– Você não pode estar falando sério – A voz do Bruno soa alta e eu tenho que cobrir a sua boca para que ele não chame a atenção de mais ninguém com sua voz escandalosa.
– Fala baixo – Sussurro. Depois que eu assoprei a velas, decidimos aproveitar o dia deitados a beira da piscina sob o sol quente. Danilo e Julia estão dentro da casa procurando por alguma coisa útil para sobrevivermos ao dia.
– Mas você está me falando que vocês dois nunca transaram e quer que eu fique calmo? – Bruno balança a cabeça de forma negativa seguido por um barulho com a boca. – Guilherme, você é uma decepção.
Empurro Bruno pelo ombro sorrindo, e entre uma coisa e outra, minha atenção é roubada quando vejo Danilo vindo em minha direção sem camisa, todo o seu corpo emoldurado pela luz do sol dourada, e com um sorriso bobo no rosto perdido em uma conversa com Julia.
– Vocês... – Bruno volta a falar, mas cubro novamente sua boca.
– Achamos alguns salgadinhos – Julia fala ao se aproximar jogando em nossa direção pacotes de rufles, fandangos e doritos, libero a boca do Bruno quando o ato se torna constrangedor demais.
– Guilherme, você precisa parar com essa sua tara de colocar a mão na minha boca – Bruno diz sorrindo.
Danilo olha para mim em busca de respostas, mas eu apenas de ombros mudando de assunto.
As horas se passam rápido no relógio e só sentimos o impacto quando as luzes do lado de fora precisam ser acesas, a fim de não deixar a gente no escuro, e uma hora depois disso, Julia é a primeira a ir dormir, seguida de Bruno.
– Você vai dormir aqui? – Danilo me pergunta e eu penso. Estou há dois dias sumido, e meu pai nem quer me ligou preocupado, mesmo assim nego com a cabeça.
– Não, vou embora – Mas antes de levantar, puxo Danilo para mim e o beijo, de forma rápida – Obrigado por tudo, Dan.
São as palavras que consigo dizer antes dele me calar novamente com outro beijo.
Eu definitivamente poderia morar no abraço dele, e fazer de sua boca meu porto seguro, Danilo é aquele tipo de pessoa que quanto mais você está perto, mais você quer estar em sua companhia, como uma droga, ele me viciou em seus beijos, abraços e palavras. Ele me viciou nele.
– Vamos indo – Ele sussurra depois de um tempo – Na certa meus pais já devem ter acionado a marinha para ir atrás de mim.
E só então cai a ficha, Danilo sacrificou muito mais do que sua cama para dormir apertado comigo, certamente quando chegar em casa seus pais vão interrogar todos os seus últimos passos. Eu o tirei de casa e trouxe sem aviso prévio para dentro das minhas loucuras.
– Você vai arrumar problema com seus pais por minha causa – Falo com os olhos baixos enquanto ele pega em minha mão e acaricia os meus dedos nos deles.
– E eu faria tudo de novo – Ele fala com voz mansa – Se isso significasse trazer você em segurança, eu faria tudo de novo.
Sorrio sem grandes esperanças e o peito recheado de culpa, sinto quando Danilo coloca a mão sobre o meu rosto.
– Eu faria tudo de novo, Baterista.
E com suas últimas palavras, uma chuva de fim de dia começa a cair, e isso não nos afasta e nem faz com que a gente levante e procure por abrigo. Como um passe de mágica a chuva cai forte sobre nossos corpos, molhando toda nossa roupa.
Deito no chão molhado, sentindo as gotas sobre mim, e Danilo se deita ao meu lado, nossas mãos cruzadas na lateral dos nossos corpos, e nossos olhos congelados um no outro. A ideia de que Danilo represente muito mais do que um simples garoto vem firme em minha mente, ele vai muito além. Ele é uma âncora em dias em que tudo ameaça a me derrubar.
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Querido Vizinho do 3B
RomantizmA vida de Guilherme seguia normal, ele ia da escola para a oficina de seu pai, e da oficina de volta para casa sem grandes acontecimentos, até que um dia, em uma aula de segunda feira ele conhece Danilo; um jovem negro recém chegado na cidade. E ent...