• You make me happy •

292 39 5
                                    

.
.
  Quinta-feira, 16:25 P.M

Will estava em casa, adiantando o trabalho semestral da disciplina de escultura, este semestre era um trabalho de pesquisa então seria mais fácil. No segundo semestre iriam por em prática tudo o que aprenderam e esse trabalho valeria uma boa parte da sua nota final na disciplina. Por esse motivo, se mantinha concentrado no ecrã do seu computador, o mesmo preenchido com informações históricas sobre a arte da escultura. Era uma área que amava mas não o fascinava como o desenho fazia. Os únicos sons que preenchiam seu apartamento eram os barulhos das teclas a serem pressionadas até ouvir quatro suaves sons. Quatro leve batidas na sua porta. Olhou para seu trabalho, já tinha uma boa base de pesquisa para quem ainda tinha mais quatro semanas de tempo útil. Com a sua caneta favorita, decidiu ir até à porta.

Alguma novidade hoje, William? :)

William. Seu nome nunca pareceu tão certo como agora. Sempre achou William um nome demasiado formal e pouco entusiasmante mas agora, tendo sido escrito num "tom" tão divertido e interessante. Pensava em William como um nome duro e de certa forma forte e agora William parecia tão suave e amigável. Assim como ele. Will costumava se apanhar pensando em coisas como estas frequentemente, você já deve ter reparado, certo? O fazia porque qualquer mínimo detalhe podia deixar seu coração mole. Outras pessoas podiam repudiar ser tão sensível assim, ele, por mais que alguns dias fosse difícil, amava isso em si.

Lembra daquele garoto das arquibancadas? O Wheeler. Ele falou comigo outra vez! Ficou comigo a hora de almoço inteira e elogiou-me! Sinceramente, hoje ele meio que fez meu dia melhor já que minha melhor amiga faltou

Michael, do outro lado da porta, sorriu. Quase conseguia imaginar a expressão do mais novo ao escrever aquilo. Empolgado sobre como Wheeler tinha falado consigo. Será que geraria mesmo essa felicidade toda em Will? E porque isso causava uma sensação quente em seu peito?

Você parece gostar mesmo dele. Ele te faz ficar tão feliz assim?

William assentiu, mesmo que M.  não pudesse ver através do outro lado da porta. Sim, Wheeler o fazia muito feliz. Não sabia o porquê. Mas tinha uma ideia. Provavelmente seria porque não tinha nenhum histórico agradável com garotos, se sentia de alguma forma carente por atenção masculina? Mas acho que você o compreende, pense comigo: garotos sempre foram mais interessantes, no entanto nunca conseguiu ser nem sequer amigo de nenhum por causa de sua sensibilidade. Isso talvez gerasse alguma carência. Fazia sentido em sua cabeça.

Faz sim, ele é muito legal. Porque você se interessa tanto, afinal?

Will esperou a resposta vinda do outro lado da porta, por um tempo considerável, mas não ficou entediado e muito menos impaciente. Alguma coisa lhe dizia que M. estava confuso e precisava de tempo para pensar. Acabou por estar correto. Michael demorou a responder porque sabia que realmente o interessava num nível bastante elevado e ao responder a essa pergunta estaria a responder a si mesmo. Era uma resposta que não estava preparado para saber mas não podia deixar Will esperando para sempre. Sentiu que tinha que ser sincero com o garoto, já que não era sincero sobre a sua identidade.

Porque qualquer coisa que te deixe feliz me deixa, de alguma forma, feliz também.

William leu aquilo vezes e vezes sem conta. Alguém ficara feliz por ele. Quem seria? Não tinha a menor ideia, talvez fosse isso que deixasse tudo um pouco mágico. Pequenas lágrimas lhe vieram aos olhos. As pessoas normalmente achariam que seria desnecessário chorar por uma coisa tão pequena mas Will não se importava, estava demasiado feliz para isso.

