Capítulo 4

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Infelizmente fiquei doente na última semana e não consegui escrever muita coisa, mas ando me sentindo muito melhor e a rotina diária de escrita está voltando ao normal. Mais capítulos em breve <3



         Do quarto pude ouvir o som da porta da frente sendo fechada e em seguida os passos de minha irmã se aproximando. Levantei a cabeça observando-a entrar no quarto, seus olhos violeta brilhavam em irá.

— Você quer morrer, garota? — questionou com fúria. — Que merda foi aquela? — criticou parando na minha frente.

— Eu não vou — declarei com firmeza fazendo-a travar o maxilar.

— Em que mundo acha que está vivendo, Sayen? — indagou franzindo a testa. — Isso faz parte do acordo! Foram eles que criaram os muros, foram eles que salvaram nossa raça da destruição. Você sabe disso, conhece nossa história, então por quê? — insistiu sustentando meu olhar.

— Porque eu sei que todos que vão para aquele lugar jamais voltam, que são apagado da nossa existência — respondi com sinceridade vendo-a fechar os olhos com força. — É isso que você quer? Que eu vá e nunca mais volte? Que eu sirva a eles até não ser mais útil? — questionei levantando da cama fazendo-a voltar para meu olhar. — Eu não vou me ajoelhar diante deles porque nossos antepassados foram arrogantes demais por brincar com magia obscura e destruíram nosso mundo — falei seriamente tentando não hesitar diante do seu olhar.

— Você é tão arrogante quanto cada um deles — ela rebateu me fazendo recuar. — Você fala isso porque nunca viu o que existe além dos muros... não entende como temos sorte de ainda existirmos e temos tudo isso graças ao acordo, eles nos dão proteção e em troca...

— Somos seu gado pronto para o abate — a interrompi bruscamente.

— Eles também continuam vivos — concluiu suavizando a voz. — Assim como precisamos deles, eles também precisam de nós — declarou.

— Então porque eles vivem em um castelo de mármore e ouro e nós em uma cabana de madeira? — critiquei fazendo um pequeno sorriso preencher seus lábios.

— São coroados aqueles que possuem mais poder, irmã tola — respondeu por fim.

— Tudo bem para você nunca mais me ver? — perguntei sentindo meu coração disparar, deixando-a em silêncio por longos minutos.

— Alek serve ao último príncipe, tudo que sei é que entre todos os irmãos ele é o mais distante e isolado, e a última vez que convidou alguém faz mais de trezentos anos — contou me pegando de surpresa. — Se ele nos visse apenas como bolsas de sangue escolheria com mais frequência, não acha?

— Isso não responde a minha pergunta — rebati evitando pensar no acabou de me revelar.

— Mamãe me fez prometer que cuidaria de você, que eu faria o melhor para te manter segura... então, não, não está tudo bem — respondeu fechando o punho com força. — Mas você não pode recusar esse convite e sei que Alek me manterá informada sobre seu bem estar — assegurou travando o maxilar.

— O que você é dele? — indaguei lembrando da sua voz macia, de como o vampiro não tirou os olhos dela, das cartas que trocavam.

— Por que está me olhando assim? — rebateu levantando uma sobrancelha.

— Eles são monstros — falei fazendo outro um sorriso se formar em seus lábios.

— Talvez sejam, mas eles não são meus inimigos — respondeu se movendo pelo quarto. — Arrume suas coisas, estarei esperando na sala.

— Você pertence a ele? — insisti encarando seus costas, fazendo-a parar no vão da porta.

— Eu nunca pertencerei a ninguém — declarou em voz baixa e tensa, fazendo um calafrio correr pela minha espinha.

— Então por que espera que eu pertença? — critiquei fechando a mão com força.

Ela se virou na minha direção devagar, me fazendo encontrar seus olhos violeta.

— Porque eu sigo as regras, eu respeito e entendo o acordo — respondeu sem qualquer emoção na voz. — Não estou pedido para se entregar a ele, para pertencer a ele, estou pedido para honrar com o acordo — disse antes de deixar o quarto e um silêncio insuportável dominar tomar seu lugar.

Honrar o acordo?

...

A praça estava deserta, o que era bastante incomum, mesmo que em breve o sol fosse nascer. Olhei para a carruagem luxuosa parada, para os detalhes entalhados na madeira com perfeição, ela era pintada de preto e os detalhes em azul, mas não era isso que se destacava no meio da praça, era os três vampiros parados nos esperando.

Elzabe estava ao meu lado, deixamos a cabana sem dizer uma palavra e seguimos nosso caminho perdidas nos próprios pensamentos. Quando parados em frente os três vampiros, olhei diretamente para o Alek, o vampiro alto, pálido e de cabelo longo, mas sua atenção estava na minha irmã.

— Precisam de um minuto? — ele perguntou interrompendo o silêncio.

Meu olhar desviou para Elzabe, para seus olhos idênticos aos meus. Já dissemos tudo o que precisávamos e antes de deixamos a cabana Elzabe me prometeu entrar uma carta a Noa.

— Não — respondemos juntas.

— Tudo bem, então é melhor irmos, temos um longo caminho pela frente — declarou se virando em direção a carruagem. Os outros vampiros se moveram, um para controlar os cavalos que levariam a carruagem e o outro para um dos cavalos negros amarrados. — Por favor, entre — Alek pediu com suavidade ao abrir a porta.

Olhei na direção da Elzabe uma última vez.

— Você ficará bem — ela assegurou, mas não acreditei de verdade. Essa era a primeira vez que eu não confiava em suas palavras, entretanto acenei com a cabeça antes de me afastar.

Os olhos atentos de Alek acompanhavam meus movimentos, ele estendeu a mão, esperando me ajudar a entrar na carruagem, porém o ignorei fazendo-o sorrir.

Dentro da carruagem estava escura e quando me sentei e a porta fechou, meu corpo gelou ao encontrar uma sombra sentada no banco aposto. Ele era grande e eu podia sentir um leve aroma de sabonete e perfume.

Quando meus olhos começaram a se acostumar com a escuridão, quase rir ao notar de quem se tratava.

— Korel — comentei cruzando os braços fazendo-o se mover no acento. A luz dourada que entrou pela pequena janela iluminou seu rosto, me fazendo vê-lo melhor.

— Sayen — ele murmurou com sua voz rouca e bonita.

— Você também é um convidado? — questionei sem esconder o sorriso.

— Parece tão surpresa — rebateu sem desviar o olhar.

— Não achei que ele tivesse padrões tão baixos — apontei com deboche, vendo-a se remexer novamente. — Uma vencedora e um perdedor. O que ele está pensando? — questionei por fim.

— Vai a merda — disparou me enviando um sorriso irritado.

Sorri com ele no mesmo momento que a carruagem começou a se mover, meu coração disparou quando olhei para a pequena janela, encontrando minha irmã ainda parada. Por um momento, apenas por um segundo, jurei que ela faria alguma coisa, que mudaria de ideia, mas tudo o que ela fez foi continuar parada, me assistindo partir com seu rosto inexpressivo.

Eu me perguntei se nos veríamos de novo. 


...

Estou muito animada para desenvolver esse universo e a relação dos humanos com os vampiros, muitas ideias surgiram e estou empolgada para o que estar por vir. Novos capítulos em breve

Reino de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora