Capítulo Seis: Mercado.

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Bill passou o resto de seu expediente preso em uma reunião com Henry e Djoser, enfurnados no Gabinete da Chefia. Não escondeu nenhum detalhe, nem a momentânea perda de compostura de ambos - por mais que não gostasse de pensar nessa possibilidade, Fleur poderia relatar a situação para um deles mais tarde, e não queria que pensasse que estava agindo às escuras de maneira impulsiva quando tinha acabado de ganhar uma grande carta branca. Nenhum dos mais velhos pareceu confortável com o ocorrido, mas parabenizaram Bill por não permitir que as coisas tomassem aquele rumo. Tinha conseguido extrair uma ou outra informação adicional de Percy também, mas nada substancial o bastante.

O próximo passo óbvio para ele era analisar os artefatos, mas estavam fora de alcance até a reunião com Griphook, no início da próxima semana. Tentaram debater algumas possibilidades com que Bill já tinha, mas até o momento, o máximo que conseguiram foi delimitar melhor as lacunas. Sentindo sua cabeça latejar, o ruivo foi liberado quase uma hora depois de seu horário, e retornou a sua sala com certa frustração, pensando que ainda teria que comprar alimentos, o que significava que precisaria descobrir um mercado e lembrar sozinho como chegava ao prédio.

Pelo menos foi o que achou até entrar novamente em sua sala para pegar sua mochila, e encontrou Fleur Delacour calmamente sentada em sua mesa, ainda escrevendo um relatório, tão absorta que nem notara sua presença.

一 Sabe que pode entregar isso amanhã, não? 一 Bill a questionou em um tom suave, tentando não rir quando a mais nova deu um pulinho na cadeira.

一 Desculpe-me, estava esperando o senhor retornar. 一 Fleur parecia tão envergonhada que, se sua parte veela não impedisse, tinha certeza que estaria corada. Ela fechou o tinteiro e lentamente começou a arrumar sua mesa, tentando evitar olhá-lo diretamente. 一 Tinha comentado mais cedo que precisava passar no mercado...

一 Fleur, você não precisa ficar até depois do seu horário de trabalho por minha causa. 一 Bill agora estava se sentindo culpado.

一 Não me incomoda, passo a maior parte do meu tempo livre sozinha e já terminei a maior parte dos meus livros. 一 Fleur deu de ombros, terminando de guardar suas coisas. 一 De qualquer modo, quem sabe você não me ensina a usar isso?

Ela entregou para Bill um pequeno pedaço de plástico verde escuro com um cavalo preto estampado, alguns dígitos quadrados quase incompreensíveis em prateado. Tradicionalmente, o Gringotts Bank dava aos funcionários um auxílio alimentação razoável, que poderia ser pago tanto em galeões quanto em dinheiro trouxa, em uma parceria com um banco em que eram acionistas - também havia a opção de converter até quarenta e cinco por cento do salário em dinheiro trouxa, utilizando a cotação do dia do pagamento.

Já estava familiarizado com aquilo: desde seu primeiro ano no Egito, Bill se virava apenas com o auxílio alimentação e os quarenta e cinco por cento do salário, tendo cadastrado o cofre de seus pais para receber o salário em galões. Quando precisava, sacava uma quantia alta e trocava diretamente na filial do Gringotts Bank do Cairo, ou simplesmente pegava emprestado com Auguste e pagava a conta dele em um dos bares clandestinos trouxas para o qual o mais velho sempre o arrastava. E era justamente por ter lidado com um cartão por tanto tempo que tinha certeza que a francesa nem sabia por onde começar.

一 Você já desbloqueou? 一 Bill perguntou despreocupadamente.

一 Como assim? 一 Fleur perguntou, confusa.

Bill riu, sem saber exatamente por onde começar. Quando Djoser o explicou, achou que o amigo estava ficando louco. Como poderia explicar que ela precisaria enfiar aquele plástico em uma caixa de metal e apertar os botões até conseguir criar uma combinação de números para senha? Olhou o relógio, frustrado. Certamente, a maioria das agências bancárias já estariam fechadas.

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