CAPÍTULO SEIS

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Abro os olhos na medida que sinto o meu corpo caindo no chão, demoro para de fato entender, e só depois de piscar uma série de vezes me dou conta que estou no chão do quarto de Danilo, fico sem me mexer e controlo até a entrada de ar para não fazer barulho. Em algum momento da noite enquanto conversávamos baixinho eu e ele dormirmos abraçados; O sol entra pela fresta da janela anunciando que o dia já começou. Sento no chão, e encontro Danilo ainda deitado sobre o colchão, seus olhos se mexendo em alta velocidade, seus cabelos enrolados bagunçados pelas horas dormidas, ele está incrivelmente fofo e eu tenho vontade de pular em cima dele e me alinhar em seu peito. E como se sentisse que está sendo observado, Danilo abre os olhos, ele sorri de canto ao me ver, e só então se vira e olha para o quarto.

– São que horas? – Ele pergunta. Eu pego o meu celular e checo as horas.

– 09:30 – Respondo, Danilo se senta no colchão enquanto massageia as têmporas com os olhos fechados.

– Que dor de cabeça – Ele reclama, porém torna a sorrir quando abre os olhos e me vê. – O que você está fazendo no chão? – Ele controla a vontade de rir e eu dou de ombros.

– Caí. Acho que você não sabe muito dividir camas – Respondo enquanto estico a mão e pego a dele - Você me empurrou.

Ele me olha de forma engraçada enquanto arregala os olhos. Danilo faz força e me puxa pela mão.

– Vem, deita aqui. Prometo não te empurrar dessa vez.

Levanto do chão e me deito ao seu lado, o toque suave e calmo de suas mãos passeando pelo meu rosto, eu me aconchego ainda mais perto dele.

– Queria poder ficar o dia todo assim – Ele fala – Deitado com você.

Olho em seus olhos e eu guardo a imagem do seu rosto em minha memória para nunca me esquecer de como é acordar ao seu lado.

– Também – Respondo – Mas, seus pais.

– Meus pais – Ele fala, e em seguida me olha com espanto – Minha mãe deve chegar logo, preciso levantar.

– Não – Respondo enquanto puxo ele ainda mais para perto de mim.

Ficamos em silêncio, e como um convite, Danilo se aproxima e me beija. Eu pensei que ontem o beijo tinha sido bom, mas não se compara com o de agora. A urgência de cada movimento é como se não tivéssemos dormido na mesma cama. Danilo puxa o meu cabelo enquanto desce beijando o meu pescoço, passo a mão pelo seu peito subindo até o seu rosto puxando pela nuca. Danilo rola para cima de mim e me beija, a cada momento fico mais viciando em seu beijo, e mais necessitado pelo seu toque. Ele se afasta enquanto tira a camisa, passeio a mão pelo seu peito desnudo, puxo ele mais uma vez para mim.

E enquanto nos beijamos repetidas vezes, um barulho abaixo da gente nos afasta.

– Minha mãe – Danilo responde – Ela deve ter voltado mais cedo.

Eu me levanto na medida que ele sai de cima de mim, nossos movimentos como se tivessem sido ensaiados para uma peça de teatro.

– Janela – Ele aponta. Faço cara de desgosto mais caminho para ela. Meu corpo está todo para fora quando a voz da mãe de Danilo chamando por ele vai crescendo, ela deve estar próxima da escada. Me viro para continuar a descer, mas Danilo me puxa de novo e me beija. Ele some para fora do quarto enquanto eu me equilibro para descer de forma rápida – porém segura – da árvore.

Depois de me esgueirar pelo canto do muro até a entrada da minha casa, bato a porta atrás de mim, e o silêncio é ainda mais assustador do que se meu pai estivesse me esperando com os braços cruzados. A indiferença machuca mais do que o excesso de cuidado. Balanço a cabeça e caminho até a cozinha, por sorte tem café na cafeteira, e não demoro a encher uma caneca, subo os degraus até o meu quarto e como um convite eu consigo reviver tudo com cuidado, desde a noite de ontem até o acordar de hoje ao lado de Danilo, puxo a minha jaqueta e sinto o cheiro do perfume de dele, e enquanto eu bebo algumas doses do café, eu sorrio feito um bobo adolescente dos filmes da Sessão da Tarde. Puxo o meu celular da jaqueta e procuro por Bruno até ligar para ele.

Querido Vizinho do 3BOnde histórias criam vida. Descubra agora