Capítulo 10

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Vinícius

31 de dezembro de 2021 - 23h:30m

Após descer da torre, eu ainda pensava no passado, não sabia como seguir dali em diante. Como pude esquecer que encontrei o Bruno e a Gabriela meses após a formatura da escola e que me disseram que estavam namorando sério? Fiquei refletindo debaixo da chuva, que se foi tão rápido quanto veio, e eu ainda olhava para o céu quando alguma coisa direcionou a minha atenção para a torre. Os dois continuam lá em cima. Espera! Não sei se eu estava enxergando direito, mas... "A Gabriela precisava de ajuda." Foi como se uma voz sussurrasse em meu ouvido.

Corri de volta a torre do relógio, mas fui impedido de subir pela quantidade de gente que passava as pressas.

— O que está acontecendo lá em cima? — perguntei.

— Um cara maluco disparou uma arma, ameaçando atirar em todos — respondeu o homem que carregava a filha no colo.

Gabriela...

Só havia um elevador, por isso a maioria das pessoas desciam pelas escadas, me atrapalhando também. Eu não percebi quando todas essas pessoas subiram.

***

Com muita dificuldade, entrei no elevador antes que ele subisse outra vez. Meu coração estava acelerado, eu não conseguia ficar quieto; podia sentir ele bombeando em meu peito, enquanto as minhas mãos tremiam e suavam frio. A ansiedade tomava conta do meu corpo. Quando enfim cheguei ao topo, visualizei uma cena que despertou a ira em mim; Bruno segurava Gabriela pelos cabelos e com a outra mão, pressionava a arma no rosto dela.

— NÃO! — Corri na direção dos dois com todas as minhas forças. — Solta ela seu canalha! — Neste exato momento, parei, atônito eu não consegui me mover.

Bruno virou o rosto e fitou-me, expressando a sua falta de siso através do olhar e um sorriso malicioso. O tempo parecia lento, era como se eu não fosse alcançá-la. E aquela sensação me deixou de tal modo que era como se eu não fosse capaz de entender tal complexidade.

— GABRIELA! — gritei, quando vi que Bruno a jogou na direção do parapeito e apontou a arma para mim. Contudo, algo me impulsionou e eu corri para trás de uma coluna de ferro enferrujado.

— SOCORRO! — Escutei a voz daquela que fazia o meu coração queimar. — VINÍCIUS! — Ao ouvir ela chamar o meu nome, senti uma coragem que até então, era desconhecida em mim.

— Se não for comigo, ela não ficará com mais ninguém. — Não tive certeza, mas Bruno estava se aproximando. — E tão pouco com você, Vinícius. O laço entre vocês foi cortado há muito tempo.

O que ele quis dizer com isso?

Quando percebi que Bruno deu a volta na coluna de ferro e se aproximava pela esquerda, corri de volta pelo lado que vim. Senti a tensão ao chegar perto da Gabriela, naquele momento ficou claro o quanto eu ainda amava a sua alma e desejava tê-la por perto. Porque teve que chegar a este momento para que eu percebesse?

— Te peguei! — Suspirei quando toquei em seu pulso. Ela realmente era forte, pois eu não teria aguentado ficar segurando entre as grades do parapeito.

— Me tira daqui, Vinícius... — A voz dela estava falha e seus olhos brilhavam devido as lágrimas que o preenchiam.

Eu a puxava para cima quando senti uma pressão em minhas costas e uma dormência em seguida, quase que no mesmo instante em que ouvi o disparo de uma arma. Eu fui baleado! Não consegui pensar em mais nada, foi inevitável me curvar para trás. A dor era pior do que eu poderia imaginar! A única coisa que eu percebi, foi que o relógio que dei a Gabriela estava entre meus dedos. Eu me encontrava de braços abertos, caído naquele piso. Bruno se aproximou do parapeito e então, eu me dei conta...

— Não! Seu desgraçado! — gritei de ódio, tristeza e principalmente, dor. Pude sentir meu corpo ficar umedecido aos poucos.

Meus olhos percorreram o céu quando escutei sons de trovões, mas logo um clarão me impediu de continuar enxergando. Eu estou morrendo?

Laço Entre Almas: A chamada que nos uniuOnde histórias criam vida. Descubra agora