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Jane

-Eu terminei com Pierre

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-Eu terminei com Pierre.- digo rapidamente e sinto os olhos de Felicity saltarem. -Você sabe que eu e ele sempre fomos apaixonados desde que éramos crianças e que eu sempre confiei nele com todo o meu coração, mas ontem...- respirei fundo para conter lágrimas e seguir com a história. Não! Não vou mais chorar por ele! -Ontem eu voltei pra casa, fui até a cozinha para fazer uma das coisas que eu mais gosto e vi minha irmã três anos mais nova deitada sobre a mesa da cozinha enquanto Pierre fodia ela.- digo as últimas palavras rapidamente e Felicity revira os olhos .

-Chega, já chega! Não preciso dos detalhes.- disse se aconchegando para mais perto de mim e me abraçando. -Você está bem ,J? - pergunta acariciando minha cabeça suavemente e por aquele segundo, eu me permito chorar em seus braços. Apenas naquela vez.

-Eu te chamaria para beber mas minha cota de álcool se esvaiu ontem a noite...- expliquei e ela coloca play no filme :"Halloween -A noite do terror" , o meu favorito!

Acho que esse é a primeira vez que me sinto leve e calma nas últimas vinte e quatro horas.

[...]
Hoje é terça , e oficialmente o dia de visitar minha mãe e fazermos os melhores cookies do mundo.

Apesar dos últimos acontecimentos ,ela adorava Pierre , porém serei totalmente sincera com minha mãe e não estou preocupada sobre como ela vai reagir.

O barulho da campainha toca e logo depois capto os fios loiros presos em um coque, junto com as orelhas enrijecidos e a pele enrugada.

-Mamãe.- lhe puxo para um abraço.

-Olá minha querida!- falou me apertando entre seus braços e eu entro na casa.
-Eu sei que a senhora adora brownies mas faremos cookies dessa vez ok?- perguntei nos dirigindo para a cozinha.

-Oh querida , minha diabetes grita sempre que me surpreende com surpresas adocicadas , tome cuidado Jane, não quer tomar insulina assim como eu e seu pai.-sibila e eu sinto meu estômago revirar.

Descobrir que tenho diabete talvez fosse um dos momentos mais difíceis da minha vida, eu sou apaixonada por sorvete, mas é hereditário então...

-Mãe, pré-diabetes não é diabetes tipo 02. Não fale assim. -justifico pegando os ingredientes para o cookie.

-Eu sei querida, estou ficando velha.- disse antes de se juntar a mim.

Mas eu não posso perdê-la.

Começamos a cozinhar e a energia do lugar se tornara tão leve e sútil que ... eu amo aqueles momentos com minha mãe, realmente amo.

Assim que colocamos os cookies de chocolate no forno ouço um barulho no andar de cima e logo após alguém desce as escadas.

Melissa.

Essa era a primeira vez que eu via minha irmã desde...sinto meu coração gelar e a memória dos corpos se chocando enquanto ouvia os gemidos abafados. Droga, não consigo falar com ela ,não hoje, ainda não.

-Mãe , estou saindo.- fala ela com os cabelos dourados soltos e só depois percebe minha presença. -Jane...

Eu não respondo, não porquê não quero , mas porque minha garganta trava .

-Está bem amor, eu e Jane fizemos cookies, quando você voltar pode comê-los. -mamãe disse tentando quebrar a troca de olhares imensa de mim e minha irmã , me arrependo de não poder falar toda a verdade para minha mãe.

-Certo, eu já vou.- finalmente a loura se retira e afasto os relapsos sobre aquele dia .

-Mãe, eu e Pierre...não estamos mais namorando.- comuniquei checando o forno.

-O que? O que aconteceu? Seu pai adorava ele. - sussurra e sinto dor em sua voz. Não desejo que ela sinta isso; eu não sinto.

-Eu sei mãe, mas , não estávamos dando certo mesmo então...- minto não podendo nem cogitar contar a verdade. -Eu vou ficar bem.

