Regina avistou a irritante loira pela janela do restaurante e sentiu sua boca formar um pequeno sorriso de lado que estava tendo um costume de aparecer nos momentos mais inesperados recentemente. Seu estômago parecia que estava cheio de borboletas e esse sentimento vinha sempre com o sorriso a deixando com as pernas trêmulas enquanto ajustava a cesta de maças que ela estava carregando.
Ela estava surpresa mais feliz de encontrar a Xerife aqui essa hora, a única freguesa do que na maior parte do tempo era um restaurante bem frequentado, pedindo seu usual com canela que ela era gostava tanto. E por mais que seus nervos estivessem a flor da pele, Regina acolheu as novas sensações mesmo que a assustassem.
Depois que a maldição quebrou e Henry decidiu morar com a Miss Swan por um tempo, Regina se sentiu mais sozinha do que ela tinha se sentindo nos 18 anos antes dele chegar em Storybrooke e iluminar sua vida. E esse sentimento de vazio e frio era algo que, ela admitía, a aterrorizava. Mas agora tudo estava calmo e a improvável- ela se atrevia a chamar?- amizade com Miss Swan (Emma...) estava se desenvolvendo, agora que elas chegaram à um acordo com relação a moradia de Henry, que a seu próprio pedido, voltou a morar com ela metade do tempo, agora que tinham jantares em família e encontros de almoço e até peças de escola compartilhadas, tudo parecia diferente. Apenas o fato dela estar aqui, entregando suas preciosas maças que a Viúva Lucas tinha pedido provava isso. E essa diferença a aquecia em um jeito que ela nunca tinha sonhado que poderia.
Passando a mão para ajeitar seu cabelo que já estava perfeito, Regina hesitou, o tremor de seus dedos apontando as emoções que estavam a ponto de explodir. Ela se perguntou o porquê dela não mesmo ligar. Porque não ouviu a voz de sua mãe ressoando em sua mente, a repreendendo por ser tão fraca. Porque não sentiu suas paredes protegendo seu coração já muito danificado?
Talvez tenha sido por causa do raio de esperança que ela deixou se tocar no dia anterior. O último sopro para derrubar suas paredes, que já estavam lentamente derretendo com os constantes ataques de bondade de Emma. Os almoços entregues na mansão, um doce sorriso como agradecimento por ter cozinhado para a loira, a risada cheia e feliz durante um jogo de tabuleiro ou video game.
Emoção dançou em seu estômago e ela não poderia mentir e dizer que não ficou levemente chateada com a intensidade de sua resposta enquanto assistia a conversa fácil de Emma e Ruby, a amizade das duas tão natural que a fazia sentir um pouco até de ciúmes. Ou inveja. Regina não consia imaginar a si mesma tendo alguém com quem pudesse falar tão livremente, tão abertamente. Ou talvez ela pudesse imaginar e não tivesse ninguém, isso a machuraria muito mais. Entretanto, ela tinha que admitir, graças a Emma, ela sentia que talvez um dia estivesse dentro de seu alcance.
Uma vez no passado, a loira era seu pesadelo. A mulher que ela sempre temera, em mais jeitos que ela podia imaginar. Não apenas a Salvadora, criado com o propósito de quebrar a maldição que ela dara tudo para lançar, mas também a mão preferida, a que podia tirar dela a criança que ela amava mais do que tudo. Mas agora, quando a salvadora e mãe de seu filho entrava em seus sonhos, as visões eram tudo menos pesadelos.
As coisas eram diferentes entre as duas. Não mais tão incorfortáveis. Seus comentários maldosos ficaram amolecidos ao ponto de virarem quase uma brincadeira entre as duas que fazia com que o coração de Regina doer em um jeito que ela não conseguia explicar. Óbvio que suas conversas não eram tão confortáveis como a conversa que ela estava presenciando mas a morena pensou que talvez isso também estivesse ligado a tensão, algo bem forte no ar que tinha cheiro de mais, de esperar por mais, de que elas eram mais, que sempre estava presente em suas interações. O silêncio repentino que caia sobre elas enquanto tomavam uma bebida depois que Henry já tinha ido dormir, ou quando elas simplesmente passam mais tempo do que normal conversando quando se encontram no mercado (algo que Regina, desde da quebra da maldição, odiava fazer, mas mesmo uma antiga rainha tinha que comer, mas era menos horrivel quando encontrava a loira).
