SELEÇÃO. hyunin (em hiatus)

06 | desenho livre

황현진

Hyunjin foi até a sua sala favorita do castelo em busca de um pouco de paz, algo que sua mente não estava o dando desde que Yeji falou as palavras "Eu tenho um encontro com o Jeongin" há alguns dias atrás. Sua irmã havia falado aquilo de forma tão alheia ao que realmente estava acontecendo. Todos estavam alheios. Mas ele não deveria se importar, certo? Jeongin era um selecionado, é claro que ele iria em encontros com a Yeji. Não havia nem porquê Hyunjin ligar para aquilo.

Era como se ele vivesse em uma bolha quando estava com Jeongin. Ele esquecia que outras pessoas também faziam parte do dia a dia do Yang, e esquecia que ele ia em encontros com sua irmã. Poxa, sua irmã ainda. Mas ele não estava incomodado. A parte do seu noivado era compreensível ele querer excluir daquela bolha, mas por que ele esquecia que Jeongin era um selecionado? Era como se ele não quisesse que ele tivesse qualquer relação romântica com sua irmã. Mas aquilo não o incomodava. Seus sentimentos estavam um pouco confusos desde que ele sonhou que eles quase haviam se beijado há alguns dias atrás. Era só isso, não era?

De qualquer forma, quando Yeji disse aquilo, ela estourou a sua bolha. Mas não era nada de mais, ele só precisava aceitar que havia uma possibilidade de futuramente Jeongin ser seu cunhado. Jeongin sendo seu cunhado? Aquelas palavras não encaixavam direito na mente de Hyunjin. Era como se uma vozinha irritante gritasse "O Jeongin vai ficar com a Yeji" repetidamente dentro da sua cabeça.

"O Jeongin está em um encontro com a Yeji"

"O Jeongin está rindo de algo que a Yeji falou"

"O Jeongin está beijando a Yeji"

"O Jeongin está se apaixonando pela Yeji"

"O Jeongin vai casar com a Yeji"

Ah! Mas que irritante! Era normal um garoto ficar com ciúmes de seu amigo com sua irmã. Claro que era. Hyunjin suspirou pesadamente, tentando afastar todos aqueles pensamentos. Por que diabos ele estava tão incomodado com aquilo? Não é como se ele quisesse namorar Jeongin no lugar de Yeji. Ou talvez era.

Ele arregalou seus olhos com aquele pensamento. Não. Não era aquilo. Não podia ser aquilo. Não era porque Hyunjin sentia ciúmes que ele queria ter algo com ele. Ele tinha ciúmes porque ele achava Jeongin legal, era bom passar tempo com ele, e só o incomodava pensar que ele estaria sendo legal daquele jeito para outra pessoa. Mas não que ele não pudesse ser legal com outras pessoas, é que ele não gostava de pensar na ideia de ele estar gostando de outra pessoa do jeito que Hyunjin gostava dele, mas não era um jeito apaixonado. Não é porque achava que Jeongin tinha aquele sorriso perfeito e aqueles olhos cativantes que Hyunjin estava apaixonado. Aquilo nem fazia sentido.

Ele nem podia gostar de Jeongin, quando a seleção acabasse ele iria embora do castelo e eles não teriam futuro juntos. E Hyunjin estava noivo. Noivo. Ele olhou para o seu dedo anelar ainda vazio pensando nisso. Fala sério. Hyunjin pegou algumas folhas e um lápis para desenhar. Aquilo o acalmaria por enquanto.

Mas o que ele poderia desenhar? E por que Jeongin era a única coisa que vinha em sua mente? Ele revirou os olhos e começou a olhar a sala ao seu redor. O dia ensolarado iluminava a sala, e ela tinha muitas coisas melhores para serem desenhadas. Mas Hyunjin não conseguia escolher nenhum objeto, nenhum deles parecia bom o suficiente. Nos seus anos de prática, ele já devia ter desenhado praticamente todas as decorações daquele lugar.

Ele podia pintar em mais um livro. Mas Jeongin o daria outra bronca se descobrisse. Mas ele não devia se preocupar com isso.

Quer saber? Ele faria um desenho livre.

Começou a traçar o lápis pelo papel, seu maior foco sendo relaxar e pensar em coisas que o relaxavam. Aquela sensação era boa. O barulho do lápis passando pelo papel era bom de se ouvir. A vista pela janela, qual ele não conseguia enjoar, era linda.

Tudo estava bem. Bem até demais. Então ele olhou para baixo e viu que o seu desenho estava tomando uma forma. Ou melhor, uma forma de alguém.

Que merda! Tirou a folha de seu caderno de desenho, amassou-a e deixou-a de lado.

O mesmo aconteceu com as suas próximas duas tentativas de desenho. Todas tinham algum traço de Jeongin estampado nelas. Ele lembrava de Jeongin até na raposa que havia tentado desenhar pensando no porquê os olhos dele eram tão lindos.

Cansado daquilo, ele se levantou, andou pelo castelo, pegou o primeiro vaso de flor que achou aceitável e levou-o até a sala. Aquele seria seu foco a partir de agora.

E deu certo. Pelos próximos minutos, ou horas, ele se concentrou em desenhar aquele vaso em sua frente. Depois de pintar com aquarela, ficou até que satisfeito com o resultado. Mas quando foi que a lua havia aparecido no céu?

— Oi. — ouviu uma pessoa dizer de cima do sofá, já que, novamente, ele estava sentado no chão usando a parte de trás do sofá como apoio. — Eu pensei que eu te encontraria aqui atrás.

Aquela voz. Aquela pessoa. Ele não sabia se ficava feliz ou desesperado.

— Oi. — Hyunjin respondeu olhando em volta. — Que horas são?

— Sete horas e alguma coisa, eu cheguei no castelo faz um tempinho já. — Jeongin respondeu. — Você estava desenhando?

O príncipe murmurou uma resposta afirmativa e mostrou o desenho da flor em seu colo.

— Que lindo. Eu já falei que adoro os seus desenhos? — brincou. Ele já havia dito aquilo, muitas vezes. — E esses amaçados?

Jeongin pegou uma das bolinhas de papel no chão e o desespero tomou conta de Hyunjin. O que ele pensaria se visse aqueles desenhos? O selecionado começou a abrir uma delas, e apenas teve a visão de um cabelo e um olho. Mas aquele olho era conhecido por ele. Conhecido até demais. Como se ele visse aquele olho toda vez que se visse no espelho. Então Hyunjin estava o desenhando? Aw, aquilo era fofo. Ele gostou de saber que Hyunjin o considerava tão amigo assim, ao ponto de pensar nele mesmo quando ele estava longe. Mas logo teve o papel arrancado de sua mão bruscamente.

— Não é nada. — disse tirando as outras duas bolinhas dali de perto. Jeongin abriu um sorriso. Será que ele também estava nas outras bolinhas? Hyunjin viu o sorriso surgindo em seu rosto e sentiu seu rosto ferver. Ele daria de tudo para poder controlar a sua corrente sanguínea naquele momento e não deixar que seu rosto ficasse vermelho. Jeongin, por outro lado, viu a cor tomando conta do rosto do príncipe e questionou-se internamente se era comum ficar vermelho por conta de um amigo. Se fosse, Hyunjin devia o considerar um amigo muito querido, não é?

Mas, não, não era normal ficar assim por causa de um amigo. Ah.

Ahh.

Será?

— Ahh, deixa eu ver. — insistiu, agora ele sentia a necessidade de vê-los para confirmar suas hipóteses malucas de sua cabeça.

Mas Hyunjin não sabia das hipóteses malucas. Ele nem sabia que Jeongin havia visto o primeiro dos desenhos. Mas Jeongin nunca poderia ver nenhum dos outros!

— Não! — Hyunjin tentou pegá-la de volta, mas Jeongin afastou a mão que a segurava e se inclinou um pouco no chão, fazendo Hyunjin ficar inclinado quase em cima dele pelo desespero de botar a mão naquele bendito papel.

O espaço entre seus rostos era pequeno, tão pequeno que Hyunjin podia sentir a respiração do mais novo batendo em sua pele. Ele havia passado a tarde toda pensando nele, e agora ele estava ali, tão perto, com aquele sorriso bobo no rosto. Aquele sorriso bobo de quem havia feito aquilo de propósito. Aquele sorriso que não sairia da mente de Hyunjin tão cedo.

O Hwang não queria sair dali. Não depois de enxergar que ele realmente estava apaixonado pelo selecionado. Não depois de sentir um frio gostoso na barriga. Mas precisava.

Ele aproveitou que Jeongin havia se distraído e tomou o papel de sua mão, voltando a se sentar na posição original. Jeongin se sentou ao seu lado.

— Você fica fofo com as bochechas vermelhas. — o mais novo falou em um tom parte provocativo parte sincero.

Ele sabia que havia sido o motivo daquelas bochechas vermelhas. E ele sabia que Hyunjin sabia disso.

— Idiota. — Hyunjin disse rindo de leve e empurrando de leve a perna de Jeongin, que sorriu.

Pelo menos Jeongin não havia visto o desenho. Ou pelo menos era isso o que ele pensava.

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