Em alguns minutos de espera, um homem, aparentando ter seus quarenta anos, aproximou-se dos dois e os cumprimenta com uma reverência, que logo foi reproduzida pelos mesmos.
- Vocês são os familiares das crianças lá dentro? - O homem os pergunta, olhando fixamente para Jeongbyul que estava distraído, brincando com seus dedos.
- Sim, somos... primos deles, como estão? Qual a situação deles? - Juha toma a frente e atrai a atenção do senhor para si, fazendo-o olhar em sua prancheta e respirar fundo.
- Então, o menor deles, de cabelos castanho-claro, acabou de sair de uma avaliação. Fizemos algumas operações e ele está em recuperação... já que havia perdido muito sangue, mas felizmente, conseguimos recuperá-lo. - O doutor dá um sorriso meio vago e tenta amenizar as coisas.
- E... o outro? - Perguntou Juha, o qual já sentia medo do que viria a seguir pela expressão do mais velho à sua frente. Às vezes, ele conseguia ler as pessoas, era algo que fazia inconscientemente, observava muito os detalhes em busca de alguma brecha no discurso ou algo que não lhe passasse segurança.
- Sinto muito... - O senhor abaixou sua cabeça, como se estivesse sentindo a dor deles, ou quisesse passar a mensagem de que estava ali por eles.
Os dois jovens, Juha e Jeongbyul, se abraçaram e assim permaneceram por um tempo. Juha estava vulnerável naquele momento, coisas assim quebravam o seu coração em mini pedaços; uma perigosa lâmina havia o cortado, a qual era capaz de penetrar o mais duro dos aços, porém, abraçar Jeongbyul deixava-o se sentir seguro visto que seu corpo dava sinais de conforto.
Aquele homem de cabelos e de olhos incrívelmente negros, por mais criança que fosse, era sua fortaleza, onde ele mais se sentiu em casa.Após um tempo naquele abraço um tanto meloso, Juha já se sentia melhor, então tratou de desvencilhar-se do contato físico e preferiu aguentar o baque da notícia. Por mais que os garotos não fossem de sua família, ele pensava: por que estava tão emocional por esses garotos? Não tinha ninguém em sua família, nunca havia precisado de alguém antes, e também... nunca se importou com os problemas alheios, por sempre ter seguido seu caminho "solo" - pois sempre que alguém invadia seu espaço, sentia-se invadido e sufocado - talvez, o moreno ao seu lado que, às vezes, atraía seu olhar, estivesse o mudando, porém, definitivamente, ele não gostava dessa ideia de ser regido por uma outra pessoa, por mais bondosa que fosse. Contudo, um pensamento invadiu sua mente, talvez sentir algo por aqueles garotos estava sendo bom para sua alma, mesmo que este sentimento fosse um tanto incômodo e dolorido.
● ● ●
Mais uma conversa séria foi proposta entre Juha, Jeongbyul e o doutor, afinal, precisavam debater sobre o outro garotinho que ficara inconsciente e apresentava um estado grave, por mais que estivesse repousando. Os dois "familiares" propuseram ficar ali, revezando a companhia dentro da sala cirúrgica, enquanto um descansaria em casa para o dia seguinte, e o médico por fim concordou, pois era bom o contato da família para a recuperação do paciente, ainda mais em um momento tão devastador.
- Bom, eu fico aqui, Jeongbyul, e você vai para casa... é melhor assim. - Juha não olhou em seu rosto mas disse de forma que o mais alto não percebesse que estava preocupado consigo.
- De modo algum, eu fico aqui com ele, você se esforçou demais hoje, por favor, hyung, não se sobrecarregue! - Alterou um pouco o tom de vez ao proferir as palavras para que o menor prestasse atenção em si, o que claramente fez efeito.
O mais velho olhou para si e meio que soltou um sorriso, daqueles cujo quando notamos que alguém está se tornando especial, pela preocupação contigo, afinal, Juha nunca teve este tipo de cuidado, sempre foi independente até mesmo antes de sua família virar as costas para si, por conta de sua sexualidade.
- Obrigado então... - Disse, em um tom quase como um sussurro, mas que foi logo absorvido pelo receptor da mensagem. - Te vejo mais tarde...
O maior sorriu e apenas assentiu, dando-lhe um abraço, seguido de um beijo no topo de sua cabeça, fazendo o menor corar levemente.
- Precisa que eu te leve em casa? - Proferiu, ainda mantendo o abraço.
- Não precisa, o garotinho necessita de mais atenção do que eu. Eu ficarei bem. - Disse, tentando manter a falsa impressão de ser seco, mas ao mesmo tempo soltando um tom mais suave de voz, aconchegando-se ao abraço ainda mais.
- Tem certeza? - O maior estava percebendo o quanto Juha estava necessitado daquele carinho, então decidiu provocá-lo um pouco, passando a mão por seus ombros, fazendo leves massagens.
- Nã... quer dizer, sim! É sério, para com isso. Precisamos dar todo apoio para ele... - Juha afastou-se ao proferir e manteve a compostura, ajeitando sua camiseta e seu cabelo, num ato de concentrar-se em outra coisa.
- Ok, você tem razão... então, mandarei uma mensagem para você, perguntando se chegou em casa em segurança, use meu carro. - Jogou as chaves para o menor que já se afastava lentamente.
Juha sorriu pelo ato do mais novo de confiar a ele a chave de seu carro, então apenas agradeceu e foi para o estacionamento, para enfim, adentrar o automóvel, seguindo seu caminho para casa.
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Consequências
RomanceSerá que o amor é só uma consequência? O mundo e seus acontecimentos são uma coincidência? Qual a razão disso tudo existir? As perguntas não cessam, pois, enquanto existirmos a dúvida é sempre constante, por isso, as decisões que tomamos, muitas vez...