Capítulo 4

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Gabriela

31 de dezembro de 2021

Desde que encontrei Vinícius na frente da delegacia, eu tenho me sentindo diferente, reencontrá-lo me fez voltar ao passado por diversas vezes. Será que ele reconheceu o relógio que me deu?

— Estou falando com você, Gabriela!

— Desculpa, Bruno — sorri de canto. — O que você disse?

— Estamos casados há três anos e é a primeira vez que te vejo tão distraída assim — ele fitou o olhar em mim. — Na verdade, desde que reencontrou aquele... seu colega de escola, você tem ficado distante.

— O que? Não tem nada a ver com isso — tentei manter o olhar nele, mas acabei desviando. Contar que encontrei Vinícius na delegacia não foi uma boa ideia. E agora que me viu conversando com ele...

— Gabriela! — Bruno bateu com a mão na mesa, me tirando dos pensamentos.

— Desculpa! Eu apenas estou reflexiva — falei, antes de levantar da cadeira. — Nem quero comer mais.

— Volta aqui! Agora vai agir desta maneira?

Caminhei apreensiva pelo corredor até o quarto, pois o Bruno tem sido bem agressivo já algum tempo, principalmente depois que minha irmã me aconselhou a fazer um boletim contra ele. E ela não estava errada, pois mesmo que ele não tenha me agredido, ameaçou fazer e isso não é aceitável.

— Gabriela — Bruno entrou no quarto.

— Sim?

— Vamos terminar de almoçar — disse, se aproximando de mim.

Eu estava sentada na cama, quando ele sentou ao meu lado e me beijou. A intensidade do seu beijo era a mesma, porém o que eu sentia era diferente, então tentei me concentrar no momento e deslizei a mão sobre as suas costas, enquanto a sua boca passeava sobre o meu pescoço.

— O calor do seu corpo sempre me incendeia — ele sussurrou, ao colocar a mão por debaixo da minha camisa.

Eu estou forçando uma situação que já não me agrada mais.

— Bruno, melhor não. — Me afastei para o lado.

— Não. Até isso vai mudar? — A decepção estava clara em seu tom de voz.

— É melhor eu ser sincera do que te enganar. — Me levantei da cama e fui até a penteadeira.

— Eu quero saber por que tem agido assim? Não é a primeira vez que me nega - ele olhou para o chão, após falar.

Eu engoli em seco. Depois respirei fundo e respondi:

— Eu só não estou me sentindo bem esses dias. — No reflexo do espelho, notei que a sua expressão mudou. — Me desculpa.

— Você vai ficar aí penteando o cabelo em vez de conversar direito? — Sua respiração estava tensa, parecia estar segurando emoções. Então coloquei a escova na penteadeira e caminhei até cama.

— É claro que não, meu amor. — Sentei ao lado dele. — Eu prometo que vou me esforçar para fazer o meu melhor. — Peguei em sua mão, mas ele permaneceu em silêncio. — Bruno?

Pude escutar a sua respiração, quando começou a apertar minha mão. Será que ele iria mesmo me agredir? Eu reconheço que tenho estado estranha, mas isso não é motivo.

— Sem problema! — ele elevou o tom de voz. — Eu também não tenho tomado as melhores atitudes — disse, me encarando.

— Por um instante, senti como se tivesse lido os meus pensamentos — respirei aliviada e forcei um sorriso.

Laço Entre Almas: A chamada que nos uniuOnde histórias criam vida. Descubra agora