Touch the Rain

Prólogo

Em meio aos arranha-céus de pedras, existiam campos silvestres que Amylee sentia-se a vontade para estar. Ela precisava daquela dose de esperança diária que continha em andarilhar sem rumo e encher os pulmões com o ar puro misturado ao leve aroma de lavanda, flores essas que se espalhavam por toda parte, deixando apenas um caminho fino com pequenas pedras para se passar.

As terras altas sempre foram desniveladas, não o suficiente para esconder os grandes castelos, fortalezas e propriedades que ela jamais ousaria passar por perto, exceto quando se fizesse extremamente necessário. E em meio às nuvens e neblinas corriqueiras é possível ver as pontas das torres arranhando o céu. Mesmo distantes uma das outras, era possível se ver há quilômetros de distância. E entre esses lugares peculiares é onde a jovem passa toda sua vida confortavelmente protegida por quem a ama.

Artesãos, famílias, crianças, camponeses, bichos e tudo o que se formava um vilarejo, incluindo a miséria, envolviam a vida de Amylee. Entretanto, Amylee não trocaria a sua realidade por outra, nem mesmo em sua maior façanha trocaria os seus segredos para se viver dentro daquelas paredes frias e muito ilusórias. Preferia permanecer-se perto das aconchegantes fogueiras que seu pai lhe fazia em noites de intenso inverno, aceitando as dificuldades e convivendo com o trabalho árduo que se dividia entre seus familiares conforme fosse preciso. De certa forma agradecia aos seus pais por ter sido agraciada com mais quatro irmãos, sendo a única mulher.

A primogênita da família pôde por apenas dois anos viver uma tranquila infância sendo única entre o casal recém casados, mas nunca deixara de ser mimada e correspondida aos seus caprichos fáceis. Suas responsabilidades são normais, como qualquer outra mulher possui dentro de uma casa onde a força masculina vence, exceto pela habilidade que Amylee tem com ervas e a natureza de uma forma geral, a senhora Judd jura de pés juntos que esse dom veio direto de sua linhagem e se orgulha.