Não parecia que elas não gostavam da companhia uma da outra, o oposto na verdade. E isso, em combinação com as trocas de olhares, o fogo que ela via nos olhos verdes e tinha certeza que eram sentimentos enterrados e o estranho sentimento de borboletas dançando em seu estômago quando ela pensa ou vê Miss Swan, tudo isso fizeram com que ela deixasse se levar.
Se deixasse levar pelos pedidos de seu filho mas também por seu próprio desejo.
Então quando ela entrou na delegacia no dia anterior, o plano era bem simples. Ela descobriu que os nervos que não estava acostumada fazendo sua garganta ficar seca e sua voz quebrada fizeram a execução tudo menos simples. Ela tentou agir como se não fosse importante, até jogou uns comentários sarcásticos mais fortes que usual, mas Emma simplesmente sorriu seu sorriso bobo e perguntou, no seu jeito adorável, o que diabos ela queria. É claro que ela tinha, fiel à seu papel, reclamado da linguagem de mulher antes de responder. Sem olhar nos olhos verdes na sua frente por medo de ver rejeição (uma que ela claramente merecia devido à ser um pedido de último tempo) ela perguntou se Emma gostaria de passar o Natal com ela e Henry. E quando recebeu uma resposta afirmativa no mesmo segundo, ela precisou parar por minuto para saber se não ouviu errado. Ela corou enquanto lembra do desengonçado "Sério?" que ela murmurou e ficou feliz de pelo menos ter a clareza de adiconar que Henry ficaria satisfeito.
E então aconteceu, quando ela fez um movimento para sair da delegacia e parou na porta. As mãos quentes da Xerife seguraram seu pulso, a virando de volta para a loira. Seus olhos brilhando tão perto que ela quase deu um passo para longe. Mas la parecia estar grudada no chão, o contato entre as duas a fazendo sentir algo que ela pensou ter morrido há muito tempo. Então, quando Emma olhou para o visco pendurado em cima delas e deu um beijo um tanto quanto longo em sua bochecha, mais próximo de seus lábios do que apropriado – mas uma vez na vida Regina não teve coragem de reclamar da falta de etiqueta – algo aconteceu dentro dela. Algo pequeno mas com grande força. E foi como se todas as suas emoções corressem por ela ao mesmo tempo, Emma sussurrando um pequeno obrigada em seu ouvido, sua respiração acariciando sua pele, um arrepio lhe subiu a espinha.
E agora, um sorriso bobo em seu rosto, era impossível parar as sensações que a tomavam. Tanto que essa manhã, até Henry tinha perguntado o que estava acontecendo. Mas ele perguntou com um sorriso e relutantemente aceitou sua explicação de que o espírito natalino.
O sorriso se abriu ainda mais agora, o desejo de ouvir a voz da loira finalmente vencendo sua ansiedade enquanto ela entrava no restaurante. O peso e a dificuldade de carregar a cesta de maças em seu braço a deixaram apenas abrir a porta pela metade quando ouviu as palavras que a deixaram paralizadas.
"Tá brincado. Você vai passar o natal com a Rainha Má??"
Regina piscou. Machucou, sempre machucava ser chamada... E ela sempre sentiu que Miss Lucas era uma das habitantes mais aceitáveis para com ela. Mas acima de tudo, a mulher era a melhor amiga de Snow, ela não deveria esperar diferente. Ela respirou fundo e colocou a mascara de indeferença, uma resposta sarcástica na ponta da língua
''Rubes, o que você esperava? Essa é minha primeira chance de passar o natal com o menino, se passar tempo com a Regina é o preço que eu tenho que pagar então eu estou mais que disposta..."
Foi o som de uma dúzia de maças caindo no chão, rolando em direções diferentes, que interrompeu a sentença de Emma a fazendo paralizar e olhar em sua direção.
Seus olhares se encontraram e por um momento todos os anos de prática se provaram inúteis para que Regina aparentasse indiferença, então ela fez a única coisa que podia.
Ela virou e foi embora, seu nome sendo chamado chegando em seus ouvidos como um sopro, não era algo que queria parar e responder. Porque junto com seus maças, seu coração também tinha caído e quebrado.
Mais uma vez ela fora o preço a ser pago.
E dessa vez, ela finalmente admitira enquanto uma lágrima solitária rolava em seu rosto, ela tinha pensado, desejado, esperado... Dessa vez ela realmente queria ter sido o prêmio a ser ganho.
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Preço ou Prêmio |Finalizada|
Fiksi PenggemarRegina escuta algo que não devia, trazendo memórias e terrores de seu passado a tona, fazendo com que Emma tenha que lidar com as consequências de suas ações. Ou Regina é péssima de interpretação. Uma história em seis partes sobre o natal fora d...