XII

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- Afinal, seu amor irá me matar ou me tornar mais forte?

- Litller Flower.

- Experiência com minha Eu do passado? O que isso quer dizer? - pergunto confusa.

- Humanos reencarnam depois da morte, suas reencarnações podem acontecer em dias, meses ou anos. - Helena começa a explicar. - Se for em um curto espaço de tempo, a alma renasce apegada a sua vida passada, por lembranças, cheiros, sons, cidades ou até amores.

- Deixa eu ver se entendi, você está dizendo que reencarnei ainda conectada a minha vida passada?

- Isso. Creio que a experiência que teve com o ukulele tenha sido isso que acabei de descrever.

- Não tem como ter certeza disso? Ou sei lá, me desconectar com minha vida passada?

- Sim e não. - ela responde minhas duas perguntas rapidamente. - Se me deixar vasculhar sua vida passada e entender quem era, posso descobrir se o que presenciou foi mesmo uma experiência passada.

- Seu poder permite isso? - ela assente. - Uau, é inacreditável. Como fazemos para você conseguir ver minha vida passada?

- Preciso conectar meu sangue com o seu, e você precisa tomar um chá medicinal que fará você entrar em transe.

- Por quê?

- Para eu me aprofundar em seu passado, você terá que estar com a mente totalmente limpa, o chá fará isso.

- Certo, pode ser agora?

- Pode, mas já aviso que não sei quanto tempo irá durar, dependendo de quão fundo nas suas memórias eu terei que ir.

- Não me importo, essa ansiedade que está em mim só aumenta e a curiosidade também. Eu preciso de respostas.

- Bom, então vamos começar.

Mal tenho tempo para raciocinar, quando vejo Helena se locomover rapidamente. Em suas mãos haviam substâncias que eu desconhecia, apesar da minha curiosidade estar enorme, não quis encher minha mãe de perguntas. Seus movimentos eram hábeis, e isso me encantava.

De repente, Helena se vira para mim e sorri delicadamente.

- Pronta? - sua voz soou meio receosa.

- Sim. - afirmo. Quero que as perguntas que existem em mim, desapareceram.

- Antes de beber isso, me dê seu dedo. - ela se aproxima e em sua mão havia uma agulha. - Irei fazer um pequeno furo, ok? - assinto. - Se doer me avisa. - assinto novamente. Fecho os olhos e sinto uma leve dor em meu dedo indicador, como se tivesse sido picada por algum bichinho. Quando abro os olhos novamente, Helena pressiona seu dedo no meu. Sinto um leve amortecimento. - Beba o chá agora, Ally. - aceno e pego a xícara em minha frente, bebo tudo em um gole só. Canela, canela e gostos que não consigo identificar.

Uma leve sonolência me atinge, fecho os olhos.

Finalmente encontrarei as respostas que preciso.

нєℓєทα.

Allycia adormece em minha frente. Há um sorriso em seus lábios, ela queria isso e está feliz, meu coração se aquece.

Quero poder ajudá-la, não sei se contar meu passado de uma hora pra outra foi uma boa idéia. Eu vi o choque em suas expressões, mas mesmo assim não vi medo, insegurança ou qualquer julgamento. . . Só a surpresa.

Anjo Sombrio. Onde histórias criam vida. Descubra agora