CAPÍTULO QUATRO

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Acordei no dia seguinte assim que o meu celular desperta em cima da minha cômoda, levanto a passos cansados, e as imagens da noite seguinte vem a minha cabeça assim que pisco contra a claridade da minha janela aberta, lembro da sensação antes da crise chegar, e lembro também de como Danilo foi gentil e assustadoramente compreensivo, o sorriso bobo que ele deu depois de beijar a minha mão, e logo em seguida mexendo nos cabelos, seus olhos focando em meu rosto e concordando tranquilamente a cada palavra que eu falava, ficamos sentados por mais de uma hora, e ele nem se importou quando ao fundo ouvimos a banda local começando a tocar as músicas, ele apenas tocou no meu ombro e sorriu me puxando para dentro do seu abraço.

– Ei – A voz de Danilo entra no meu quarto, e o encontro em sua janela, com metade do seu corpo para o lado de fora.

Sorrio ao meu aproximar da minha janela.

– Ei – Respondo.

– Como você está? – Noto em sua pergunta um teor de preocupação e a ideia de ele pensar que posso surtar a qualquer momento deixa as minhas pernas bambas.

– Eu estou bem – Respondo sem convicção, ele parece não notar a minha hesitação, ou apenas decide passar por cima disso.

Um barulho chama a atenção de Danilo que o faz olhar em direção a porta de seu quarto.

– Tenho que ir – Ele fala logo em seguida – Te mando uma mensagem daqui a pouco, pode ser?

Faço que sim com a cabeça, e então o seu corpo sai de foco e o vejo andar em direção a porta. Saio da janela e caminho em direção ao meu celular que começa a tocar.

Ei, preciso de você – Grita Bruno assim que atendo a chamada.

Como assim? O que aconteceu? – Pergunto coçando os olhos.

Preciso de você, vem para cá. – O seu celular faz um barulho e em seguida a voz dele volta – Vou sair de casa daqui a 10 minutos, chega aqui antes disso.

E então, sem mais ou menos a ligação é desligada e eu fico parado no meio do meu quarto com o peso da noite anterior amassando o meu peito, tem um tempo que eu havia tido a última crise, e do nada ela voltou, e ainda tem toda essa história com Danilo. Quero dizer, que história? Preciso falar com a minha psicóloga urgente. Saio do quarto em direção as escadas, logo após de pegar a touca, minha carteira e o meu celular.

Depois de caminhar a esmo pelas ruas até a parte inferior do condomínio, onde Bruno mora, encontro com ele sentado no meio fio, no estilo all black e com sua bengala verde ao seu lado.

– Qual a emergência? – Pergunto assim que me aproximo dele. Bruno levanta a cabeça em minha direção e abaixa os óculos de sol até a ponta no nariz.

– São dois – Ele levanta a mão fazendo o sinal com os dedos.

Porém ele não fala mais nada, apenas se levanta e caminha em minha direção.

– Nosso Uber está chegando – Ele diz assim que se aproxima.

Depois de alguns longos minutos, com Bruno ao meu lado puxando qualquer assunto sobre várias coisas aleatórias, descemos em frente a cafeteria do centro, o lugar cheira a brownie antes mesmo de abrir as portas que levam para dentro da loja. Bruno sai em seguida e para ao meu lado.

– Vamos entrar – Ele fala e dá um passo.

– Viemos tomar café? – Pergunto, ele apenas sorri e me puxa pelo braço, e por mais cômico que seja, ele está me guiando em direção as portas.

Querido Vizinho do 3BOnde histórias criam vida. Descubra agora