ℂ𝕒𝕡𝕚́𝕥𝕦𝕝𝕠 2

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Já se passaram três longos anos desde a primeira vez que Dalibor decidiu que seria uma boa ideia começar a ser meu instrutor de combate. 

Apesar de todas as desavenças, sou muito grata a ele por ter me dado a oportunidade de conhecer esse meu lado imprudente, forte, orgulhosa e guerreira. Minha mãe, por outro lado, não foi exatamente a favor de tal ação, mas ela sabe que não poderia me impedir de fazer algo que eu descobri que gostava, afinal, que problema eu traria ? Este treinamento de combate seria apenas um hobby que eu nunca precisaria usar para algo útil em minha vida.

Infelizmente, para sua tristeza, isso não era verdade. Se algum dia ela soubesse que mais tarde eu usaria esse treinamento para me defender, defender outras, e pior, para matar pessoas, ela nunca sequer teria me deixado colocar os pés para fora de nossos aposentos.

— Elizabeth, prestou atenção em algo que eu lhe disse ? - minha mãe me pergunta, tirando-me completamente de meus devaneios.

— Desculpa, o que disse? - perguntei, lhe encarando.

Seu rosto se contrai de desgosto. Digamos que Agnes Smith não é uma pessoa fácil de lidar. Apesar de ser uma curandeira muitíssimo habilidosa, não tem muita paciência, ainda mais quando se trata de minha pessoa. Minha mãe sempre foi uma mulher forte e destemida. Ela sempre procurou me oferecer a melhor educação e conforto, mas nunca me bajulou ou demonstrou algum tipo de afeto. Talvez antes de meu pai mamãe fosse diferente, nunca o conheci, Agnes disse que quando ela estava grávida de mim ele saiu em combate para proteger a fronteira e,  meses depois chegou a triste notícia de que ele havia morrido em combate.

— Eu disse que você precisa se esforçar mais. Do modo que está se saindo nunca será bem sucedida entre as curandeiras. - ela respondeu ríspida.

Revirei os olhos.

— Mamãe, minhas habilidades de cura são extraordinárias.- lhe respondo.

— O dom não é apenas o necessário, a prática também é.- Ela diz, semicerrando os olhos.

— Besteira.

— Elizabeth, você já está com dezoito anos, não pode mais levar as coisas como se fossem brincadeiras. Pensei que com aquele treinamento você amadureceria mais.

— Mãe…

— Já chega- Ela me corta- não iremos discutir sobre isso novamente. Apenas espero que você tenha mais comprometimento com suas obrigações.

Apenas balanço a cabeça em concordância, continuar este assunto não irá nos levar a lugar algum, seria apenas mais uma briga em que fará ela se distanciar ainda mais.

— Ótimo - ela diz - Vamos logo para a enfermaria ou chegaremos atrasadas, e você sabe que Constence não tolera atrasos.

Apenas bufo e sigo em direção ao lugar em que passei metade de minha vida.

        
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Após horas de trabalho que parecia ser interminável, Constence finalmente declara que a perna do soldado está totalmente curada.
Suspiro de alívio. Essa com toda certeza foi a reconstrução mais pesada que já fiz. Sinto minha magia empurrando contra minhas barreiras, querendo ser liberada de uma vez só. Não é tão fácil segurar a magia e deixá-la sair pouco a pouco, gota por gota, durante horas.

— Devo ressaltar que você não está liberado ainda. Deve se manter em repouso durante duas semanas, para que seu corpo possa se acostumar com todas as mudanças repentinas.-Constence  lhe instrui.

— Claro Alta Curandeira, muito obrigada por terem trazido minha perna de volta ao normal. - o soldado diz.

Lhe dou um sorriso fraco. Estou realmente muito cansada.
Após o soldado se retirar, nós organizamos todo o espaço onde o atendemos e então encerramos o dia.
Saio da pequena sala, me deparando com Frederico, meu mais que amigo, por assim dizer. Não estamos namorando, mas com certeza não somos apenas amigos. Fred e eu nos conhecemos desde pequenos. Constence é sua avó, sua mãe morreu no parto e seu pai se suicidou meses depois de perder a amada. Minha mãe sempre insistiu que Fred era um bom partido, já que curandeiras se casam com curandeiros ou com soldados, nunca com alguém com uma patente maior, pois os nobres casam apenas com nobres.

Fred se aproxima com o sorriso.

— Ouvi dizer que você arrasou concertando a perna daquele soldado. - Diz pegando em minha cintura e me puxando para perto de si, me fazendo sorrir.

— Então você ouviu certo.- Digo orgulhosa de mim mesma.

Ele solta um riso baixo, beijando minha bochecha.
Alguém tosse perto de nós, limpando a garganta disfarçadamente. Olho para o lado e vejo que é uma das curandeiras, provavelmente prestes a nos espulsar daqui, já que estamos atrapalhando os outros.

— Desculpe. - Digo.

— Que tal sairmos daqui ? - Fred sugere.

— Para onde…?

— Meus aposentos- Diz, com um olhar sugestivo que conheço muito bem.

— Adorei a ideia.






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⏰ Última atualização: Aug 01, 2022 ⏰

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