Meu Diário de Memórias Póstumas

O que aconteceu?

Não aguento mais viver, não desse jeito, e pra falar a verdade deixei de acreditar que algo possa melhorar um dia já faz um tempo. Quando acontecer todos vão se perguntar o porquê, vão falar de ingratidão e do quanto eu era amado, mas só pra deixar claro, eu já acreditei em dias melhores, já fui um menino de ouro com um sorriso encantador e um jeito meigo e doce. Eu já fui uma estrela, já acreditei no amor e em outras dessas histórias de contos de fada, já acreditei que o mundo poderia ser bom, que a bondade sempre vencia no final, e como eu tava errado. A verdade é que gente ruim se dá bem sim, cansei dessas palestrinhas de auto-ajuda cheias de mentiras que vendem fácil, ta aí outra verdade da vida real, a verdade raramente vence a mentira, mentirosos se dão bem também, e muito.
Hoje eu só quis morrer umas três vezes, mas cada uma delas foi como se o fim realmente estivesse bem ali, na minha frente, prestes a me levar para um passeio. Não digam que a vida é boa ou que tudo vai ficar bem, eu ouço isso há anos e advinha, é mentira, mais uma daquelas que vendem fácil. Eu realmente tô na merda, patinando há anos sem sair do lugar, coberto por merda, tem merda por todos os lados, eu sou uma merda. Não tenho emprego, não tenho amigos e o que eu tenho é irmão do meu namorado, o que me faz pensar até que ponto nossa amizade não existe apenas por esse fator e se não fosse por isso, qual seria a probabilidade de sermos amigos, a resposta é zero, eu sei, ele sabe, não teria como, precisaria de muito acaso e um esforço enorme do destino, talvez eu até começasse/voltasse a acreditar em deus. Enfim, sem amigos ou quase, pra que ele não sinta que sou um amigo ruim, mesmo eu sabendo que sou, sem casa, sem futuro, sem esperanças e com um relacionamento bem difícil e instável, dois na verdade, um com minha mãe e um com meu namorado. Tudo me faz querer morrer, por que nada dá certo e nem vai dar. Eu só não queria magoar eles, mesmo que eu ache que não me pertencem verdadeiramente, ainda assim não quero deixá-los mal, pensar na dor que vou deixar para trás me deixa ainda pior, na verdade é o que me faz chorar, porque com o resto eu já me conformei. Eu literalmente não parti dessa pra melhor, ou pior talvez, por não querer fazê-los sofrer, sou um completo fudido mesmo.
Hoje eu tava vendo a sexta temporada de Teen Wolf, onde um vilão faz com que as pessoas desapareçam, assim como todas as suas coisas materiais e também a sua presença na memória de todos que a conheciam. Eu achei isso inovador demais, se eu pudesse mandar uma mensagem pra esse cara, eu encomendaria minha morte pra ontem, esse seria o fim pro único empecílio que me impede de ir um passo além. Parando pra analisar esse tipo de analogia foi que eu percebi que tô bem pior do que imaginava, eu só queria assistir minha série em paz porra, é pedir demais? Sim, é!
Okay, se passaram algumas horas desde os relatos acima e eu tô um pouco melhor, passei um tempo com minha família e com meu namorado e vou aproveitar pra falar sobre uma coisa que quase ninguém fala ou que pelo menos eu nunca ouvi ninguém com pensamentos suicidas falar. Eu morro de medo de morrer. É estranho mas é verdade, pensando agora a ideia de morrer ou antecipar minha partida por conta própria me deixa morrendo de medo. Eu sempre fui assim, sempre tive muito medo da morte e do esquecimento, e isso torna tudo ainda pior, o que foi necessário pra que alguém como eu implorasse pelo fim. Tudo o que eu sempre quis foi crescer, me tornar alguém importante e famoso, além de podre de rico. O que aconteceu pra que isso se transformasse no desejo único e soberano de pular do topo do prédio mais alto da cidade. Bom, é o que eu espero descobrir, mas pra ser sincero, acho que não vou, não há tempo.