Capitulo 17: Yuri WhanderPetrokovitz

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Durante os quase trinta dias da minha recuperação do tiro, Nikola e eu nos amamos e conversamos muito. Ele me contou sobre tudo da vida dele, mas um relato me chamou a atenção. O Primero relacionamento homo afetivo de Nikola foi com um certo Yuri WhanderPetrokovits. Eles viveram uma curta e tórrida paixão, interrompida pelo pai do Yuri que quando descobriu o romance, mandou seu filho para os Estados Unidos para estudar e trabalhar.

O que me chamou a atenção neste relato em particular,  é que eu conheci um Yuri WhanderPetrocovitz, mas este não foi para os Estados Unidos, mas foi morto em casa num acidente com arma de fogo, que caiu da mão dele e disparou em seu peito o matando na hora.

Eu sabia dessa historia por que o pai do Yuri era o Ministro Mikail WhaderPetrocovitz, amigo de infância do meu pai. O Ministro Mikail tinha três filhos. Ollaf, Anastacia e Yuri. Que frequentavam minha casa quando pequenos.

Meu silêncio imperou naquela tarde, eu temia que os dois Yuri fossem a mesma pessoa, mas não podia dizer nada, pois não sabia se de fato conhecíamos o mesmo Yuri.

Apesar da historia triste, eu fiquei feliz em presenciar este momento em que meu gigante ruivo se despia de tudo (medos, inseguranças, pudores e pré-conceitos) estando comigo. Em um relacionamento deve imperar a confiança, o respeito e a amizade. Eu senti isso naquela hora.

Logo após nossa conversa, despretensiosamente, eu questionei sobre o Yuri novamente, tentando ligar alguma informação que confirmasse o que eu suspeitava. Nikola se trancou novamente: - Isso ainda mexe comigo. Tentei contato com o irmão mais velho dele, mais o Ollaf não me respondeu mais! - Bingo! Eu sabia que era o mesmo Yuri, Ollaf e eu brincávamos juntos quando éramos crianças. Aos poucos, comecei a suspeitar que havia algo de errado naquela história. então, no intuito de levar um pouco de paz ao coração do meu gigante ruivo, liguei naquela mesma tarde para Ollaf e marquei um encontro com ele para ouvir a versão dele. 

Naquela mesma tarde, nos encontramos em uma charutaria próxima a Mautz. ollaf sempre foi um homem a frente de seu tempo, sempre ponderou e refletiu sobre tudo, era um cara muito centrado e muito sábio, porém, carregava uma tristeza no olhar em nosso reencontro.

- Ollaf, meu velho e querido amigo!

- Andrey! quanto tempo não nos vemos, Camarada! Fiquei sabendo que você trabalha como operário em Moscou! O que houve, amigo? Você é o único Filho de Adnan Kakarovith e herdeiro das industrias Kakarovith. E pra que deixar tudo e ir trabalhar como operário?

- Ollaf, tive meus motivos. Decidi que não viveria as custas de nada que meu pai construiu! O Dinheiro dele o afastou de mim... Quando ele se for, eu doarei sua fortuna para as causas humanitárias de países pobres da África ou da América latina! Mas não te convidei para um café pra falar das minhas convicções sociais e sim para saber como estão as coisas... Nunca mais tivemos contato. Como esta seu pai? E a Anastácia? E você, Amigo?

- Estou bem, a Anastácia se casara com um árabe no final do ano, e meu pai continua o mesmo ranzinza reclamão de sempre. Agora, desde que a tragédia com o Yuri aconteceu, ele tem piorado! Acredita que ele quis demitir a empregada apenas por que ela não colocou sal na mesa? Ele esta a cada dia mais rabugento!

-Mas ele ficou assim pela morte do seu irmão? Aquilo foi um acidente... Ninguém teve culpa no que aconteceu.

- Andrey, se eu te contar um segredo, você promete guarda-lo a sete chaves?

- Claro!

- O Yuri não morreu por um acidente. Ele se suicidou.

- Meu Deus! Como assim?

- O Yuri estava perdidamente apaixonado por um rapaz filho de um padre Ortodoxo, eu cheguei a conhece-lo. Era fechado, mas era boa gente. Meu irmão tinha certeza de que viveria feliz ao lado desse rapaz, porém, quando foi finalmente contar ao meu pai sobre este rapaz, meu pai disse coisas terríveis ao meu irmão. Disse que não o reconhecia mais como filho, que aquele tipo de atitude era para o envergonhar diante da Rússia, que era um comportamento Ferdinandista (O Comparando ao Rei Ferdinando, que era homossexual) e que preferia vê-lo morto, ao vê-lo agarrado a outro homem. Eu só vi uma lágrima correr no rosto do Yuri. Ele subiu as escadas enquanto meu pai proferia várias ofensas, entrou em seu quarto, pegou a arma e disparou contra o seu próprio peito. Ele não sabia que fazendo aquilo, ele mataria um pouco de nós junto com ele. Naquele dia eu morri um pouco junto com o Yuri. Meu pai repete todos os dias que preferia ver o Yuri feliz com outro homem do que vê-lo em um caixão. Nunca mais houve alegria na Casa dos WhanderPetrokovitz.

- Eu estou pasmo! Como palavras mal ditas podem acabar com uma vida dessa forma? Você contou ao rapaz sobre a morte do Yuri?

- Não! Não tive coragem. o Nikola era um jovem de 17 anos na época e, apesar da aparência rude, eu percebi que ele era frágil. Então, disse que Yuri havia sido tirado do pais e enviado para os Estados Unidos pelo meu pai para estudar e trabalhar! Eu me arrependo tanto de ter mentido para ele. Como eu queria reparar este erro... Como eu queria dormir em paz novamente.

- Meu amigo, ainda há tempo! Procure o Nikola, conte tudo pra ele. Assim será melhor para ambos!

- Já faz alguns anos que eu perdi o contato com ele. Cheguei a procura-lo na casa do pai dele, mas fui informado que ele havia se alistado no Exercito e decidido a seguir carreira militar.

- Ollaf, preciso te confessar uma coisa; O Rapaz que estamos falando chama-se Nikola Schomsk. Ele está aqui em Mautz,  Ele e eu estamos juntos a quase um ano. Eu decidi procura-lo por que ontem, Nikola estava me contando a historia dele com um certo Yuri WhaderPetrokovitz, eu tive duvidas, mas quando ele falou seu nome, ai a certeza invadiu minha alma. Não disse nada a ele sobre conhecer vocês, mas decidi te procurar para conversar e colocar tudo isso em uma única linha. Eu quero que vocês e principalmente o Yuri encontrem paz.

- Andrey, você? Nunca imaginei...

- Sim, eu me descobri apaixonado recentemente, mas isso é uma história longa, meu amigo! Eu recentemente tomei um tiro no peito enquanto arrumava as minhas coisas, fiquei três dias desacordado em um hospital, e quando acordei, decidi que não deixaria pontas soltas.

- Estou em choque, admito. mas fico feliz por você!

- Vamos a Maltz, vamos de encontro a Nikola e vamos colocar um ponto final nesta história! Vamos devolver a paz aos corações de vocês!

A Vida Secreta de Nikola SchomskOnde histórias criam vida. Descubra agora