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No dia seguinte, sob o pretexto de almoçar, Xiao Zhan saiu do escritório e foi para a casa de Yibo.

A caminhada inteira até lá, com as mãos suando, ele pensou em maneiras de explicar. Para fazer Yibo entender. Para pedir perdão por palavras duras e permitir que eles tenham essas duas últimas semanas juntos sem impedimentos. Xiao Zhan não se permitiu pensar na possibilidade de Yibo não perdoá-lo, assim como não podia se permitir a possibilidade de não conseguir respirar. Ele tinha que respirar. Yibo teve que perdoá-lo.

Com o coração martelando em algum lugar nas proximidades de sua garganta, Xiao Zhan tocou a campainha. O Servo Xu cumprimentou-o com sua maneira gentil de sempre e o informou que o jovem mestre Wang não estava em casa no momento, e ele poderia levar uma mensagem? Xiao Zhan engoliu a amarga decepção e disse a ele que não havia mensagem.

Então ele parou ao pé da escada de Yibo e lutou contra a frustração. Onde estava Yibo, senão em casa?

Oh. É claro.

Xiao Zhan chamou um táxi. Tattersalls ficava a apenas quinze minutos de caminhada, mas ele mal tinha tempo de sobra. Pulando no primeiro hansom que parou para ele, Xiao Zhan informou seu destino e sentou-se na beirada de seu assento nos poucos minutos que levou para chegar lá.

Como não havia leilão no momento, Tattersalls estava menos louco do que da última vez que estivera lá. Um homem de aparência entediada o apontou na direção dos estábulos e Xiao Zhan permitiu que suas pernas o levassem sem outro pensamento ou objetivo além de encontrar Yibo. Ele não sabia mais o que diria; todas as palavras secaram diante do pânico cegante de que ele nunca seria capaz de acertar as coisas entre eles.

O cheiro de feno e esterco o atingiu no momento seguinte. Xiao Zhan examinou os currais, procurando a familiar égua escura que deu a Yibo toda sua glória tão lindamente naquela manhã no St. James Park.

Ele a encontrou momentos antes de uma cabeça familiar aparecer. Yibo escovava sua égua com o mesmo cuidado e precisão que aplicava em todas as suas tarefas, inclusive no ato de fazer amor. Xiao Zhan, enraizado no lugar, assistiu impotente enquanto Yibo tomava seu tempo, murmurando algo para Mistério que Xiao Zhan não conseguia ouvir. Quanto tempo ele ficou ali, ele não sabia, mas eventualmente, ele sabia que tinha que se mover.

Lentamente, com cuidado, ele foi até ele. Yibo, ao ouvir passos, enrijeceu antes de se virar. Seus olhares se prenderam. Xiao Zhan não sabia o que Yibo podia ver em seu rosto, mas o que viu no de Yibo quase o quebrou. Arrependimento, tristeza e medo guerreavam ali, suas bochechas ficando manchadas e rosadas, sua boca uma linha apertada. Seus olhos estavam inchados de exaustão. Xiao Zhan caiu contra um poste e fechou os olhos.

— Eu sinto muito.

Por um tempo, Yibo não disse nada, e Xiao Zhan sentiu como se seu coração fosse bater em seu peito. Então...

— Não sinta. — Um suspiro. Xiao Zhan abriu os olhos para ver Yibo caído contra o portão, escova na mão. — Desculpe. Eu nunca deveria ter presumido. Presumido. Que você iria querer...

Xiao Zhan deu um passo à frente e, ciente de que o espaço estava vazio no momento, pegou a mão de Yibo na sua. Não pela primeira vez, ele estava grato por estar falando mandarim sem medo de ser ouvido.

— Eu gostaria que pudéssemos pensar em uma maneira de não perder isso, querido. Você não tem ideia do quanto eu desejo isso.

Yibo assentiu, baixando os olhos.

— Sinto muito por ter falado de seu trabalho de forma tão arrogante. Foi mal feito.

Xiao Zhan acenou lentamente com a cabeça.

Victorian • Zhanyi !Onde histórias criam vida. Descubra agora