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As quatro crianças decidiram que depois de pegarem as redes de pesca na cozinha, subiriam as escadas até o quarto, onde poderiam trabalhar com mais calma. Os Baudelaires foram na frente enquanto Olive ficou lá em baixo, fazendo algo sem que ninguém soubesse o que.

— O que você acha que ela está fazendo? — Klaus perguntou com um certo tom de desconfiança.

— Eu não sei. — Violet respondeu secamente, concentrada demais na montagem da escada. — Talvez procurando utensílios que possam nos ajudar.

— Você não acha que é meio suspeito? Não só o fato de ela estar lá sozinha, provavelmente vasculhando nas coisas da Tia Josephine, mas também sobre outros comportamentos dela, como saber sobre o livro da História Incompleta das Organizações Secretas. E acreditar de forma tão rápida no que dissemos sobre o Conde Olaf estar disfarçado, além de parecer empenhada em nos ajudar. Você não sente que tem algo de errado nisso? 

— Acho que não deveríamos encontrar problemas em pessoas que parecem querer nos ajudar. Já não basta o Conde Olaf e sua trupe teatral nos causando problemas, não deveríamos procurar por mais. Você deveria esquecer essa desconfiança com Olive, pelo menos por enquanto. Até resgatarmos a Tia Josephine. Tenho certeza de que podemos esclarecer tudo depois. — Violet sorriu para Klaus. Era reconfortante poder sempre contar com a compaixão e otimismo da irmã e Klaus se sentia sortudo por isso.

Nesse momento, ouviram um barulho. Eram aquelas latinhas de metal que Josephine deixava empilhadas, caso alguém entrasse escondido na casa, tropeçaria e faria barulho. Os irmãos presumiram que fosse a sua Tia ou Conde Olaf e olharam assustados para a porta. Mas era apenas Olive.

— Desculpa. — Olive soltou uma risada baixinha. — Essas latinhas sempre me pegam de surpresa.

— Tudo bem. — Violet sorriu e continuou trabalhando nas redes, enquanto Klaus observava Olive. Cada movimento da garota, se tornava mais um motivo para suspeitas.

Alguns minutos depois, ouviu se outro barulho. Agora um estrondo mais forte. Todos se entreolharam assustados e desceram as escadas correndo. Foi quando viram a janela da biblioteca quebrada e um bilhete. 

''Violet, Klaus e Sunny,

Quando lerem este bilhete, minha vida terá chegado ao seu própio fim. Meu coração está gelado como o Ike e sinto que minha vida é repussiva. Sei que como crianças não podem entender o coração urulante de uma viúva, pois não conhecem as razões que me levaram a um acto tão desesperado, mas saibam que me sinto muito mais feliz assim. Como minha última vontade, deixo vocês três sob a guarda do Capitão Sham, homem bom e honrado. Pensem em mim com carinho, apesar de mim ter feito essa coisa terrível.

— Josephine Anwhistle.''

Enquanto Klaus lia o bilhete, Violet e Olive prestavam atenção nas palavras escritas.

— Não pode ser. — Violet falou com lágrimas nos olhos.

— Não pode ser. — Olive também falou, mas, diferente de Violet, feliz e com um sorriso no rosto.

— Está sorrindo? Como pode sorrir em um momento desses? — Klaus repreendeu Olive em um tom agressivo ao mesmo tempo chateado. Ele estava bravo, muito bravo, mas não conseguia conter a tristeza que também sentia. 

— Precisamos ligar para o Senhor Poe. — Violet disse já com o telefone na mão, após discar o número.

— Não, não podem. — Olive suplicou para que Violet não o fizesse, mas já era tarde.

— Não escute ela, Violet. — Klaus olhava Olive com um ar de quem poderia jogá-la do penhasco agora mesmo. — É uma traidora!

— Não, Klaus! Você não entende. Não faz... — Olive suspirou. — Sentido. Só preste atenção na escrita. Conheço Josephine há um tempo, mais do que vocês três, e sei que ela valoriza gramática a cima de qualquer outra coisa. Vocês também perceberam isso, certo? Ela nunca cometeria erros como esses que cometeu. Nunca. Própio, repussiva, urulante, acto e mim conjugando um verbo.

No Way BackOnde histórias criam vida. Descubra agora