Segunda-Feira 18:30.
- Vai querer alguma coisa Kalesi? - Belchio me perguntou, ele segurava uma tigela cheia de salgadinhos, e um copo de Coca-Cola.
- Não, eu tô cheia. - eu disse.
- Você nem comeu nada. - ele disse pra mim, rindo um pouco.
Ninguém tem fome quando em um dia você presencia um exorcismo, um padre louco, um demônio tomando conta do corpo de uma mulher, e essa mesma mulher demônia me dizendo que meu novo amigo é um demônio, não só ele aparentemente. Gysado me encarava sem parar, parece que a minha existência ofende ele ou algo do tipo, ele me assusta, e olha que nada me assusta, a não ser que alguém sequestre meu ursinho. Many e Stella estavam jogando Pokémon, eu cheguei à uns 20 minutos atrás. Belchio é extremamente pontual.
- Gysado. - Belchio disse, fazendo uns gestos com a mão, para chamar ele. Gysado se levantou emburrado e foi até ele, meu instinto de fofoqueira me obrigou a escutar o que eles iam falar, eles entraram no banheiro, e eu coloquei a minha orelha perto da porta. - Você não pode ficar feliz por pelo menos um minuto? - Belchio perguntou pra ele, parecia chateado.
- Você tá jogando a culpa de tudo estar uma merda hoje em cima de mim? - Gysado falou, acho que nunca ouvi a voz dele. Ele estava irritado, sua voz estava grave.
- Não, não estou. - Belchio disse suavemente. - Você está com ciúmes?
- Eu deveria te mandar de volta pra porra do submundo! - Gysado disse muito irritado, pelo som, parecia que ele empurrou Belchio na parede. Fiquei assustada quando ouvi ele falando sobre o Proyo, ou submundo sei lá, pensava que Rayssa poderia ter blefado, no fundo não queria acreditar que existe algo assim no mundo.
- Você enlouqueceu? Não falamos do submundo, nunca mais, e se alguém ouvir? - Belchio estava falando bem baixinho.
- Você se esqueceu da nossa prisão, se esqueceu mesmo, você acha que pode viver como um humano, mas onde isso vai dar? Vai se casar com a menina humana estranha, ter filhos, forjar a própria morte e mudar de corpo? - Gysado disse, ainda irritado.
Os dois ficaram em silêncio após essa discussão, eu corri para o lugar onde estava e esperei eles saírem do banheiro. Gysado continuou bravo comigo. Belchio continuou bravo com Gysado. E eu? Tentei me divertir, por incrível que pareça, esses nerds sabem como se divertir, por mais que dois deles sejam demônios, mas isso pra mim não é nenhum problema, trato todos igualmente. Um tempo depois. Belchio me levou para minha casa. Papai não estava lá, aonde ele se meteu?
Hora de dormir. 23:23.
Estava me arrumando para ir deitar, sem meu pai as coisas ficavam um pouco esquisitas. De repente eu escutei miados vindo lá de fora, eu abri a porta de casa (sou totalmente apaixonada por essa porta, ela tem uma janelinha no meio, muito fofa), tinha um gatinho preto de olhos verdes miando na porta. Eu nunca tive um gatinho, e esse era tão fofinho, os olhos gigantes esverdeados pareciam me devorar, e devorou totalmente a minha vontade de deixá-lo ali na rua, miando, eu peguei ele no colo e automaticamente pensei em um nome para ele. Bola de Neve, o nome perfeito pro meu gatinho preto.
Deixei Bola de Neve no sofá verde, ele rapidamente dormiu com a cabeça encostada no travesseiro, peguei uma coberta para ele e o cobri, a coberta era de onça, bem selvagem. Ele simplesmente me amou, foi muito receptivo comigo, mas estava cansadinho, então fui correndo pro supermercado para comprar tudo de essencial para um gatinho, tinha algo de errado com o céu, não consegui entender bem, era como se o céu estivesse se tornando ainda mais escuro, se é que é possível, eu sentia um mal pressentimento, como se algo de urgente estivesse acontecendo, e então eu tive uma espécie de confirmação, ou teria, afinal, Rayssa Rayanna estava andando em minha direção.
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A Odisséia Winewood
Ficção CientíficaWinewood. Cidade populada por mistérios, conspirações, submundo, aliens, demônios, espiões e por último mas não menos importante, pessoas. Ronaldo, Kalesi, Fall, Bea, Rose e Anne vão passar por suas aventuras únicas. Pessoas tão diferentes e de pens...