CAPÍTULO 05

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Estou sentada olhando para meus quatro companheiros me sentindo mais feliz do que jamais me senti, nós passamos a noite toda acasalando e só paramos quando o sol estava nascendo e então eles apagaram.

Eles estão suando e estão quentes, tão quentes como humanos não deveriam estar, minha mordida elimina veneno e os fazem queimar de dentro para fora como se estivessem pegando fogo mas eles são meus companheiro o que significa que não vão entrar em combustão e quando seus corpos se acostumarem com o veneno vamos estar ligados de todas as formas.

E quando chegar o dia em que eu renascer das minhas cinzas eles vão estar lá, esperando por mim e eu nunca mais estarei sozinha, meu coração acelera enquanto eu escuto a respiração lenta e ritmada dos quatro que me faz sorri, eles gemem e fazem caretas e de vez em quando sussurram meu nome me fazendo suspirar.

Meus.

Me deito entre os quatro e fecho meus olhos me permitindo dormir como a tempos não fazia, eu ainda morro de medo deles me acharem e machucarem meus companheiros eu não vou suportar perdê-los.

Eu não posso perder eles.

...

Completamente sem roupas eu vou para fora da casa e fecho meus olhos sorrindo com o sol tocando minha pele, sinto minha pele esquentar mais que o normal e deixo que a transformação aconteça, quando abro meus olhos tudo está intenso e brilhante e eu escuto os bichos se movendo na floresta e o vento sobra minhas penas preenchendo meu peito com uma paz impressionante.

Minhas penas vermelhas dançam com o vento e passo meu bico dourado por minha barriga, dou pequenos passos para trás arranhando minhas garras no chão dando impulso e abrindo minhas asas para finalmente voar outra vez.

Eu nem aí menos tinha completado sessenta anos quando fui capturada, as pessoas me queriam para seu bem próprio usando minhas penas e lágrimas e me vendendo como se não passasse de uma mercadoria e quando eu parei de me transformar eles começaram a me torturar sempre deixando marcas diferentes em meu corpo fazendo com que minha cicatrização ficasse cada vez mais lenta.

Eu desejei morrer mas sempre que as chamas tomavam conta de meu corpo eu renascida e a cada vez que isso acontecia novas pessoas me tinham e toda a esperança de um dia minha família me encontrar morreu.

Voo o mais alto que consigo vendo as árvores embaixo de mim e o vento contra minhas penas, a sensação de liberdade finalmente me aquecendo e arrancando toda a tristeza de mim, dou impulso para cima o mais alto que consigo e então desço fechando minhas asas e olhos deixando o vento bater em meu bico e a queda me fazendo vibrar, quando estou perto das árvores abro minha asas e plano me sentindo feliz.

Finalmente feliz.

Paro em um galho grosso de uma árvore alto e fico assistindo o sol se pôr, eu sempre amei como o céu fica amarelo e laranja e as vezes avermelhado, isso me lembra minhas penas e minha vila onde tudo era vibrante e quente e animado e o medo não existia.

Sinto uma lágrima escorrer enquanto vejo o sol desaparecer, eu sinto tanta falta de casa e eu nem sei onde estou e como voltar para casa ou se minha família ainda está viva, nós vivemos por quinhentos anos e não sei quanto tempo passou desde a última vez que os vi.

Quando a lua já está no topo do céu eu sinto meus companheiros e levanto voo sabendo que acordaram, entro pela janela do quarto e paro em cima da cama encontrando todos sentados com o rosto amassado e tão lindos que meu cotação acelera.

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