Saudade: presença dos ausentes

675 71 40
                                    

A ausência machuca.

E Addison estava começando a sentir o pior dos sentimentos, a saudade. E eu poderia facilmente me expressar e dizer a vocês, caros leitores, as mais belas palavras do quão magnifica é a saudade. Mas ela não é, a saudade é bonita só na poesia porque na vida real ela machuca. Sua insônia, a respiração pesada, a inquietação, o arrependimento e as lembranças lhe causará um misto de saudade dolorosa e um aperto no coração que pensará ser a dor mais terrivel que sofrerá. A escritora estava como aqueles livros melancólicos com finais tristes. E os momentos a atingiram em cheio, bem na cara, passará diante de seus olhos o que teve só pra si e mesmo assim deixou ir. Às vezes você só percebe a importância de um momento quando ele se torna uma lembrança. E agora Addison sabia muito bem disso, estava sentindo.

- Bom dia, querida - assustou com a voz de seu marido na cozinha - Por que está acordada tão cedo? De novo.

- Estou sem sono ultimamente - resmungou bebendo seu café forte.

- Faz duas semanas, não quer passar no médico para verificar o que é isso? - perguntou preocupado e abriu a geladeira para pegar um copo de suco - Pode ser algo ruim.

- Não é nada - respondeu automaticamente - Talvez seja o livro, estou preocupada em acaba-lo o quanto antes. Deve ser isso, não se preocupe.

- E o livro? Nunca soube exatamente sobre o que é - fez um cara de confuso bebendo um gole de suco - Você nunca me disse.

- Você nunca perguntou - um ânimo instantâneo tomou o seu corpo, Derek nunca lhe perguntará sobre o seus livros - Mas é sobre um casal que está precisando muito de dinheiro e uma proposta inusitada de um milionário coloca o relacionamento deles em....

O celular tocou e ele não hesitou em atender, animadamente falou algumas palavras e pediu licença deixando a cozinha e ela, sozinha. Addison baixou a cabeça frustada, lembrará de cenas como aquela durante anos vivendo ao lado do homem, e sinceramente seu corpo gritava por atenção. O casamento não estava sendo uma das felizes experiência de sua vida, muito pelo contrário, o felizes para sempre era um uma decepção a cada dia. A rotina era corriqueiro e os diálogos com o tempo cada vez mais curtos. Mas seja dito, falar constantemente não é necessariamente se comunicar. E minutos depois Derek apareceu novamente, sem perguntas ou a volta do assunto pedente. Apenas um beijo no rosto de sua esposa e a ida para o andar de cima, poucas palavras e um desinteresse enorme.

- Estou indo trabalhar - anunciou já vestido adequadamente, e pegou a chave do carro - Quer que eu te leve para o trabalho? - Addison negou com a cabeça - Está tudo bem?

- Está, por que não estaria? - retrucou a pergunta.

- Nada, você ficou estranha de repente.

- Talvez eu esteja apenas com sono - mentiu.

- Bom, beba mais café e vá trabalhar no livro - sugeriu aproximando dela para beija-la nos lábios, sem gosto - E termine o livro logo para que possa ficar mais tranquila.

- Farei.

- Tenha um bom dia, querida - disse animadamente, abriu a porta e esperou que sua esposa o respondesse.

- Você também.

Para uma escritora, Addison odiava o silêncio, gostava de falar e ser respondida na mesma intensidade. Gostava do barulho e da adrenalina das consequências de atitudes arriscadas. Mas anos atrás acreditará ter realizado um sonho, pensará que tinha encontrado o amor da sua vida. E hoje, tudo estava meio, e para o amor, meio, não é nada. Addison prendeu os cabelos bagunçados, lavou o rosto marcado por noites mal dormidas e colocou um sorriso forçado no rosto, um reflexo bastante assustador. Amar lhe causa estrago emocional. Trocou de roupa e pegou a chave de seu carro, estava indo para um lugar onde, talvez, ajudaria um pouco.

Uma Prostituta, Vários Desejos | Meddison Onde histórias criam vida. Descubra agora