─ Por que você nunca me contou, Tikki? ─ perguntei assim que entrei no meu quarto e me destransformei.
─ Não era conveniente. Você nunca chegou a perguntar. E nem a própria Ladybug soube! O Chat Noir descobriu um ano depois da morte dela e manteve isso em segredo, não quis contar à ninguém porque não quis assustar, mas, vejo que o objetivo dele não foi cumprido.
─ Você jura? ─ respondi, ironicamente. ─ E como raios a Emilie tá viva? Mesmo se ela não tivesse morrido em dois mil e quinze, ela deveria ter morrido de velhice, ou algo assim!
─ Essa é uma pergunta que eu não posso responder, sinto muito. ─ respondeu. ─ E, eu sei que você não tá bem, mas não precisa ser tão.. Agressivo.
Levei alguns segundos para perceber que havia elevado meu tom com ela, me senti um tremendo de um babaca, então a única coisa que eu pude fazer foi:
─ Ai, meu Deus! Me desculpa! Eu não queria falar desse jeito! Quer que eu faça alguma coisa pra compensar? ─ que tal macarrons? Não sei se vão ser tão bons quanto os da Marinette, mas... Eu posso tentar. ─ Ela abriu um sorriso.
***
Duas semanas se passaram, e seis ataques ocorreram, mas Emilie nunca mais apareceu. Kitto e eu havíamos acabado de vencer mais um sentimonstro, parecia a descrição da Rainha Vespa, mas não era ─ ou, pelo menos, eu esperava que não fosse ─ ela. E nem fazia sentido ser, já que o miraculous da borboleta estava seguro, então jamais poderia aumentar os poderes do da abelha.
Daquela vez, assim como as cinco anteriores, repórteres começaram a espalhar drones para filmar a gente depois da luta e começaram a lançar perguntas aleatórias, e nós reapondíamos todas as que podíamos responder.
Até que apareceu uma garota que aparentava ter a nossa idade ─ com isso digo entre dezesseis e dezessete, até porque Kitto era mais velho que eu ─, ela timidamente se apresentou como Alicia e perguntou se aceitaríamos fazer uma entrevista para o canal dela no YouTube ─ que é certamente a rede social mais velha de todas, usada por pouquíssimas pessoas ─, e obviamente aceitamos. Marcamos o dia e o lugar, e ver sua empolgação foi incrível.
─ Você foi bem hoje, Lord. ─ disse ele, ao ver que já nos encontrávamos sozinhos.
─ Digo o mesmo pra você, Kitto. ─ respondi, com um sorriso bobo. Por que eu era tão idiota? Qualquer coisinha me deixava todo vermelhinho e com vontade de gritar para JL, Kris e Andy sobre.
Nos despedimos com um abraço e cada um foi para um lado. O tempo passava rápido com ele por perto.
─ Você com o Kitto parece a Marinetre com o Adrien... ─ disse Tikki, não demorando para completar a fala: ─ Quero dizer, só na parte de não conseguir falar o que sente. Eu sei que é cedo para alguma coisa, mas olha... O jeito como você se enrola todo ma frente dele é bem fofo.
─ Cala a boca! Eu não me enrolo, não! ─ exclamei em resposta.
***
Chegado o dia da entrevista. Não estava nervoso, só não queria deixar de responder perguntas, o que eu provavelmente teria de fazer.
Alicia estava extremamente empolgada e havia preparado um belo cenário, com três poltronas, uma para mim, outra para o Kitto e mais uma para ela.
Sentei-me no lugar onde ela recomendou e esperamos o gato chegar, o que não demorou muito.
─ Bom dia, meninos! Muito obrigada por terem vindo! Significa o mundo pra mim! ─ exclamou Alicia.
Ela introduziu o vídeo com uma grande empolgação, dava para ver em seus olhos o jeito como estava feliz.
─ A primeira pergunta que eu gostaria de fazer é: vocês por um acaso acreditavam na existência dos miraculous antes de se tornarem heróis? ─ perguntou.
─ Eu não acreditava mesmo, mas gostava bastante de ler os diários da Ladybug, tenho cada um dos cinco livros na minha estante. ─ respondi.
