- O chá da manhã era a melhor parte do dia para Phillipe Al-Ahmed Nadir. O cheiro do chá de ervas e dos charutos de tabaco preenchia o telhado da casa aonde ele e mais seis homens se reuniam todos os dias para orar e conversar. O bairro era formado majoritariamente por indivíduos Árabes e descendentes desses.
Phillipe é filho de Daroga Nadir, um homem vindo da Pérsia trazendo nada além de uma bolsa com duas mudas de roupa e um Diário de viagem, e apenas com isso conseguiu abrir lojas de artigos de decorações do Oriente, criado uma fortuna para si e para seu filho. Phillipe aproveitava as oportunidades que tinha; andava bem vestido e perfumado, fumava os melhores charutos e usava a pequena parte separada de seu dinheiro para ajudar na Ópera Populaire, mantendo amigável contato com a diretora Madame Chavant.
Seu andar nas ruas de pedra era calmo, a bengala (a qual ele definitivamente não precisava) batia levemente no solo com um "clek!" baixo, seu sorriso cumprimentava cavalheiros e damas, não ligando quando torciam o nariz para ele ou murmuravam xingamentos em baixa voz; ele sabia que por ele ser do jeito que era causava sentimentos estranhos nas pessoas. Um garoto que não passava dos 13 anos se aproximou dele, sua roupa limpa sinalizando que ele era um vendedor de jornal e, dito e feito, uma edição ainda fresca do Le Figaro lhe foi estendida. "Apenas 5 francos, monsieur" o rapazinho disse quando Phillipe meteu a mão num dos bolsos e retirou 5 moedas, as entregando para o garoto, que saiu mais sorridente do que quando cruzou seu caminho com o homem. A primeira página apresentação da novidade do momento; fotografias em preto e branco no jornal, mostrando pessoas e paisagens. O homem voltou a andar, folheando o jornal sem pressa alguma, parando em uma página com as letras garrafais dizendo "ÓPERA POPULAIRE" no topo. A página decorria sobre a programação dos próximos seis dias e as novidades em decoração e integrantes do lugar. Havia uma foto borrada com os dizeres "AS PÉROLAS DA ESTAÇÃO" com as peças como "Macbeth" e ballets do nível de "Giselle" sendo apresentadas no renomado palco. Uma outra coluna de notícias na mesma página tinha o título de "NOVOS NOMES NA ÓPERA", com três nomes sendo destacados; Mabellyn de Souza, aparentemente vinda de outro país; Amara Haydée Danet-Fuvel, uma bailarina com os passos próximos para ser uma Primaballerina e Louise de Alcântara, uma compositora iniciante que iria estudar na Ópera.
Ele gelou; sabia o que a mudança ou o que adicionar mais alguém poderia causar no homem que morava no subterrâneo daquele lugar. Dobrou o jornal e, o enfiando debaixo do braço, aumentou o ritmo dos passos para chegar rápido na casa de Ópera.
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O Beijo do Fantasma. -- O Fantasma da Ópera.
FanfictionSeis anos após Christine Daaé fugir com o Visconde Raoul de Chagny, Erik se isolou novamente na Ópera Garnier e se entregou à bebida para tentar esquecer de seu coração quebrado. Após decidir voltar à assombrar os corredores do Teatro, o Fantasma se...