ABIGAIL's POV
O ambiente naquele jardim estava tão agradável que eu não queria sair dali. Apesar de ser tarde tinha o meu corpo cheio de energia. Num impulso rápido comecei a correr. Não estava a fugir nem nada. Estava simplesmente a correr contra a brisa. Sentia a relva a passar depressa nos meus joelhos, o vento contra a minha cara desprotegida e o medo de cair ou embater em algo a invadir-me. Sentia-me como uma verdadeira criança. A criança que nunca tive oportunidade de ser.
Corri por todos os anos que não o consegui fazer. Corri por aquele campo que parecia nunca mais ter fim. A lua estava completamente preenchida e o céu cheio de estrelas de diversos tamanhos e intensidade de luz diferentes.
Enquanto que corria, não reparava no que se atravessava à minha frente, mas a verdade é que certamente já tinha ido contra alguma pedra ou qualquer coisa mais sólida do que a relva, pois uma dor aguda vinda da minha canela começara a afetar o meu ritmo de corrida. Uma sensação fresca corria a minha perna até ao meu tornozelo. "Okay Abi, se calhar é melhor parares um bocado." já preocupada pensei para mim mesma.
Estava no meio do nada e eu precisava de me sentar por isso dei passos largos até um pequeno banco de jardim que se encontrava no cimo de um pequeno monte. Sentei-me.
Observei a minha perna e reparei que era visível uma mancha avermelhada nas minhas calças que agora estavam rasgadas. "Olha o lado positivo: agora já tenho as calças rasgadas que sempre quis ter." tentei pensar positivo. Puxei-as para cima com cuidado e observei o golpe. Era bastante fundo e feio. Tinha de arranjar maneira de desinfetar aquilo. Já era muito tarde e com certeza que não iria sair do meio dos arbustos um enfermeiro giro para me acudir. "Bem, pelos vistos, terei de ficar aqui hoje."
Decidi então passar a noite no jardim.
Depois de uma tentativa de limpar minimamente o banco, despi o meu casaco, deitei-me e pus o casaco em cima de mim encolhendo-me para me manter quente. Coloquei o meu braço por baixo da minha cabeça para ficar mais confortável. Não era tão bom quanto a minha doce cama mas também não era mau de todo. A minha cama de certeza que não era igual à de outros adolescentes da minha idade pois nem todos têm capacidade financeira de comprar um colchão de água.
A minha mãe sempre me comprara tudo o que eu precisava ou pedia. Sempre fora filha única e sentia-me sempre sozinha, por essa razão, a minha progenitora fazia sempre de tudo para eu poder estar sempre entretida. Se eu sempre fora calada e reservada em criança, então quando meu pai morrera ficara pior. Isolei-me de tudo e todos. Fui obrigada a frequentar uma quantidade desumana de psicólogos para me tentarem ajudar a comunicar com as pessoas e abrir-me um pouco mais.
A minha mãe trabalha muito e nunca tem tempo para mim. Habituei-me a isso desde muito nova e por isso nunca foi algo a que eu desse muita importância, aliás, eu já estava habituada a que não me dessem a mim muita importância. A casa em que eu vivia era de um tamanho ridículo para apenas duas pessoas lá morarem. A casa encontrava-se sempre vazia exeto quando a Dona Lylla estava em casa para limpar ou fazer o jantar para mim e para a minha mãe. De resto, eu estava sempre ou na escola ou na academia. Quanto mais tempo estivesse naquela prisão, mais depressa perderia a minha sanidade mental.
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✿Steps✿ || m.c
RandomWe dance for laughter, we dance for tears, we dance for madness, we dance for fears, we dance for hopes, we dance for screams, we are the dancers, we create dreams. ✿✿✿ -Mamã? -Diga querida. - Se um dia pintasse o meu cabelo, o que me faria? - Oh...