Você me deixa feliz ♡

Michael sorriu. Um sorriso tão grande que se fosse possível, rasgaria a sua face. Will gostava do seu eu verdadeiro. Nunca se deixou influenciar e tinha seus próprios valores mas mesmo assim há sempre uma parte de nós, por mais que pequena, que acaba por ser distorcida dependendo das pessoas à sua volta. As pessoas há sua volta eram jogadores de futebol. Acho que já percebem onde Wheeler quer chegar. Tinha que fingir em algumas situações, ir a festas que não queria ir e ver situações que não queria ver. Isso tudo era horrível. Mas quando estava com Will podia se mostrar, e permitir aquela pequena parte de sua personalidade fluir. Amava se sentir totalmente livre.

Você também hahaha
Querida poder falar com para sempre mas hoje combinei uma coisa com a minha mãe! Peço imensas desculpas! Até amanhã!

M.

Não era mentira. Michael realmente tinha combinado falar com sua mãe. Falar sobre tudo o que havia acontecido com seu coração. A maior pergunta em sua cabeça não era sobre se apaixonar por um garoto, como muitos podiam pensar, mas sim em como se podia possivelmente ter apaixonado tendo conversado com o rapaz duas vezes e amor à primeira vista era uma óbvia fachada de filmes de romance baratos. Wheeler entrou para dentro de seu apartamento e esperou ansiosamente pela mulher que lhe tinha dado vida. Até que por volta de meia hora depois ela chegou. Karen Wheeler bem ali à sua frente. Se cumprimentaram com um abraço e os dois sentaram-se nas cadeiras da cozinha.

- Queres um café? - Michael perguntou a Karen, que logo assentiu em resposta. Fez o café, assim como a sua mãe gostava e lhe entregou.

- O que me traz aqui, Mike? - Sua mãe perguntou. Karen sabia que seu filho raramente a chamava para uma conversa em seu apartamento, logo deveria ser algo sério. Michael suspirou. - Tem a ver com o seu curso?

- Não! Não, não tem a ver com meu curso. É complicado... - Fez uma pausa. A matriarca não o interrompeu pois sabia que seu filho estava organizando seus pensamentos. Michael sempre foi assim com seus sentimentos, tendo de pensar em cada palavra que dizia. Meticuloso. - Sabe o vizinho do lado?

- Aquele garoto de cabelo castanho? Super simpático? - Michael assentiu.

- O nome dele é Will. Eu... converso com ele através de bilhetes pelo vão da porta. Só que ele não sabe quem eu sou, bem ele até sabe porque já conversei com ele pessoalmente mas não sabe que sou a mesma pessoa. O problema é que falar com ele é extremamente agradável, ele é de alguma forma carinhoso, é muito criativo. Ele cursa artes na faculdade. Ele me deixa calmo e feliz e... é lindo.

Wheeler olhava fixamente para o chão, não tendo coragem para olhar nos olhos da sua mãe. Sabia que ela não teria uma reação negativa mas estava nervoso. Seus sentimentos sempre o deixaram nervoso. Era uma sensação familiar mas era sempre como se fosse a sempre a primeira vez. Silêncio permanecia na cozinha. Karen olhava para Michael, todo desconfortável e envergonhado, e não conseguia deixar de sorrir.

- Mike, querido, olhe para a sua mãe. - E assim ele o fez, com muito esforço porém. - E qual é o porquê de isso ser um problema?

- Mas... É estranho. Eu falei com ele tão poucas vezes mas ele me faz bem e ele nem sabe. É estúpido.

- Michael, nunca diga isso. Não é estúpido, é extremamente importante... Mike eu quero que você perceba que a paixão nem sempre segue as regras. A paixão pode surgir da maneira mais inesperada. A paixão é uma coisa inócua. Não se pressione a aceitar os seus sentimentos mas não os negue. Sei que está confuso. Deixe eles fluírem.

Silêncio.

As palavras faziam sentido na cabeça de Wheeler. Deixá-los fluírem. Poderia resultar, afinal, era sua mãe.

- Obrigada, mãe.

//

NDA: Estou em férias, então as atualizações vão ser mais esvazadas. Obrigada pela compreensão.

Deixá-los fluir.

Até o próximo capítulo,
Mila<33

Red lipsOnde histórias criam vida. Descubra agora