Capítulo 02

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Steve Harrington Pov.

Eu estava hiperventilando. Um garoto tinha me beijado. Não qualquer garoto, Eddie "O esquisito" Munson tinha me beijado. Não sabia o que fazer, não sabia o que sentir. Aproveitei que o expediente já tinha acabado e fui direto a casa de Robin.

Minha boca ainda formigava pelo toque do garoto e Céus! Eu Estava tão apavorado. Se meus pais soubessem de algo assim eu estaria morto, seria desertado.

Cheguei na casa de Robin e apertei a campainha repetidamente. Escutei um "Já vai" e em poucos segundos a porta se abriu.

- "Robin!"

- "Por Deus Steve! Você tá bem? Vem entra vou pegar uma água pra você.

Eu entro na casa da minha amiga e me sento no sofá, vejo ela traz um copo d'água e me entrega. Bebo a água tentando me acalmar.

- "O que aconteceu?" - Me pergunta preocupada e coloca a mão sobre a minha.

- "Eubeijeiumgaroto" - Murmuro rápido e ela me olha com uma sobrancelha levantada. - "Eu beijei um garoto." - Repito dessa vez mais devagar.

- "Oh, Steve..."

- "Robin, e-eu não sei... meus pais eles são muito tradicionais, se eles decobr-" - Ela me abraça e não consigo segurar as lágrimas.

- "Ei, ta tudo bem Steve." - Diz fazendo carinho no meu cabelo. - "Okay? Não pensa nos seus pais agora. Pensa em você, como você se sente?

Suspiro olhando pra ela. - "Eu não sei...eu deixei ele lá, sozinho, no meio do estacionamento..." - A garota apenas me olha ouvindo atentamente. - "Eu me assustei porque eu quis...eu quis beijar ele de volta. Então o empurrei e fui embora.

- "Não há nada de errado em beijar um garoto Steve." - Responde e eu apenas olho pro chão. - "Você acha que eu nasci errada por gostar de garotas?"

- "Não! De jeito nenhum." - Digo antes mesmo dela terminar a frase.

- "Então porque se cobra tanto? Steve, a gente já teve essa conversa antes..."

- "Eu tenho medo Robin, meu pai ele...você sabe."

- "Sei. Mas você não pode viver assim! Isso não é viver Steve."

- "Posso dormir aqui hoje?"

- "Claro que pode." - Sorri pra mim e eu agradeço.

Eu gostava de garotos também. Descobri isso no ensino médio, mas me negava a aceitar. Meu pai já havia dito que "gente assim é doença" e que se ele pudesse mataria "essa raça pecadora". Nunca concordei com isso, afinal, todo mundo deveria ter o direito de amar quem quisesse.

Ainda me lembro do dia que Eddie Munson entrou na minha turma. Ele era diferente, o cabelo era raspado e não tinha as tatuagens de hoje em dia. O garoto parecia tão assustado, ficava o tempo inteiro com fones no ouvido. E eu o achei tão interessante, mas não sabia o que se destacava em Eddie.

Descobri que gostava dele quando tive um sonho, daqueles que você acorda molhado. Então tive certeza. Fiquei apavorado com a ideia de gostar de garotos. Porra! Eu era o "Rei Steve", poderia ter qualquer garota que eu quisesse. Mas a pessoa que eu queria, eu não poderia ter porque todos iam comentar sobre.

Foi nessa época que comecei a me realacionar com Nancy, e eu realmente me apaixonei por ela. Achei que tudo aquilo com Munson finalmente tinha passado, que eu só estava confuso. E então veio Billy, eu me sentia estranho em relação a ele, não era igual Eddie mas eu sabia que estava começando a gostar de outro garoto. Nessa altura eu não podia negar que achava garotos atraentes.

Billy sofreu um acidente de carro e infelizmente não sobreviveu mas desde então eu não havia mais sentido isso por  nenhum outro homem. Me formei e raramente via Munson. Tudo estava resolvido.

De repente, recebo um carta e tudo volta, como um furacão bagunçando tudo que eu já tinha organizado. Estava deitado num colchão ao lado da cama de Robin e algumas lágrimas solitárias caiam pelo meu rosto, eu não escolhi ser assim...

[...]

Alguns dias tinham se passado desde o ocorrido com Eddie e resolvi mandar uma carta pra ele dizendo para nos encontrarmos no ferro velho. E aqui estava eu há uns vinte minutos esperando ele chegar, pensei em ir embora quando escutei passos.

- "Munson? É você?" - Digo olhando para os lados.

- "Não. É o Papa." - Responde saindo de trás de um ônibus. - "O que você quer Harrington?"

- "Olha, me desculpa por aquele dia..." - Começo, e ele senta num capô de um carro. - "É complicado pra mim okay? Eu não queria ter te empurrado."

- "Então por que fez?"

- "Eu estava com medo, apavorado na verdade. Eu gosto de garotos também..."

Ele levanta a sombrancelha e se aproxima de mim. Eu me afasto e ele recua.

- "O que você quer então?" - Pergunta frustado se sentando novamente.

- "Eu não sei... você vai rápido de mais pra mim." - Respondo me sentando do lado dele.

- "Eu não posso investir em alguém que não sabe o que quer Steve. Você entende isso?"

- "Eu quero ficar contigo, só...Eu não sei a quanto tempo você sabe que gosta de garotos, mas pra mim isso tudo é muito novo." - Digo colocando minha mão perto da dele.

Munson me olha, analisando cada parte do meu rosto. Suspira e coloca a mão sobre a minha.

- "Parece que vou ficar na seca por um tempo então." - Diz com deboche que só Eddie Munson conseguia ter. Apertando minha mão e me puxando pra um abraço.

- "Não totalmente, eu posso te ajudar em algumas coisas." - Digo e ele sorri surpreso.

- "Sua bipolaridade me assusta Harrington." - Ele ri e eu o acompanho.

Passamos um tempo em silêncio apenas sentindo a presença um do outro, observando o sol de por. Miro os olhos de Eddie e sorrio.

- "Ei."

Ele me olha. - "Oi."

- "Eu te amo. Só pra caso não tenha ficado claro. Eu sei que te amo desde quando você entrou na sala de aula com seus fones de ouvido, todo quieto e estranho."

Ele ri com o final da minha frase. - "Eu também te amo Steve. Nem sei quantas vezes eu ja te falei isso em cartas e em sonhos." - Diz me olhando com carinho

- "Então por todas as vezes que eu não disse que te amo..." - Puxo Eddie para um beijo colocando ele no meu colo.

Munson sorri em meio ao beijo e me sinto vivo, finalmente eu estava com o garoto que eu tanto sonhava nos meus braços, e o tinha só pra mim. E sinceramente, foda-se meu pai.

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Essa foi uma Short-Fic com uma idéia que tive antes de dormir

Espero que tenham gostado, ainda tenho planos pra ela mas por enquanto é isso

Bjos :)

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Por todas as vezes que não disse "Te amo"Onde histórias criam vida. Descubra agora