Levantou a luminária para o breu. Cerrou os olhos na tentativa de ver alguém ou alguma coisa. Desistiu e se abaixou para ajudar Nissarah a se levantar.As duas entram na casa e Nissarah se esparrama no sofá, gemendo de dor e incrédula no que tinha acontecido.
— O que foi isso? Alguém te bateu? — Perguntou Eduarda, colocando a luminária no centro de madeira.
— Não foi alguém ... Foi algo. — Expremiu Nissarah, tomada por caretas.
Eduarda sentou-se no sofá colocando os cabelos pra trás. Olhou o relógio, estava muito tarde.
— Os vultos te perseguiram. — Falou com certeza, reparando que a maçaneta tinha mexido um pouco.— Eu queria dizer que foi tudo um mal entendido ... Mas eu sei o que eu vi ... — Disse Nissarah, pegando o celular do bolso.
A tela estava trincada e a bateria nas últimas, só pensava em como sua mãe estaria nesse momento.
— É melhor você passar essa noite aqui. Eu falo com sua mãe, tem o número? — Indagou Eduarda.
Eduarda ligou e falou com Geórgia, não disse para a senhora Mariny o que tinha acontecido com Nissarah, mas inventou uma festa do pijama de última hora. Geórgia ficou tranquila, já estava passando mil coisas por sua cabeça, porém, mesmo sabendo que Nissarah estava segura, o seu sexto sentido não a deixava em paz.
— Seu joelho ainda tá doendo? — perguntou Eduarda, deitada no colchão.
— Tá um pouco ainda, mas a minha testa tá doendo horrores. — Disse Nissarah, apalpando o curativo de leve.
Eduarda se virou no colchão, colocando as pernas um pouco pra fora e tocou o chão frio.
— O remédio não fez efeito nenhum então. — Expremiu Eduarda, enquanto se cobria.
Nissarah movimentou a perna direita com cuidado para cobrir com a coberta, a pancada tinha sido no joelho dessa perna direita.
— Tudo bem. — confortou Nissarah. — Amanhã eu vou no posto pegar remédio. Boa noite. — virou-se e fechou os olhos.
— Boa noite. — Retrucou Eduarda, fechou os olhos e dormiu.
As portas de vidro se abrem, algumas pessoas entram no consultório médico e se sentam nas cadeiras azuis. Não estava muito cheio, o atendimento estava rápido.
— Nícolas Mariny! — Falou a recepcionista, olhando ao redor.
Nissarah apertou as mãos, seu olhar estava virado totalmente para aquela infeliz recepcionista. Levantou-se da sua cadeira e andou na direção do balcão, não hesitava em ir devagar propositalmente.
— Pode repetir o nome? — falou Nissarah, sua expressão estava séria.
— É porque eu me confundi, pequeno. Chegou sua vez. — disse a recepcionista, segurando um papel.
Nissarah bateu com as duas mãos no balcão fazendo um barulho enorme. Franziu as sombrancelhas e pegou o papel das mãos da mulher.
— Você comeu merda? Tá bem aqui o meu nome. Nissarah! — gritou com a voz trêmula.
— Nissarah Mariny! — Chamou pela última vez.
Nissarah piscou os olhos rapidamente, estava sentada na cadeira e uma velhinha olhou bem para ela.
— A recepcionista está a chamar você querida, dormiu aí? — disse a velhinha, segurando sua varetinha.
— Obrigada Dona Fátima, eu dormi um pouco. — Concluiu Nissarah, levantando e andando em direção a sala do doutor.
Depois de se consultar e pegar os remédios na farmácia pública, andou para casa mancando, mas conseguiu. A sua mãe havia avisado mais cedo que deixaria a chave no pote de planta pendurado na parede ao lado da porta.
Pegou a chave, abriu a porta e entrou com uma sacola com remédios para dor. Estava com dor de cabeça, a noite anterior não tinha saído de sua mente ainda.
— Aquilo realmente aconteceu ... — Falou pra si mesma, sentada no sofá.
Tomou banho, se vestiu e pegou seu celular que tinha acabado de carregar. Deitou na cama e mandou mensagem para Danilo, tinha perdido um dia de aula hoje. Nissarah não podia simplesmente falar o que de fato tinha acontecido, ninguém iria acreditar de primeira, só se ela provasse.
— Que ridículo ... — Disse Nissarah, ficando sentada na cama.
Fechou os olhos e respirou fundo, apoiou as mãos na cama e pensou positivamente.
— A cicatriz irá fechar e a dor acabar!
Ficou parada por alguns minutos, se sentindo besta por ter feito aquilo esperando que algo acontecesse. Bufou e voltou a deitar na cama, mas rapidamente levantou quando sentiu algo na testa, ficou de pé e correu para o espelho. Tirou o curativo recém feito e viu que o corte não estava mais ali.
— Meu Deus ... — Expremiu incrédula, tocando onde tinha cortado e não sentindo dor.
Pulou na cama e puxou o travesseiro-o abraçando com força, percebeu que a dor no joelho tinha acabado também. Estava muito confusa, não sabia se era uma alucinação aquilo tudo, ou um sonho.
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Nissarah: Em Brixtia
FantasyNissarah mora em Brixtia, cidade não tão grande no lado sul do Brasil. Sua vida não foi tão normal como as outras, mas diante de um acontecimento, sua vida teve uma grande virada de chave. Ela e seus amigos vão ter que lidar com problemas na cidade...