Tristeza

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Toto tinha certeza que já tinha superado aquela situação.

Passada a negação, a raiva, a barganha e a tristeza, ele finalmente estava aceitando que o que tinha acontecido entre ele e Y/N era coisa do passado.

Meses que ele jamais esqueceria, mas que jamais voltariam.

Porém, ele teve uma surpresa completamente desagradável no segundo dia de testes em Barcelona quando, ao passar pela hospitalidade da Red Bull, viu um sorriso familiar através da janela. A visão fez Toto parar no meio do caminho, não acreditando no que os próprios olhos estavam vendo.

— O que ela está fazendo aqui? — ele balbuciou.

— Ela voltou pra Red Bull — Bradley respondeu baixinho.

As mãos de Toto estavam por toda parte.

Não havia um centímetro do corpo de Y/N em que ele não tinha tocado enquanto ela o cavalgava, os olhos brilhando de prazer enquanto a assistia movimentar os quadris lentamente. Parecia que a semana que eles tinham ficado separados por conta da corrida no Brasil tinha durado uma eternidade. "Mas agora estou em casa", ele pensou, antes que ela se inclinasse para frente e capturasse seus lábios num beijo carregado de desejo.

— Você vai me enlouquecer, Schatzi — Toto ofegou, colocando uma das mãos na nuca dela.

— Não antes de fazer você gozar, chefe — Y/N sussurrou com um sorriso travesso, enquanto se erguia novamente, buscando apoio no abdômen dele para aumentar o ritmo dos seus movimentos. Ele respondeu com um grunhido ininteligível, mordendo o lábio inferior com força.

Ela seria o seu fim.

Toto olhou para o diretor de comunicações da Mercedes com uma sobrancelha erguida.

— Você sabia disso?

O homem olhou para ele com uma expressão assustada.

— Sim — ele respondeu baixinho.

— E não pensou em me contar?

Bradley suspirou.

— Eu não queria te deixar ainda mais...

— Abalado? — Toto completou, olhando para o homem ao seu lado, que se limitou a acenar positivamente com a cabeça. Virando o rosto de volta para a Hospitalidade, ele percebeu que Y/N não estava mais ali. "Droga", ele pensou, passando a mão pelo cabelo escuro.

Largado de qualquer jeito no sofá, as garrafas de cerveja se acumulavam em cima da mesa de centro da sala. O som de uma balada melosa dos anos 80 ecoava pelo ambiente. Toto tomou mais um gole de bebida antes de largar a garrafa no chão e pegar o celular que estava abandonado ao seu lado.

Na tela, o sorriso de Y/N o cumprimentava toda vez que ele ligava o aparelho. Toto até tinha pensado em trocar, mas, toda vez que ele tentava fazer aquilo, algo no seu peito pedia para que ele parasse.

Desbloqueando o aparelho, quase inconscientemente, ele foi tocando na tela até chegar nas mensagens que ele tinha trocado com Y/N durante todo o período em que estiveram juntos. Conversas sobre a vida, trabalho, amor. Sobre eles.

Abrindo o teclado, ele começou a digitar vagarosamente.

Quando ele se deu por conta, tinha escrito três palavras.

Sinto sua falta.

O polegar flutuou em cima da tecla de enviar.

"Não", ele pensou, desligando a tela do aparelho e jogando ele num canto, pegando novamente a garrafa de cerveja e tomando mais um gole.

ArrependimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora