02-Maldita seja Katarina

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Já era terça e durante todos esses dias eu havia ignorado Giulia. Obviamente a situação ficava mais difícil a cada dia que passava, nosso grupo interagia cada vez mais enquanto eu me afastava mais e mais delas, de certa forma, eu achava que Giulia agregava mais valor ao grupo do que eu, então simplesmente comecei a me afastar mas logo Katarina percebeu. Ela fez questão de vir até minha casa no domingo, falar que eu não deveria fazer isso porque só iria me prejudicar, mas até aquele momento nenhuma das meninas tinham falado sobre meu afastamento e eu comecei a pensar que eu realmente não fazia falta ali, até Katarina vir falar comigo sobre a situação. Além disso, ela também mencionou que se não fosse incômodo pra mim conversar sobre com Giulia pelo menos pra evitar aquele tipo de situação era melhor que eu o fizesse.

E claro que eu passei o resto do domingo e a segunda inteira pensando sobre isso e em como eu faria para conversar com ela. No fim, cheguei à conclusão de que é melhor deixar rolar naturalmente, quando ambas estiverem bem e de acordo com isso.

Sim, eu estava fugindo dessa conversa o máximo possível, algo dentro de mim gritava que eu iria me arrepender e eu não sabia o que fazer, então resolvi fugir, assim como Giulia fugiu de mim anos atrás.

Mal sabia eu que enquanto eu achava que estava em vantagem Katarina já tinha todo um plano guardado em sua cabeça.

Os primeiros três horários de aula foram como uma tortura pra mim, era literalmente a segunda semana de aula e eu já não conseguia prestar atenção em nada, minha cabeça estava em outro lugar, quer dizer, eu estava concentrada na minha cabeça, que naquele momento estava doendo pelo barulho então eu lembrei que tinha levado meus remédios e logo peguei eles.

Katarina olhou pra mim preocupada e eu rapidamente disse que estava tudo bem, que era só estresse, e ela sabia do que esse estresse se tratava.

A chegada do intervalo foi como um milagre pra mim, não aguentava mais ficar naquela sala, me sentia apertada e eu não sabia se isso era efeito do meu pensamento excessivo ou se era totalmente aleatório.

— Você andou pensando naquilo de novo? — Katarina me perguntou quando nós chegamos na parte debaixo da escada.

— Kari… Não é isso, é que… — O meu silêncio acabou falando mais alto que eu.

— Não precisa mentir pra mim Sara, eu tô aqui pra te ajudar. — Passei a mão por meus cabelos pensando novamente naquilo.

— Eu sei, e fico muito grata por isso, o problema é que nem eu sei o que está acontecendo de verdade, sabe, eu me sinto confusa.

— Entendo, mas você não acha que pra resolver essa sua dúvida aí é melhor conversar com ela?

— Sinceramente, eu acho que ela nem gostaria de ter essa conversa comigo.

— Pare de dar desculpas pra não encarar isso Sara, eu tô falando sobre porque eu quero ver você bem, você sabe disso.

— Ta! Eu vou ver, quando eu sentir que não é pesado demais pra mim eu vou fazer isso ok.

— Tudo bem. — Sorriu pra mim e eu retribuí.

Nós logo começamos uma conversa totalmente banal sobre nossos hobbies, o que costumávamos fazer todo dia e nunca cansamos.

— Sabe o que eu percebi? — Katarina perguntou e eu neguei. — Que depois que você pintou o cabelo de preto você tem se arrumado menos.

— Isso é bom ou ruim?

— É bom, não falei se arrumar no sentido de você ser desleixada, e sim no sentido de que agora você anda mais natural.

— De artificial já basta meu cabelo né. — Eu ri fraco enquanto ela segurava a risada. — O intervalo tá acabando, é melhor a gente ir.

A Menina da Câmera VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora