Capítulo 5: Miss Universo

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Segunda-feira, hora: quem se importa? Só sei que é depois do meio-dia.

Uma base militar localizada no meio do deserto, é de cair o cu da bunda. Ela é enorme, parece mais uma fortaleza mal assombrada, Jeff resolveu vir comigo, eu trabalho melhor sozinho, eu disse pra ele, mas ele falou que a nave só funcionaria com ele dentro. Eu acredito? Não. Tenho pouca experiência com alienígenas, mas tenho bastante com pessoas, confio no alienígena chamado Jefferson? Se eu confiasse eu seria estúpido, ele é um carinha legal? Verdade, mas não me chamou pra um jantar para assim nos conhecermos melhor, me chamou pra matar provavelmente uns trinta soldados do meu próprio país pra recuperar a nave dele. Vou reclamar? Sim. Então por que eu estou fazendo isso? Não gosto de alienígenas. Não gosto de ameaças ao meu planeta. Não gosto de burocracia, e, pelo menos vai ser rápido, eu espero, eu tenho um plano.

O plano: Matar os caras. Vencer. Brincadeira, nesse caso é melhor improvisar.

Bom o portão era pequeno, tinha duas torres pequenas ao redor dele com dois guardas, foi fácil, atirei na cabeça dos dois mas depois veio a parte difícil, escalar as torres, a porta requeria um tipo de cartão de acesso, coisa que eu não tinha e não queria quebrar minha cabeça pra achar um desse, pra escalar eu usei algo que sempre deixo no carro. Um arpão, bom, pra superar o luto um homem precisa de hobbies, eu escolhi um mais radical. Eu atirei o arpão no telhado, e não me surpreendi que o telhado era feito de telha, seria essa uma base militar ou uma casa nordestina? Tive que tirar o arpão de volta, dessa vez atirei na parede, mas quando fui subir, o arpão caiu. Tive que improvisar. Resolvi voltar para o carro, Jefferson me seguiu, calado, porra, me lembrei que Kalesi falava algo como "calada vence" eu queria morrer de vergonha alheia.

- O que vai fazer? - Jeff me perguntou, juntando as mãos.

- Você tem algum poder de aumentar ondas sonoras ou algo do tipo? Se não tiver só fique quietinho como antes. - puxei duas caixas de som do porta-malas, presente de casamento, assim como praticamente tudo que eu deixei nesse carro. Antes da minha esposa morrer eu tinha comprado esse carro, para a nossa futura família, com três filhos, cachorros, gatos, morando ao lado de uma praia, dirigindo com os cabelos ao vento e com as mãos pro alto, sentindo o vento e a alegria de estarmos felizes, o legal da vida é que tudo é inesperado, inclusive a morte. Pouco tempo depois desses dias felizes, minha mulher morreu, até hoje não tenho certeza do que a matou, nem vi o corpo dela, mas sei que está morta, se estivesse viva teria me procurado, por meses alimentei o pensamento de que Elisa retornaria, mas não voltou, mortos não voltam.

- Eu sou capaz de controlar vento apenas. - Jeff respondeu.

- Você é o Avatar?! - perguntei numa surpresa sarcástica.

- Infelizmente não consumo muitas mídias produzidas pelos seres humanos.

- Nossa Jeff, não precisa ser tão arrogante. - cruzei os braços e de maneira exagerada, bufei.

- Não esto... - antes de Jeff falar eu o interrompi.

- Consegue me fazer voar? Eu tive uma ideia bem doida. - eu sorri pro Jeff, e ele esbugalhou os olhos pra mim e sorriu de novo.

Ver de cima tornava as coisas mais engraçadas, bom, mesmo nas nuvens eu conseguia escutar as caixas de som estourando a minha playlist, agora está tocando "Xxt de ouro" do Sapabonde, espero que os soldados apreciem obras de arte, deixei o carro bem perto da base, bem na porta. Eu e Jeff começamos a rir ao ver aqueles pontinhos verdes segurando armas procurando por todo o carro por algum sinal de vida, bom eles iriam receber um sinal de vida, enquanto flutuava no céu eu segurava minha uzi verde, enquanto Jeff estava esperando a minha ordem. - Acha mesmo que vai conseguir controlar?

A Odisséia WinewoodOnde histórias criam vida. Descubra agora