Julho de 1995. Bill Weasley se prepara para abandonar uma vida de aventuras no Egito por um emprego burocrático na Inglaterra. Apesar de seus amigos mais próximos terem encarado aquilo como um sinal de loucura, naquele momento precisava ficar próxim...
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20/07/1995
Bill seguiu o velho amigo, ainda um pouco confuso. A não ser por esfinges, não costumava gostar muito de enigmas, principalmente quando sua vida não dependia da resposta correta. Ainda assim, colocou seu melhor sorriso no rosto, mesmo que Ivor soubesse o quão irritado ele estava, e o acompanhou como se realmente estivesse interessado em receber informações importantes de alguém que mal sabia falar inglês. Por mais que estivesse acostumado a conviver com pessoas falantes de outros idiomas, geralmente recorriam ao Feitiço Tradutor para passar informações sensíveis, como qualquer pessoa minimamente razoável faria.
Foi conduzido até uma porta discreta na parede direita, com uma placa que dizia "Serviço de Inteligência Interna". Sentiu um arrepio percorrer a espinha, como se o seu corpo subitamente percebesse o quão sério tudo aquilo era. Mas quando Ivor abriu a porta, o interior da sala não era o que esperava. Era grande, é claro, mas estava ridiculamente vazio, exceto pelas duas únicas escrivaninhas posicionadas próximas uma da outra. O papel de parede era de um creme muito claro, perfeitamente imaculado, e o chão simulava madeira escura, sem carpete. Tudo impecavelmente limpo, sem manchas ou sujeiras, praticamente o sonho da senhora Weasley.
Uma das escrivaninhas era grande e de mogno, com uma confortável poltrona de couro escuro, e algumas penas exuberantes milimetricamente alinhadas. A outra era menor e mais discreta, com um tampão de vidro, preenchida por algumas penas coloridas, frascos de tintas, um pequeno amontoado de pergaminhos e uma estatueta de um filhote de coelho. A mulher sentada atrás dela levantou-se e andou rapidamente em sua direção, fazendo com que se esquecesse momentaneamente como respirar. Ele simplesmente não podia acreditar em seus olhos.
Ela parecia bem diferente sem o uniforme de seda azul-claro ou o seu vestido do Baile de Inverno, mas a combinação de calças laranja-escuro com um grande casaco preto lhe caía tão bem quanto - se é que existia algo naquele mundo que não ficasse bem nela. Os seus longos cabelos prateados lisos estavam presos em uma trança e também havia surpresa em seus olhos azuis quando reconheceu Bill, mas ambos continuaram agindo como se nada tivessem notado.
— Bill, essa é sua estagiária, Fleur Delacour. — Ivor apresentou-a com um sorrisinho no canto do lábio, antes de fazer um gesto para a garota. — Esse é o seu novo chefe, William Weasley. Tenho certeza que formarão um ótimo time.
Bill hesitou por um segundo, inseguro. Estava acostumado com o modo como as coisas funcionavam no Egito, e lá, um homem não cumprimentaria uma mulher que não tivesse intimidade, devendo esperar o primeiro movimento e deixá-las impor seus limites. Era uma regra que tanto bruxos quanto muggles seguiam. No Ocidente, por outro lado, ficar parado encarando a garota seria certamente muito estranho. Antes que alguém pudesse perceber sua confusão, abaixou a cabeça rápida e respeitosamente, não se movendo.
— C'est un plaisir de vous revoir, mademoiselle Delacour.
— Será bom trabalhar com o senhor, monsieur Weasley. — Fleur deu um sorriso cintilante, se atrapalhando um pouco com as palavras, e lhe estendeu a mão.
