Capítulo 5 - Uma noite sem estrelas ☾●

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     Não há nada pior do que a rotina no campo, principalmente para quem tinha o caos da metrópole, seu habitat natural

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     Não há nada pior do que a rotina no campo, principalmente para quem tinha o caos da metrópole, seu habitat natural. Era sempre a mesma coisa: eu acordava muito cedo, tomava café da manhã, ajudava na fazenda e em todas as responsabilidades que fossem surgindo ao dia, por um milagre eu conseguia fazer tudo e ainda me sobrava tempo. Papai costumava dizer que essa era a vantagem de acordar cedo, sempre sobrava tempo para tudo.

Hoje, especialmente hoje, eu dediquei boa parte da minha tarde para rever alguns papéis da fazenda. Preciso checar alguns documentos e contracheques, tentar deixar tudo pronto de algum modo, pois não me vejo morando aqui futuramente. Tudo é provisório para mim, desde as amizades que eu ainda não tenho aos planos para um passatempo que resgate meus bons sentimentos quanto ao futuro. 

Cadu não brincou quando chamou-me para sair, eu resolvi aceitar, pois há muito tempo não dou uma volta pela redondeza, e só não imaginava que seria tão estranho. Quer dizer, há meses não passo um batom, não visto uma roupa justa, não coloco saltos ou qualquer coisa que tenha brilho. Depois de fazer alguns cachos e passar um batom vermelho, vou de encontro a Cadu, que me esperava perto da picape vermelha, a favorita do meu pai.

— Ora, ora, o que temos por aí? — brinca o cowboy conquistador, balançando as chaves do veículo. Sinto o cheiro de seu perfume delicioso, mesmo estando a alguns metros de distância. Ele usando uma camiseta preta básica, calça jeans e uma botinha preta, que realça o look. O cabelo está úmido e espetadinho, um charme.

— É assim que as garotas da cidade costumam se vestir — dou de ombro, brincalhona, tentando soar natural, fingindo que o modo que ele me observa não causa pequenos arrepios que se espalham na minha nuca.

— Pronta para mais boa noitada? Hoje promete, estou sentindo... — ele diz, tentando arrancar algum assunto de mim. Adentro no veículo e sigo calada, dando um sorriso meio faceiro, tomara que hoje prometa, há muito tempo venho tentando sair da minha zona de conforto.

[...]

Seguimos em um silêncio nada desconfortável, enquanto uma música tranquila toma conta do carro, não é muito longe, mas estar ao lado de Cadu sem trocar farpas pela primeira vez, é até interessante.

— Então, você e o Fernando...? Quem diria, hein? Quer dizer, você parece tão diferente das garotas que ele namora. Sem ofensas, mas é que todas são... — Cadu inicia, mas não termina, eu sorrio em resposta e ouso completar:

— Gostosas e ricas? Sim, é verdade... — torço a pontinha do nariz e ele sorri negando com a cabeça, pronto para me rebater com algum elogio típico. — Estou brincando, sei o meu valor, mas é que ficamos próximos alguns anos atrás, e bem, não tem muito o que dizer... Tivemos um relacionamento e acabou. Fim.

— Não é o que parece, pelo menos para ele — o cowboy me analisa, sorrindo malicioso e instigante. — Sabe, ele te olhou como se ainda quisesse reviver os bons momentos...

Sabor Canela (Short fic)Onde histórias criam vida. Descubra agora