Capítulo 2 - Quando errar o caminho, mude a rota ☾●

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    Até que para um primeiro dia, não tinha sido tão ruim quanto eu imaginava

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    Até que para um primeiro dia, não tinha sido tão ruim quanto eu imaginava. Porém, confesso que dormir na sua antiga cama após dez anos, não é uma tarefa fácil. Demorei a dormir, fiquei virando de um lado para outro na cama, parecendo um hambúrguer na chapa. Enquanto o sono não vinha, eu escutei quando a minha mãe caminhou pelos corredores, provavelmente indo comer alguma coisa durante um episódio de insônia, um velho âmbito que ela ainda mantém até hoje.

    No final das contas, talvez, alguns hábitos nunca mudam. O colchão novo, do quarto antigo e com memórias novas, não me trouxe boas recordações, mas eu tentei dormir e consegui, mas não antes de escutar o tal Cadu retornar com a minha mãe só para levá-la gentilmente até seu aposento. Espero que tenha sido só um sonho, mas pensei ter ouvido o agroboy dizer: "Dê um tempo para ela", seguido de uma resposta ainda mais baixa da minha mãe: "Eu juro que estou tentando...", eu também estou mamãe, juro que estou...

    Na manhã seguinte, olheiras escuras adornam o meu rosto pálido, marcados por sardas nada discretas e um cabelo ruivo implorando por um novo corte. Vou ao banheiro e encaro meu reflexo no espelho, resisto à tentação de passar a tesoura nesses fios opacos, mas seria tão clichê fazer isso de repente, então, irei ignorar meu ato de rebeldia por uns dias, enquanto tento sobreviver a esse retorno ao passado.

    Depois de preparar-me para uma manhã de trabalho, arrumo meu cabelo num rabo de cavalo, visto jeans, camiseta e botas para inserir-me de vez na rotina country que terei de agora em diante. Estou com saudade de usar terninho, sapatos de salto, contorno, delineado e sentir uma brisa gélida do ar-condicionado do meu carrinho. Ah, uma vida muito boa, a qual eu em breve anseio para retornar.

— Toc-toc... A baronesinha ainda está dormindo? — Cadu bate à porta que estava entreaberta, não demora a entrar. Pelo visto, o cowboy metido iria me apelidar dessa forma, não vai ter jeito. — Uau, olha só quem está pronta para mais um dia de trabalho e esforço na maior fazenda de Riacho Doce. Esse visual combinou muito contigo.

— Essa é sua forma de me dar um bom dia? — brinco, dando de ombros e ajusto o rabo de cavalo, mesmo que ele não precise de reparos. A forma como Cadu me olha às vezes é um pouco desconcertante, sempre fico tímida. — Obrigada por ontem... — digo baixo, ainda sem encará-lo.

— Sim, esse é o meu melhor bom-dia, acredite — Cadu adentra um pouco mais e posso ver que ele está usando o costumeiro jeans, sapatos de borracha, uma camiseta verde xadrez e uma preta por baixo. — A fogueira? Ah, que isso, você é muito bem-vinda quando precisar de um pouco de distração, é quase um ritual, fazemos isso todos os sábados e domingos. Teu pai adorava, sempre dormia tarde porque não descansava enquanto não comesse o milho assado com bastante manteiga e bebesse uma boa pinga.

— Não só por isso... — viro-me para encarar esse monte de músculo materializado na minha frente e fico séria. — De verdade, obrigada por dizer aquilo... Sobre me dar uma chance... Desculpe, não quis ouvir a conversa de vocês, mas eu não estava dormindo. E obrigada também pela fogueira, acredito que seja um ritual que papai adquiriu com o tempo ou que eu nunca tinha percebido.

Sabor Canela (Short fic)Onde histórias criam vida. Descubra agora