Dois garotos e uma garota corriam pelos becos e vielas de Incheon. Poderia ser uma fuga da polícia, ou até mesmo uma simples brincadeira, mas nenhum dos dois motivos citados condizem com a realidade.
Estavam atrasados, muito atrasados "para quê?", você pergunta, "aonde iriam a esta hora da noite?", daí lhe respondo: à uma reunião. Sim, uma das muitas que tiveram durante a amizade de anos.
Era um local secreto, só eles conheciam e podiam ser quem quisessem em seu espacinho longe do mundo adulto. Ali debatiam sobre os mais variados assuntos, desde os mais importantes aos mais banais de sua pré-adolescência.
Quando chegaram, mais um dos integrantes se fazia presente - é claro que haviam mais pessoas em seu clube, contudo, nem todos puderam comparecer, seja por N motivos, como problemas familiares, castigos ou outros dilemas ainda não informados aos outros.A conversa rolava solta, passava-se das 20:45, alguns estavam cansados pelo dia de aula, mas outros ainda riam e tentavam se animar, em busca de mais diversão do que apenas uma conversa sobre a vida pacata de um mero estudante:
- Ei, galera. Vamos à antiga usina? - Jungyeon dizia ansioso aos demais.
- Acho que não é uma boa ideia, se minha tia descobrir, ela me mata! - Minseok estava sentado e pensando nas possibilidades que poderiam lhe ocorrer nessa visita a um local de extremo risco.
- Por acaso o Minzinho 'tá com medo? - PJ debocha, batendo nas costas de Minseok. - Pois eu aceito, não tenho hora para voltar 'pra casa mesmo!
- Eu também topo. - Jess levanta-se junto aos demais e pega sua bolsa de colo para levá-la consigo.
Minseok estava receoso, muitas coisas se passavam em sua cabeça, Jungyeon era seu melhor amigo. Desde muito jovens as famílias se conheciam e ambos mantinham uma relação bastante próxima desde então, um sendo o confidente do outro, por isso, sempre quando um se metia em problemas o outro ia salvá-lo, e foi nesse pensamento que Minseok disse:
- Okay, okay. Eu topo.
● ● ●
Os quatro corriam pela cidade. Atravessaram ruas para chegar a seu destino, uma noite de aventuras de certo; a adrenalina corria nas veias de todos e mandaram sinais a todo momento, seus peitos inchavam buscando por ar em meio a correria e o coração pulsava de felicidade por pelo menos uma vez serem livres, já que poderiam fazer algo que mudaria seus conceitos de felicidade e, além disso, um possível novo acontecimento para marcarem em seu diário de vida que permanecia pontuado com dias monótonos seguidos de tédio incessante.
Após um tempo chegaram em frente ao local ermo que parecia o mesmo de alguns anos atrás: janelas quebradas, grades de segurança totalmente cortadas, gatos rondando à procura de comida e barulhos esquisitos, vindos de dentro daquele antigo e semi abandonado recinto. Não tiveram medo a princípio, entraram e riram entre si por invadirem. Porém, ouviram passos fundos e pesados em um andar acima do prédio, por um momento estranharam o fato de alguém estar ali, causando-lhes um certo incômodo - uma pulga atrás da orelha -, visto que não tinha nenhum artefato que valesse a pena roubar, quero dizer, não havia ao menos um objeto sequer, apenas tanques com misturas químicas com certos níveis de intoxicação.
Movimentaram-se lentamente, espreitando-se por entre as grades da entrada e procuraram escapar daquele lugar antes que fossem pegos, mas já era tarde demais.- Aonde pensam que estão indo? - Uma voz rouca foi se aproximando com passos largos e vagarosos.
- Ah, v-vimos que o senhor estava muito o-ocupado e decidimos sair, não queremos o atrap-palhar. Não é mesmo... p-pessoal? - Após Minseok dizer, virando de frente para o homem misterioso, todos concordaram acenando a cabeça freneticamente.
A risada áspera ecoou pelo recinto e as mãos brancas tocaram o rosto de Minseok com frieza, apertaram seu maxilar com certa força, atraindo a atenção de Jungyeon que lhe deu um murro, fazendo-o soltar o menor, indiferente.
