A Escolha do Corvo (Tradução)

1- O Despertar de um Familiar

Os corvos empoleirados nos parapeitos da Torre de Londres sibilavam, tagarelavam e grasnavam em Ravenspeak enquanto observavam o último grupo de turistas entrar no recinto. Desconhecidos para os muitos trouxas que visitavam a Torre diariamente, os corvos, chamados de corvos maiores pela maioria, mas os Towerborn entre eles, não eram pássaros comuns. Eles eram de natureza mágica, com expectativa de vida extraordinária e a capacidade de usar a magia dos Velhos Caminhos, uma magia baseada nas forças elementares da Terra e do Céu, da própria natureza e dos segredos mais profundos dos antigos. Os Towerborn eram considerados realeza, e eles tinham uma grande responsabilidade – proteger a Grã-Bretanha contra a maré crescente das Trevas, e proteger o reino e encorajar os talentos mágicos dos magos e bruxas que carregavam o Sangue Antigo.

A Torre era ao mesmo tempo conhecida como o lugar mais assombrado da Grã-Bretanha e também o mais sagrado. Além de prisão e local de tortura, também abrigou suntuosos apartamentos para os monarcas da Grã-Bretanha e foi o local da coroação de muitos reis e rainhas. Foi também um tesouro, abrigando as Jóias da Coroa, magníficas armaduras e outros objetos de arte e móveis. Depois havia o Royal Menagerie, um enorme zoológico com muitos tipos de animais ameaçados de extinção. A Torre também abrigava o Royal Yeoman e o Ravenmaster e sua família, bem como muitos outros funcionários que mantinham a Torre funcionando e executavam programas para os turistas.

De acordo com uma antiga lenda trouxa, se os corvos saíssem da fortaleza, a Grã-Bretanha cairia na escuridão e a Torre se desfaria em pó. Carlos II acreditou totalmente nesta lenda e ordenou que os sete corvos empoleirados na Torre fossem protegidos para sempre. O Ravenmaster estava encarregado deles e se certificou de que fossem alimentados, seguros e satisfeitos. Mal sabiam os trouxas que o Ravenmaster era um bruxo, e sempre foi, seu posto passou de pai para filho por gerações. Os nascidos da Torre que compartilhavam a fortaleza com ele eram um pouco mais do que sete, embora os visitantes da Torre só vissem sete de cada vez, os outros se esconderam com feitiços especiais conhecidos apenas pelos corvos.

Derrick Coyle era o atual Mestre, e os pássaros muitas vezes o imitavam e qualquer transeunte que chamasse sua atenção. Ele havia ensinado vários deles a falar várias frases e eles, por sua vez, ensinaram-lhes sua própria língua. Seu familiar era Branwyn, um dos mais inteligentes e mágicos do policial dos corvos. O companheiro de Branwyn era Merlin e eles tiveram vários filhos, entre eles Munin, Thor, Erin e Skull. Baldric, Hugine e Marley eram primos de Merlin e Gwyllum era irmão de Branwyn. Todos eles estavam com faixas e se mostravam regularmente aos turistas, exceto Skullduggery.

Skull era a graça da família, um rebelde que obedecia a Derrick apenas quando sentia vontade, o que não acontecia com frequência. Ele se escondia e espiava o público, e muitas vezes refazia suas penas de vôo depois que o Mestre cortava sua asa direita e voava além do terreno da Torre para observar os trouxas e sua cultura.

Agora ele se juntou a seus irmãos e irmã no parapeito e observou todos os turistas usando suas joias brilhantes, implorando para serem roubadas, e carregando estranhos dispositivos de metal e câmeras que emitiam rajadas de luz enquanto fotografavam tudo à vista.

-Onde você esteve, Caveira? Saiu se metendo em encrencas como sempre?- perguntou Thor, o mais velho da ninhada. Ele também foi o maior.

Skull estalou em aborrecimento.

-Não seja tão presunçoso, irmão. Você quebra as regras quando lhe convém, assim como eu.

-Eu não!

-Não? Então, qual de nós entrou na cozinha e comeu seis tortas de frutas no mês passado?

-Eu estava com fome!-Thor gritou defensivamente.

-Quando você não está?-Erin revirou os olhos. -É uma coisa boa que o Mestre Coyle sabe que poço sem fundo você é e nos dá rações extras de carne, biscoito e ovos, caso contrário o resto de nós morreria de fome."