II - O Deslizamento de Terra

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Miranda fechou os olhos para poder se concentrar na tarefa de testar seus membros e ver se não havia algo quebrado.

Sentiu que seu casaco estava um pouco molhado, mas não sentiu dor alguma.

Deve ser a adrenalina! - pensou um pouco ofegante.

- Senhora? - perguntou um rapaz negro de dreads nos cabelos vestindo um agasalho da UPS. Ele tinha alguns pacotes nas mãos. E ainda assim ofereceu ajuda a Miranda.

O vizinho da casa da frente atravessou rapidamente a rua e veio de encontro a eles.

- Senhorita Mayo? - disse ele cuidadosamente.

Miranda abriu os olhos, mas permaneceu imóvel olhando para o céu acinzentado.
(Era como se ele estivesse olhando para ela).

- Eu escorreguei! - disse ela.

- Você está bem? - perguntou o Senhor de aparência simples e bem agasalhado. Miranda acenou com a cabeça.

- Precisa de ajuda? - acrescentou ele oferecendo a mão para ajudá-la a se levantar.

Miranda se sentou lentamente e ao se apoiar na grade do portão pegou impulso para se levantar.

- Parece que a senhorita precisa de um pouco de sal na sua entrada! - disse o entregador oferecendo um pacote de algo que parecia ser sal grosso. - Pode ficar com este se quiser! - disse ele entregando o pacote a ela.

- Obrigada! - disse Miranda tentando se equilibrar com a ajuda de seu vizinho. Ela pegou sua mochila pela alça, se sentia um pouco tonta. Piscou um pouco tentando focar seu olhar no que fazia.

Ao pisar na calçada, percebeu que estava em solo seguro e conseguiu alcançar o equilíbrio que precisava para ficar com o corpo ereto.

- Muito obrigada! - disse ela novamente enquanto olhava para seu relógio de pulso ainda um pouco afobada.

Miranda pegou o saco de sal agradecendo o entregador e saiu rapidamente em direção ao seu carro deixando seus dois salvadores para trás.
O carro estava estacionado na frente da casa, mas estava completamente coberto de neve.

- Ai merda! - reclamou ela com a espátula quebrada, mas ainda em sua mão. Havia um pequeno corte na palma da mão de Miranda.

Na queda, a espátula que estava na mão de Miranda bateu em um dos lados do corrimão de pedra na entrada da casa, acabou quebrando e criando uma ponta de plástico afiada que machucou sua mão. Uma pequena gota de sangue pingou no chão úmido da rua.

- Desculpe te interromper novamente - disse o vizinho de Miranda atrás dela - Me chamo Peter Fitzgerald - disse gentilmente o senhor de aparência simples que outrora havia a ajudado.

- Moro na casa em frente a sua! - disse ele apontando para uma casa de três andares em frente a sua - Precisa de ajuda?

- O senhor já me ajudou hoje! Estou tão atrasada! - exclamou Miranda preocupada.

- Não tem problema! Eu ainda tenho alguns minutos antes de sair para o trabalho! Minha esposa está lá dentro se arrumando - respondeu ele. Miranda suspirou audivelmente.

- Ok! Fico te devendo essa senhor Fitzgerald!

- Fique tranquila! - respondeu o homem mais uma vez com gentileza.

Miranda tinha criado uma enorme resistência em aceitar qualquer coisa de um estranho. Naquele momento, não sabia o porquê de ter aceitado ajuda, mas estava imensamente agradecida pela generosidade do senhor Fitzgerald.
Eles tiraram rapidamente a neve de cima do carro e Miranda finalmente pôde seguir para o estúdio agradecendo aos céus por não pegar tanto trânsito em parte do percurso como sempre acontecia.

A Connection Between Us (Connected part. II)Onde histórias criam vida. Descubra agora