Ou achou que entendeu.
Porque só podia ser isso.
Ele voltara por uma razão. A despeito de não haver Deus ou sentido para a vida ou a morte, existia uma razão para ele estar ali, naquele exato momento, revivendo o passado.
Johnny saiu do quarto.
Foi atingido por Elis Regina, cantando de uma caixinha:
"... e ainda somos os mesmos, e vivemos..."
A mãe estava fazendo almoço.
- Mãe...
- Tico, você descasca essas batatas pra mim? Nossa, eu perdi a noção do tempo, enquanto ouvia essas músicas antigas...
- Mãe... Eu preciso te pedir uma coisa.
- Claro, filho.
- Você precisa fazer uma coisa bem cedo, na segunda-feira. Precisa ir no médico.
- No médico? Mas eu estou bem, Tico. Espera... É por causa do começo glaucoma do seu pai?
- Não... Também... Sim...
Ele respirou fundo. Então, falou, cuidadosamente:
- Durante a semana, você marca um oftalmo para ele. O pai não vai gostar, mas é importante que comece a acompanhar a vista, a partir de agora. Mas eu estava falando de um médico para você, mãe. Você precisa fazer um check up geral e especialmente um ultrassom no abdômen. No fígado, entendeu?
Desta vez, ele conseguiu assustá-la. Já não estava sorrindo, quando murmurou:
- Nossa, Tico. Que horror. Você está tão esquisito!
- Desculpa, mãe. Eu só preciso que a senhora jure que vai. Por mim.
Houve um silêncio. Depois, ela respondeu:
- Nossa... Eu vou... Mas, sinceramente, Tico, que jeito de falar...
Ela tinha razão. Era muito estranho o jeito de falar de Johnny. Ele se expressava como um adulto pela boca de um pré-adolescente.
Ele então a abraçou, mergulhando profundamente naquele doce e quente afeto, com a sensação de que era a última vez que podia fazê-lo.
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A Aventura de Johnny
FantasyJohnny tem 22 anos e está começando a vida adulta, com seus novos direitos e deveres. Mas algo inesperado atravessa a vida dele. E agora o passado ressurge de maneira intensa e Johnny terá que lidar com dores antigas.