Capítulo 13

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25 de novembro de 2021 - 18h:00m

— Vinícius, o que houve?

Eu abri os olhos e vi o rosto do meu amigo. Me senti aliviado, apesar da confusão mental, pois eu carregava a sensação de ter sonhado algo importante. No entanto, de repente, um feixe de luz desceu sobre mim.

— Carlos! Tudo o que sonhamos não está apenas acontecendo! — Levantei-me às pressas do chão, mas perdi o equilíbrio por um instante. — Escuta! Você já sabia que a mulher que estava no meu sonho e no seu, era a Gabriela?! Por isso ficou tão espantado quando gritei o nome dela... — Eu não conseguia evitar a rapidez com que falava. — Ela quem foi fazer o boletim. E foi na ficha dela que você fez a comparação dos números... —  pausei para refletir. — Mas mesmo me lembrando do sonho, não ficou claro em minha mente assim que esbarrei nela — suspirei após finalizar.

Carlos apenas me olhava.

— Diz alguma coisa! — elevei o tom, ao me sentar à mesa.

— Sim — concordou, ao puxar uma cadeira. — Quando você gritou o nome dela, achei que tinha descoberto que era a sua antiga amiga que havia ligado. Porém, fiquei quieto e quando compartilhamos o sonho tive medo de que tudo aquilo realmente acontecesse. — Carlos baixou a cabeça. — Quando eu vi a ficha dela na delegacia, logo me lembrei da mulher morta em meu sonho. Os nomes eram os mesmos.

— Mas... — tentei falar.

— E quando você falou que encontrou a Gabriela assim como no seu sonho, eu liguei os pontos — disse, levantando os olhos em minha direção.

— Porque não me contou?

— Eu não queria que agisse sem pensar, pois mesmo sem saber quem era a mulher misteriosa você já estava ansioso. Imagina se soubesse?! — Carlos passou a mão na barba e prosseguiu dizendo: — Não é só você que está confuso. Eu não tenho conseguido pensar em nada direito, tenho a sensação de que nem o óbvio eu estou enxergando.

Eu olhei para ele e respirei fundo, antes de baixar e pegar o relógio do meu avô que ainda estava ao pé da mesa.

— Agora me conta o que aconteceu. Porque te encontrei desmaiado? — Carlos depositava toda a atenção em mim.

— Logo vai entender — inspirei e expirei. — Sabe o que é isso? — perguntei em seguida.

Carlos observou o objeto e respondeu:

— Um relógio. Oras!

— Hum — sorri de canto. — É mais do que um relógio. — Contemplei as iniciais R&J sobre o preto que carregava bordas douradas. — Você acreditaria se eu dissesse que tudo que achamos que foi um sonho, não só aconteceu, mas estamos vivendo novamente?

— O que?! Você está brincando comigo? — Percebi quando Carlos respirou fundo.

— Eu estava desmaiado porque minha mente não suportou tantas informações de uma vez — engoli em seco. — Ainda mais tratando-se de um assunto como... — fiz uma pausa. — Viagem no tempo!

Os olhos de Carlos me fitaram, após moverem-se para os lados, como se procurasse escapar daquele assunto que nos amarrava.

— De onde tirou esta ideia, Vinícius? — Ele levantou da cadeira. — Deixa. Melhor você descansar um pouco.

— Escuta o que eu tenho a dizer — elevei o tom. — Nesse último, suposto sonho, eu tentei salvar a Gabriela, mas após levar o tiro e...

— Eu me lembro dessa parte do sonho — Carlos me interrompeu. — Você me cont... — ele parou de falar abruptamente, ficando estupefato. Seu corpo pareceu tremer em seguida, após levar as mãos sobre o rosto.

Rapidamente coloquei-me sobre os meus pés e fui até ele. Parece que finamente o assunto ficou claro.

— Senta na cadeira. — O segurei para que não caísse. — Vou pegar um copo com água.

— Isso é impossível! — Carlos não desmaiou, mas aparentava estar num estado muito pior do que eu. Pelo menos era o que transmitia em sua face.

Depois que ele bebeu um pouco de água, sentei-me novamente e comecei a contar com mais calma os detalhes sobre o que aconteceu hoje cedo e como encontrei o relógio embaixo da mesa.

Laço Entre Almas: A chamada que nos uniuOnde histórias criam vida. Descubra agora