num domingo, o celular de Draco vibra no suporte de seu banheiro. Ele desliza o dedo sobre a tela e ativa o alto falante.
"Você viu o kit de primeiro socorros?" a voz de Harry invade o box.
Kit de quê?
"Ei, o quê?" Draco sente a ponta afiada da ansiedade espalhar, o estado de espírito já parcialmente comprometido. "Quem é que precisa disso, você? Precisa que eu vá aí?"
"Não, olha- acho que me expressei do pior jeito possível" a calma dele quando diz isso, o tranquiliza um poco. "Jimmy acabou tropeçando no jardim e agora ele tem um arranhão no joelho, mas eu não consigo encontrar esse kit. Já procurei em todos os lugares, e é nele que eu guardo o Band-Aid, o que ele gosta, com todos aqueles heróis."
Oh.
Draco derruba a mão que, sem notar, levou ao peito, e pensa. "Você olhou na gaveta debaixo da pia?"
"Sim"
"A do seu banheiro?"
Uma pausa. "Acho que não custa checar de novo." ele murmura; E isso basicamente significa: ele ainda nem procurou lá. "Ah, pergunta rápida: Você me atendeu no banho?"
"É" Draco abana essas resposta "Eu tenho uma pergunta melhor... Nós estamos falando de que tipo de arranhão?"
"Pequeno. Pequeno como você"
Draco meio que estrangula um som "De onde você tirou isso agora?"
"Uhm" O mais velho dá a isso uma pausa considerável "Não. Ok. Olha, eu continuo tentando achar indícios de que essa informação seja equivocada, mas tenho uma fonte bem confiável."
"Ha há" ele força, mas está lutando contra um sorriso.
"Achei" Harry exclama, de repente.
"Não precisa agradecer."
"Ok." ele espera o suficiente para que a piadinha faça efeito "Tchau"
Então a ligação cai. Draco ri.
[...]
"Mione levou Jimmy no jardim."
Harry olha o degrau em que o mais novo parou "Ok"
"Precisa de ajuda?"
Harry nem sabe há quanto tempo está tentando arrastar aquela árvore para a garagem, então a ideia de recusar uma ajuda voluntária parecia estúpida "Cairia bem, Draco"
"Bem, você deveria ter pedido antes" o garoto resmunga quando puxa um galho e ambos movem bem mais do que ele já havia conseguido sozinho "Isso vai caber na sala de estar?"
Harry não sabe. Ele espera que sim.
"É só um pouco maior que a antiga" puxa mais uma vez, mas para- porque ele é só humano, e ofega quando estica a coluna "Ginny gostava das grandes"
É um pensamento que ele achou não ter chegado até sua voz, mas chegou. Ele ofega, faz o lado traseiro da mão deslizar sobre a testa. Draco parece buscar alguma coisa quando olha para ele, parecendo triste.
Ele pensa em como é viver nem mundo onde a menção de Ginny não trouxesse o amargo que se espalha dentro dele. Como é viver num mundo sem uma ferida aberta no peito.
"Tudo bem, eu só" ele agacha para alcançar a corda na árvore, "Lembrei disso. Acho que nunca conheci ninguém que amasse mais o natal- ou o quatro de julho. Viu todas aquelas caixas de decorações?"
"São muitas"
"Não é?" Harry concorda, de repente tomado de emoções. Ele tenta respirar, dentro e fora, mas elas atropelavam ele como um caminhão "E agora eu odeio isso, Draco. Tudo isso. Eu não quero fazer isso de novo, não posso."
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Like real people do.
Hayran KurguDraco termina como babá, mas ele também é um universitário cursando seu segundo ano de musica. Harry é um pai viúvo e um professor do fundamental que precisa voltar á ativa. E isso é confuso, até que começa a fazer sentido.