Gift.

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— Está bem. — respondi Jamie, jogando minha bolsa em meu ombro e me levantando.

Jamie me seguiu até o estacionamento e ambos entramos no carro. Eu estava concentrada na estrada, mas a todo momento sentia o olhar de Jamie sobre mim, fazendo meu rosto queimar. Por sorte, o caminho do hotel até o apartamento não era muito longo, então os momentos de tensão não prolongaram.

— Você pode esperar aqui? — perguntei, tirando meu cinto de segurança.

— Tem certeza? — ele olhou pela janela, onde várias meninas gritavam e pulavam ao vê-lo dentro do carro.

— Preciso lembrar de escurecer meus vidros. — fiz uma careta e ele riu, concordando.

— Por favor, não me deixa aqui sozinho. — pediu.

— Tudo bem. — suspirei, abrindo a porta do carro. — Elas podem acabar quebrando o meu carro, então vamos.

— Está mais preocupada com o carro? — Jamie abriu a boca indignado.

— O que você acha? — dei uma risada alta. — Eu estou brincando. Vem logo.

Finalmente sai do carro e Jamie saiu também, sendo levemente atacado pelas suas fãs histéricas. Fiquei pelo menos uns 10 minutos encostada em meu carro enquanto ele dava atenção para elas, e quando conseguiu se despedir, entramos no elevador. Mais um silêncio constrangedor tomou o recinto. Peguei minhas chaves e abri minha porta, entrando e sendo seguida por Jamie.

— Aqui está! — peguei os papéis que estavam em cima da minha mesa e os entreguei.

Jamie folheou, lendo com bastante atenção.

— Uau. — disse encantado. — Parece que vou ser um vilão muito cruel. — ele riu, me fazendo rir também. — As pessoas vão me odiar.

— Ou não. Você é bonito, então vai acabar despertando uma síndrome de estocolmo em suas fãs.

Jamie me lançou um olhar malicioso, me fazendo repensar no que eu acabara de falar.

— Enfim, — me sentei em meu sofá. — Você vai ter um desse no set, mas se quiser ficar com esse pra você... — apontei para o roteiro em sua mão.

— Eu posso? — se aproximou, sentando-se ao meu lado, mais próximo do que esperava.

— Pode. É bom que você ensaia em casa antes de começar as gravações.

Jamie voltou a ler o conteúdo dos papéis com bastante atenção.

— Agora estou entendendo melhor sobre o louco do meu personagem. — soltou uma risada engraçada, sem tirar os olhos do papel.

— Vai ser um plot e tanto. — concordei, erguendo um pouco a cabeça para ler também. — Nessas falas — apontei o dedo em uma das falas de Vecna. — Você vai ter que fazer uma voz bem... Sombria. — cerrei os olhos.

— Chrissy... — ele forçou a voz, me fazendo gargalhar.

— Incrível! — exclamei.

— Aqui. — Jamie apoiou-se em uma das minhas pernas, se aproximando mais. — Eu gostei dessa. — ele apontou para uma fala de 001/Peter, aonde ele tenta persuadir Eleven a se juntar a ele.

— Eu acho que essa vai ser uma das minhas partes favoritas.

— Por quê? — Jamie inclinou a cabeça para trás para me olhar.

— Por causa de todo o contexto. — gesticulei, dedilhando os parágrafos. — A história de Henry Creel, apesar de muito perturbada, vai ser muito interessante. — expliquei.

Jamie me olhava com um sorriso no canto dos lábios.

— É tão fofo como seus olhos brilham ao falar sobre série.

— Para. — desviei o olhar, tímida.

— É sério. — Jamie se ajeitou, deixando o papel de lado e se aproximando mais do meu rosto. Sua mão ainda estava apoiada em meu joelho. — Você tem uma paixão por isso, e é encantador.

Sorri para ele de forma agradecida.

— Bom, são anos nesse trabalho. Eu literalmente vi essa série ser criada, e a assisti crescer.

— É definitivamente um ótimo trabalho. E você tem seus créditos aqui. — ele tocou a ponta do meu nariz, me fazendo rir.

— Eu tenho sorte de ter conhecido os Duffers.

— Não. — seus olhos sérios me encaravam de perto. — Eles têm sorte de terem te conhecido.

Jamie se aproximou e eu permaneci imóvel, sem pensar muito no que poderia fazer. Seus olhos se fecharam e antes que ele pudesse me dar um beijo, seu celular tocou alto, invadindo o silêncio que atuava na sala.

— Oi, amor. — Jamie disse ao atender o telefone, e levantou-se para se afastar um pouco.

Ele sorria e andava de um lado pro outro, e ao desligar o telefone, voltou a sua atenção a mim.

— Eu tenho que ir. — falou e eu me levantei.

— Não esqueça o script. — peguei os papéis em cima do sofá e os entreguei para Jamie.

Evitei o contato visual com ele. Eu estava notavelmente constrangida.

— Liv, desculpa. — suas palavras me chamaram a atenção, me fazendo olhar em seus olhos. — Eu sei que estou errado, mas eu não consegui resistir a você.

Engoli em seco, concordando com a cabeça.

— Está tudo bem. — dei de ombros.

— Obrigado. — ele sorriu, levantando os papéis e eu sorri fraco para ele.

— Sem problemas.

— Podemos continuar nossa amizade? Gosto de estar com você, mesmo tendo sido poucas vezes. — riu.

— Eu acho melhor nós termos contato apenas profissional. — respondi e ele concordou com a cabeça, sem me olhar.

— Tudo bem. — Jamie se virou, indo até a porta e eu o segui.

Abri a porta, dando espaço para que Jamie deixasse meu apartamento.

— Até mais, Liv. — ele se abaixou para que pudesse me dar um beijo no rosto.

— Até mais, Jamie.

Assim que ele saiu, fechei a porta atrás de mim, recapitulando o que acabara de acontecer. Jamie Campbell ia me beijar, sendo um homem compromissado. Fechei os olhos balançando a cabeça e tirando aquilo de minhas memórias. Ao olhar para minha mesinha de centro, havia um envelope chamando minha atenção. Me aproximei do mesmo e o peguei. Virei a carta, onde tinha uma mensagem e sorri ao ler.

"Eu ainda não tenho seu número, então pensei em voltar às antigas e te enviar essa mensagem por escrito. Espero que goste do presente.
Não tem nenhuma data comemorativa, mas acredito que você merece, e se você está lendo isso: espero te ver hoje.
PS: Antes que pergunte, pedi seu endereço para Maya, alegando ter esquecido meu script com você no set.

Joseph."

Minhas borboletas no estômago reacenderam e eu sorri largo. Abri o envelope, onde contia uma caixa e eu a abri. Um colar lindo com várias pedras fez meus olhos brilharem. Antes de qualquer reação, revirei meus papéis do trabalho, procurando pela ficha de Joseph, aonde ficavam todos os seus dados. Procurei por seu telefone e o digitei em meu celular, o ligando na mesma hora.

Alô? — sua voz a qual eu amava soou do outro lado da linha e eu sorri.

Como ousa me mandar um presente lindo desses sem eu poder ao menos lhe dar um abraço?

Eu daria tudo para ver o seu rostinho ao abrir a caixa de veludo. — Joseph soltou uma risada gostosa. — Diz que vai jantar comigo hoje.

Eu jamais recusaria. — respondi, já ansiosa para vê-lo novamente.

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