030 - Café e chuva

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Agora estou indo para a torre de astronomia, são nove e pouco da noite , decidi chegar um pouco atrasada.
Três minutos , para ser precisa.
Estou andando calma e tranquila , e estou quase chegando á torre.

Quando cheguei , Riddle estava lá , olhando pela janela. Hoje era lua cheia.

- você chegou atrasada. - ele disse, sem olhar para mim.

- é, tive um imprevisto. - eu disse.

- como você está? - ele perguntou , agora olhando para mim , com as mãos nos bolsos.

- Riddle , já podemos passar a fase de perguntar como estamos. - eu disse , sendo sincera.

- mas eu quero saber como você está. - ele disse , o que me fez quebrar o contato visual e sentir minhas bochechas arderem.

- estou bem. - eu disse olhando para o lado.

- estou me referindo ao..

- eu estou bem. - eu disse. - não precisa se preocupar com isso , além disso, foi o que eu disse, eu sei me defender. - eu disse e ele assentiu com a cabeça.

- muito bem. Quer que eu seja sincero? - ele perguntou.

- mais do que qualquer coisa. - eu disse.

- eu gosto de você. - ele disse. - muito. - minhas bochechas agora estavam mais quentes que antes , e eu sentia que iria desmaiar a qualquer momento.

- você não.. me conhece bem. - eu disse.

- mas eu quero. - ele disse. Naquele momento eu agradeci por estar de manga curta , porque estava ficando mais calor do que já estava.

- então pare de se afastar de mim. - eu disse. - pare de me evitar.

- eu quero , Bella. Mas eu não posso. - ele disse.

- porque não pode? - eu perguntei. Ele hesitou antes de falar , e engoliu em seco.

- porque eu sei que você não gosta de meu pai ter matado o seu. - ele disse.

- ok, isso não tem nada a ver com... - fui interrompida.

- e nós dois sabemos que vampiros e humanos não são uma coisa bonita de se ver. - quando ele disse isso , meu mundo inteiro parou , o tempo e o espaço á minha volta pararam e eu não sabia o que dizer.
Estava paralisada.
Como ele sabia?

- como.. ?

- eu sei desde o dia em que vos vi na floresta com um veado morto.- ele disse. - e ainda assim ,eu gosto de você desde aí.
- eu não sabia o que dizer.
Não era suposto ele saber.
Não era suposto ninguém saber.

Tenho certeza que em tempos soube muitas palavras , em várias línguas até, mas agora não consigo dizer nenhuma delas.

- não precisa ficar chocada. É uma coisa normal. - ele disse.

- não , não é nada normal. E é menos normal ainda você saber disso.

- eu não contei para ninguém. E não vou contar , se é esse o seu problema. Um dos meus medos é isso. Quando você me iria contar que era vampira? - ele perguntou , chegando um pouco mais perto , eu me sentei na mesa que estava atrás de mim.

- não sei. Provavelmente você ia descobrir no Halloween se não soubesse agora. - eu disse. - e eu não iria contar até você ter certeza do que queria comigo.

- eu não sei o que quero com você. Só sei que cada vez que olho para você a única coisa que quero fazer é te empurrar contra uma parede e te beijar até ficarmos sem ar. - ele disse, um pouco rápido demais , o que fez minhas bochechas arderem de novo.

- quando você me viu , porque perguntou logo se eu estava bem? - eu perguntei.

- bem , por educação , e porque você foi assediada.

- o beijo que você me deu na festa também foi por educação? - eu perguntei , fazendo ele dar um sorriso de canto e as bochechas dele ficarem vermelhas.

- não , isso foi porque eu quis. - ele disse chegando mais perto, agora com as mãos na mesa onde eu estava e nossos rostos a centímetros de distância.

- na minha opinião , você devia querer me beijar mais vezes. - eu disse e olhei para a boca dele , voltando a olhar para os olhos , ele mordeu o lábio de baixo rapidamente e me beijou. Eu coloquei minha mão na nuca dele , enquanto a minha outra mão estava segurando a dele em cima da mesa.

Estive esperando por isso por dias , já não aguentava mais.
O beijo foi com saudade e necessidade , como sempre foi , mas agora o ódio já não estava lá.
Só a necessidade.

Ele me beijou como se aquilo fosse uma droga , uma droga que estava esperando para tomar á séculos.
Quando ele parou por conta da falta de ar , um fio de saliva ficou preso em nossas bocas e eu automáticamente o limpei , pela vergonha.

- você realmente iria contra as regras da sua espécie? - ele perguntou.

- por você, eu iria. - eu disse.
Ele sorriu e me beijou de novo.
Desta vez, mais curto.
Eu saí de cima da mesa e nós nos sentamos na janela.
- pode me contar a verdade sobre a amortentia? - eu pedi, depois de me sentar de frente para ele.
Nossos pés estavam se tocando e ele estava olhando para a lua.

- eu senti.. cheiro de livros , floresta e álcool. - ele disse com as bochechas ganhando cor. - e você?

- café e chuva. E não vou negar , um pouco de cheiro de cigarro. - eu disse e ele deu um sorriso leve.
Nós ficamos calados durante alguns minutos , e eu ao mesmo tempo que pensava que queria ficar ali o resto da minha vida estava pensando que merda eu estava fazendo ali.

Nós não falamos nada por alguns minutos , e continuamos no mesmo lugar , olhando para o mesmo lugar.
As estrelas e a lua.

- mas , admita, depois disto tudo , você ainda me odeia um pouco. - ele disse.

- talvez um pouco. - eu disse com um sorriso leve. - ainda te odeio, um pouco.

- se me odeia porque me beijou? - ele perguntou.

- porque você me ensinou que podemos não gostar de alguém e ainda a desejar. Você me ensinou que podemos desejar alguém principalmente quando não se gosta da pessoa.

- mas você.. gosta de mim?

- não sei. Me diga você. - eu disse.
Ele me olhou depois de muitos minutos.

- depois de tudo, acha que eu ainda só gosto de você como uma amiga? - ele perguntou , o que me fez ficar vermelha , denovo.

Nós ficamos mais algum tempo na torre , e quando saímos de lá fomos direto para a comunal.

- boa noite. - ele disse antes de subir as escadas.

- boa noite. - eu disse , começando a subir as escadas e entrando no dormitório.

se fosse perfeito - Mattheo RiddleOnde histórias criam vida. Descubra agora