-Ótimo. Nunca em sua vida eu a perdoaria se chegasse ao fundo do poço por um homem.- disse apertando minha bochechas.-O que acha de devorar aqueles cookies?- pergunta sorrindo e eu não recuo.

Eu amo essa mulher. Minha mãe, a pessoa mais forte que eu conheço! Na verdade, antes de finalmente engravidar ela teve outro casamento, seu passado foi marcado por uma série de decepções em conseguir ter um filho, mas aí nós três viemos ao mundo e eu acho que ela nunca amou ninguém tanto quanto nos ama. Papai que me desculpe , mas é verdade.

Gosto muito do meu pai! Ele sempre foi um doce comigo e com Melissa, porém não posso dizer a mesma coisa a respeito de James; meu pai ajudou minha mãe sempre que ela precisava e eles estavam sempre juntos. São de fato, minha maior inspiração de história de amor.

[...]

Cheguei em casa e ainda volto para o momento em que vi Melissa. Sua expressão impassível e sem nenhuma emoção sobre nada, nem sequer parecia ter feito o que fez.

Eu sempre amei minha irmã com todo o coração. A segurei pequena em meus braços e foi um dos dias mais felizes da minha vida. Eu não sei o que a levou a fazer aquilo e nem sei quanto influência Pierre teve então...com tudo o que vi , não parece que haja um lado "correto" .

Droga esqueci da pintura de finalização do semestre !

Peguei tudo que ia usar em um local separado da varanda para não sujar a casa toda. A vista de Paris, a noite , era sensacional e servia de bastante inspiração.

Pense Jane, pense! O que vai pintar? Precisa ser genial e inovador.

Peguei meu tablet para anotar toda e qualquer ideia que viesse a minha mente, tenho tempo até precisar entregar isso mas , quanto antes iniciar , melhor.

Nessa tentativa falha , eu adormeci em cima de minhas anotações e acordo apenas quando vejo um nome piscando na tela do meu telefone.

-Ei,Jane ! Você precisa me dizer onde é seu apartamento! Estou correndo e gostaria de vê-la hoje. Acha que pode fazer um red velvet pra mim? Igual antigamente...- disse James apressadamente.

-Está correndo ás uma e quarenta e dois da manhã?- questiono com voz sonolenta e ouço um riso do outro lado.

-Estou indo para a academia na verdade, levantar um pouco de peso...para quê dormir Jane ? Farei isso quando morrer.- justifica e eu bufo

James e sua obsessão pela madrugada e atividades físicas que o fazem suar até passar mal.

-Eu não quero saber porquê você está indo para a academia uma hora dessas ou muito menos por qual razão quer o meu red velvet.- respondi ainda sonolenta

-Você deveria vir correr, está incrível, Paris é lindo!- disse como se já não tivesse vindo em Paris um milhão de vezes , moramos aqui desde bebês !!

-Adeus James. Tenha uma boa noite . Ou... boa corrida , tanto faz.- lhe corto e desligo pretendendo voltar a dormir novamente , quando outra vez o telefone toca . Sem nem olhar eu atendo , apenas para gritar com meu irmão.

-Olha só James, eu sei que você não precisa dormir mas eu...- começo irritada , mas ao ouvir ...
-Jane.- aquela voz me chama .

Pierre.

-Desculpe, eu achei ... achei que era o meu irmão.- justifico engolindo em seco , sem acreditar.
-Ei...eu preciso falar com você, por favor.- falou quase como um sussurro.
-Não quero falar com você.- respondo sentindo calafrios
-Por favor. Por favor me deixe dar-lhe um pedido de desculpas decente e explicar as coisas.
-Não quero falar com você.- repeti prestes a desligar mas , antes eu digo:- Me responda uma coisa... Valeu a pena?- a última parte saiu junto com o calor familiar e úmido percorrer minhas bochechas. O seu silêncio consentiu em resposta e de imediato eu desligo sem nem pensar.

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A Jane com o coraçãozinho mais partido do que nunca🥺

Xoxo,M.

Uma droga do amor (livro 04, da série :The elite of Paris) Onde histórias criam vida. Descubra agora