─ Eu também, mas os últimos três livros eu tive que pedir emprestado porque eu não consegui pagar. ─ disse Kitto, intercalando o olhar entre mim e Alicia.
─ Que legal! Eu amo ler as aventuras de Ladybug e Chat Noir! ─ exclamou ela. ─ E como é a relação entre vocês e seus kwamis?
─ A minha é muito boa. Eu só fico com um pouco de dificuldade de encontrar os queijos que o Plagg gosta. Ele come demais e nunca consegue comer outra coisa. ─ falou Kitto.
─ Já eu, não tenho o mesmo problema. A Tikki come de tudo! E eu gosto muito dela, é muito bom porque é a única com quem eu consigo falar sobre a minha dupla identidade.
─ E como vocês lidam com a dupla identidade? Tipo, na vida real, são desconhecidos, a não ser que sejam como Adrien Agreste, mas, supondo que vocês não são; quando heróis, todos conhecem vocês, mesmo sem saber nada de vocês.
─ Essa é uma boa pergunta.─ começou o gato. ─ Eu ajo de forma levemente diferente quando sou herói, mas a minha personalidade não muda em nada. Não acho que seja um problema o fato de eu não ser famoso por trás da máscara, acho até bom, é como Hannah Montana, não sei se você vai entender a referência, mas o Lord claramente entendeu. ─ Com meus olhos brilhando de emoção, acenei com a cabeça.
─ Não entendi mesmo. ─ Disse ela, rindo.
─ Hannah Montana é uma série dos anos dois mil, onde a garota principal coloca uma peruca e fica conhecida como Hannah Montana, sem a peruca, ela é só Miley Stewart, e ninguém a conhece. Ela gosta de aproveitar o melhor dos dois mundos, o de uma adolescente normal e o de uma cantora mundialmente famosa. É basicamente o que acontece, pelo menos comigo. ─ disse ele.
Era difícil descrever o que estava sentindo naquela hora, a vontade de pedí-lo em casamento naquele momento era grande, mas certamente era algo que veio da emoção de ver alguém que gostava também de Hannah Montana. Aquele garoto era perfeito demais para mim.
─ É bem isso mesmo. ─ concordei.
─ Eu gostei da ideia da série. Vou procurar alguma forma de ver depois. ─ Respondeu, sorrindo. ─ E, não precisam responder se essa pergunta for muito inconveniente, mas eu também queria saber se vocês sentem alguma química entre vocês, e se... Tipo, em algum momento vocês acham que vocês namorariam. ─ Seria constrangedor demais se eu dissesse que sim? Obviamente seria. Então eu respondi o óbvio, ao ver que ele não se mexeu..
─ Acho sinceramente que não, Alicia. ─ Talvez nem tão sinceramente, mas isso seria algo que eu deveria guardar para mim.
─ Nem eu. ─ concordou ele, sorrindo. ─ Somos só amigos. ─ Aquele era o código Adrien Agreste? Ele estava usando o código Adrien Agreste? Ou eu estava ficando doido?
O resto da entrevista foi com um monte de perguntas engraçadas. O vídeo foi editado e postado no dia seguinte, e eu fui, obviamente, um dos primeiros a ver; esperei atingir trinta visualizações para assistir. Algumas horas depois, já estavam em mais de cem mil. E subia cada vez mais. Haviam muitos comentários de "eu queria que eles fossem um casal, como a Ladybug e o Chat Noir".
Fazia tão pouco tempo desde que nos tornamos heróis e as pessoas já estavam comparando a gente com os anteriores?
***
Era segunda-feira. Entrei na escola ao lado de Andy, encontrando, em poucos segundos, JL e Kris, que, como sempre, estavam praticamente grudadas uma na outra.
Um garoto novo havia entrado na sala. Ele era ruivo e tinha os olhos verdes. Era muito bonito, devo admitir.
─ Você é novo, não é? Qual é o seu nome? ─ perguntou a professora Raven ao entrar na sala pela primeira vez depois de duas semanas sem aparecer.
─ Eu sou o Cameron. ─ respondeu.
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Lembre-se de que nós existimos
FanfictionO quão reais as lendas podem ser? Alex nunca acreditou na existência dos miraculous, mas dois novos vilões o farão morder a língua.