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Jackson

Estou a um dia inteiro no hospital

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Estou a um dia inteiro no hospital. O que não é nada mal, gosto de me ocupar o suficiente para nem sequer ter tempo para pensar em drogas. Algo que na reabilitação foi muito complicado, já que minha ocupação eram meus entediantes companheiros no serviço comunitário.

Gosto tanto de cirurgia plástica que poderia passar as próximas vinte e quatro horas em mais quinhentas cirurgias se pudesse, mas não posso, estou acabando um plantão de quarenta e oito horas e preciso de uma parada. Eu adoro me manter ocupado , porque com ou sem drogas sou uma pessoa extremamente energizada então preciso de algo para descontar as energias.

Talvez seja por isso que aceitei ajudar James na sua reforma, mas isso não explica porquê a irmã dele está em uma maca,sentada na minha frente agora. A linda e charmosa irmã de James. Jane, se não estou enganado.
-Ah...April, o que ela está fazendo aqui?- questiono para minha melhor amiga que examina o globo ocular da loura atentamente.
-Não é nada , só bebeu um pouco demais .- disse e percebo o sorriso alterado no rosto da garota. Céus, ela não está nada bem.
-Certo, acho que você está cansada demais do seu plantão, deixe ela comigo- pedi para a ruiva e ela me olha estreito.

Por alguma razão algo na mulher loira ,esbelta e radiante como o sol, me atraía.
-Você também está em um plantão, eu tenho certeza que posso cuidar de um pouco de gin com tônica. - justifica mas eu realmente queria muito assumir o caso da loira misteriosa que entra no meu carro sem me conhecer e que por coincidência é irmã do meu vizinho. Então pego o estetoscópio antes que ela possa prosseguir e April me olha com cara feia.
-Deixe comigo.- me coloco a examinar Jane. April apenas bufa e se retira.

-Com licença.-peço antes de colocar o estetoscópio próximo ao seu peito e sentir seus batimentos. A blusa era decotado , demais; e me repreendo por ter colocado as mãos nela.

No instante que olho para seu rosto , percebo os olhos imensos e azulados. São , de fato, hipnotizantes.
-Gin então...?- questionei curioso
-Me desculpe...o que?- se atrapalha e eu afasto o estetoscópio, nada de irregular, apenas bebida.
-Foi o que bebeu não foi?
-Ah, sim! Mas eu acho que precisava de algo mais forte.- suspira sorrindo e uau, que sorriso !
-Minha nossa, o que foi que te machucou? Ou pior , quem?- sorrio tentando não deixar a mulher a minha frente, nervosa. Lembro de ter ouvido de sua boca algo como um término...
-É, longa história.- justifica e me dá um sorriso enorme, mas não tinha o mesmo brilho de dias atrás, quando oficialmente lhe conheci no restaurante de seu irmão, não. Era um sorriso desfeito, triste e caído.
-Não faça isso. - peço e acho que a cabeça da loira se confundiu ainda mais. -Seu irmão...bem, ele é grudento e um puxa saco .-quando acabo de pronunciar a parte que diz respeito ao seu irmão, ela sorri de soslaio, aí está o sorriso ! Alegre e lindo.
-Bem ele é mesmo. E um bundão!- sibila e eu sorrio
-Então eu acho que te verei pela frente, na inauguração talvez ou algo do tipo.- digo e recebo um olhar instigante de curiosidade -Então não minta para mim.- falo e ganho um franzir de sobrancelhas.
-Olha desculpa,mas eu nem conheço você.

Bem, não conhece mesmo. Ainda.

-Não, mas eu só ...odeio mentiras.- jogo os ombros e fico atento quando ela cruza os braços em indignação.-Não me dê aquele sorriso de novo.- digo mas saiu como uma ordem.
-O que?- pergunta incrédula e pegando sua bolsa para sair dali.
-Eu só sou muito bom lendo as pessoas.

Todas as pessoas, menos ela. Jane era um mistério !
-Não a mim. E eu não acho que vá ver você nos próximos três meses com determinada frequência quanto você acha,Jackson.

Então ela lembra meu nome?

Lhe empurrei de volta para ela se sentar na maca mais uma vez.

-Não acabei.- respondo e me arrependo imediatamente. Ela me olha espantada e eu tossi para quebrar o constrangimento. - Me desculpe.- pedi e lhe encarei tanto que minha vista quase falha.

-Eu não deveria beber tanto assim.Felicity vai me matar.- sibilou e sinto o peso em suas palavras.
-Uma vez não vai te matar.- digo.

Porém, a verdade é que em 55% dos casos de acidentes de carro , acontecem por embriaguez, sem falar em overdoses . Tudo isso podendo ocorrer em questão de uma noite, quando eu disse que não mataria, é porque realmente tem uma chance de não matar, mas outras muito maiores de...

-Chega, acho que vou para casa.- mencionou puxando a bolsa novamente e sinto meus músculos tensionarem.

Não que seja de minha alçada mas...como Jane, bêbada e alterada , pretende voltar para casa? Dirigindo? Ou pior ainda, sozinha pelas ruas? Nem por cima do meu cadáver.

-Acho que seria melhor...- começo reunindo todas minhas forças para falar o que realmente irei falar.- Acha que eu poderia lhe ajudar? Posso deixar você no apartamento de seu irmão. Quer dizer, somos vizinhos... acho que não há problema...

Céus, por que caralhos eu abri a boca?

-Ah meu deus,isso seria ótimo! - pula de alegria e eu desconfio do álcool.
-Certo, deixe-me apenas finalizar seu prontuário e podemos ir.
-Maravilha!
[...]

Eu começo a me arrepender de ter oferecido ajuda. Nos últimos quinze minutos, a garota não parou de mexer no porta-luvas por um segundo.
-Certo, certo, já chegamos.- digo estacionando
-Droga, acho que não deveria ter vindo com você. James vai me matar.- respondeu e me arrependo ainda mais.
-Ele não vai gostar de saber que você está bêbada?
-Ele não vai se importar com isso, mas vai querer saber o motivo.
-Existe motivo por trás da bebida alcoólica?- perguntei e ela me olha calmamente. Porcaria! Ela vai com certeza me achar um alcoólatra agora. -Droga , não devia ter dito isso, soo mal. Me desculpe.- digo na tentativa de alguma comunicação . Seu olhar é de pura curiosidade e mistério ,eu me pergunto, em que ela está pensando agora.
-Todos temos problemas, não sei os seus mas não precisa se desculpar por isso.- disse com o olhar me prendendo incrivelmente. -Temos que ir.- ela sussurra abrindo a porta.

O elevador é calmo , e preenchido por um silêncio confortável.

Mas foi no corredor,quando ela sai primeiro e eu apenas lhe acompanho, quando vejo seu caminhar extremamente duvidoso pelo piso de porcelanato, quando ela para , se vira para mim e ficamos frente a frente, pela primeira vez, mais perto do que nunca.

-Obrigada.- ela sussurra, se voltando para a porta do quarto 111, o de seu irmão. Eu posiciono a chave em minha maçaneta e vejo ela recuar. Me pergunto o que diabos essa mulher está escondendo. Recebo um olhar de desespero e mistério.

Mas ela me dá -aquele -sorriso de novo e eu juro que quase posso cair duro no chão de alívio. Foi a primeira vez que ela sorriu pra mim.

_______________+____________
Aiai esses dois viu... 👀

Xoxo,M.

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⏰ Última atualização: Nov 23, 2022 ⏰

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