- É um garoto um pouco tagarela e medroso, não acha? Gostei do seu estilo, garotinho... É algo que chama a atenção, felizmente, tenho algumas parcerias, se você focasse em moda, ganharia muito dinheiro quando estivesse um pouco mais crescidinho. - O homem pegou o cigarro do bolso, o acendeu e tragou um pouco, soltando a fumaça logo em seguida. - Mas não posso deixar você sair daqui hoje. Aliás, nenhum de vocês poderão, uma pena.
- E... p-por quê não? - Minseok soava confuso e curioso pela constatação do mais velho.
- Pois vocês podem ser muito perigosos para mim! Testemunharam minha presença aqui. Ninguém que me viu em um lugar suspeito como este, sobreviveu para contar a história. - O homem sorriu.
- Não falaremos nada, eu juro! - Jungyeon calou a boca de Minseok antes que o mesmo fizesse outra pergunta e pudesse irritar o criminoso.
- Venham comigo. Agora. - Disse e seguiu andando até o centro da usina, agarrando Minseok pelo braço direito e obrigando os outros a seguirem seu amigo. Pensaram em escapar por um milésimo de segundo, mas isso não adiantaria, já não tinham mais escolha, o local estava rodeado de homens.
Os demais foram pegos, por cinco homens, quando menos esperavam. Foram amarrados - cada um - em tanques diferentes de substâncias, todos inalando aqueles gases inteiramente tóxicos.
- Vocês poderiam ter evitado isso se não tivessem se metido aqui, agora agradeçam ao de cabelos negros que os deixarei em paz, por ora... agora preciso me despedir, tenho assuntos importantes para tratar, vejo vocês amanhã, isso é se estiverem vivos ainda. Fiquem com Jungin, tenho certeza de que um de vocês irá amá-lo. - Uma longa gargalhada foi solta e a porta de ferro trancada.
Um homem igualmente de cabelos negros - como Jungyeon - utilizando uma máscara cirúrgica sai todo amedrontado de uma sala ao fim do corredor e se aproxima de nós como se tivesse uma urgência em seu espírito e mente.
- Crianças, rápido, vocês precisam fugir! - o tal Jungin chega apressado à sala. - Vou soltar vocês.
Todos olharam espantados, e um pouco confusos,para o homem que soltava cada um e liberava para sair, já que o líder deles prometera que teriam uma morte certa com este homem que agora estava soltando-os para escaparem. Quando os desamarrou pediu para que os outros dois deixassem a sala com a desculpa de que Jungin gostaria de conversar com Jungyeon. O homem insistia para que Minseok saísse e deixasse os dois a sós, mas Minseok não o fez, levando uma coronhada e cair ao chão, completamente desmaiado.
Jungyeon foi pego pelos dois braços e foi levado à força para uma plataforma alta, para ser jogado em direção a um tanque cheio.- Achou que ia se livrar de mim, filhote? - O jeito maluco foi logo percebido pelo moreno que tentava se livrar daquelas mãos fortes. - Eu disse que voltaria, e você vai pagar com sua vida por ter tirado ela de mim!
Ao acordar novamente, Minseok se aproximou correndo e bateu com uma garrafa de vidro no pescoço do mais velho para que pudesse desmaiá-lo, o que não surtiu efeito imediato, porém, Jungin ao soltar os braços de Jungyeon, o derrubou, por engano, em um tanque vazio de mármore à uma altura assustadora e para completar o serviço, espancou o outro garoto até que este ficasse tão inconsciente que se assemelharia a um defunto, e saiu sem nem sentir culpa pelo que tinha acabado de fazer - talvez um pouco zonzo pelo sangue escorrendo de sua carne e pela força da pancada, que o havia cortado um pouco.
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Consequências
RomanceSerá que o amor é só uma consequência? O mundo e seus acontecimentos são uma coincidência? Qual a razão disso tudo existir? As perguntas não cessam, pois, enquanto existirmos a dúvida é sempre constante, por isso, as decisões que tomamos, muitas vez...