Capitulo 24 - O Coronel

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Durante aquela mesma tarde, após o susto com o Boris, Nikola e eu nos sentamos na mureta da varanda e conversamos muito. Assim que a noticia da rendição do Boris chegou até nós, sentimos um alívio e ao mesmo tempo uma tristeza; A final de contas, o Boris não era tão mal, só ressentido por não poder viver o amor e nem poder ser quem ele realmente era. Falamos sobre muitas coisas naquela tarde. Sobre a experiência com o Boris, sobre a transa a três, sobre como o Boris se tornou carente de carinho na cama deixando a imagem de homem mal para trás...

Durante a conversa, depois de um ano de união, Nikola resolveu me falar um pouco sobre sua experiência no Exercito soviético. Ele me relatou sobre varias coisas que aconteceram durante seu tempo de serviço militar. Os abusos que sofreu e principalmente sobre sua vida secreta durante o tempo militar!
O que mais me chamou a atenção durante aquela conversa, foi o relato de dupla personalidade de um tal Coronel Vladmyr Hilantrovith, que durante o dia era um carrasco e durante a noite um homem apaixonado e devotado.

"- O Coronel Hilantrovith me assustava. Ele era um homem totalmente controverso; Dos que viviam uma vida dupla dentro do braço militar Russo, ele era o mais estranho. O que ele mais perseguia e maltratava de dia, era o que ele mais procurava de noite. Assim que me formei cadete, ele começou a me perseguir. Me obrigava a fazer flexões e a carregar muito peso, me xingava de nomes absurdos, cuspia na minha cara, disparava escarro no meu peito e só falava comigo aos gritos. Uma noite, eu tinha acabado de sair do horario de vigia fronteiriça e fui para o vestiario tomar banho, o Coronel Hilantrovith entrou só de toalha no vestiario, parou no chuveiro ao meu lado e começou a conversar tranquilamente, nem parecia a mesma pessoa. Ele fechou o chuveiro, se ajoelhou em minha frente, abriu a boca e me pediu: - Mija na minha boca! - Eu fiquei assustado, mas mijei... ele não deixou cair uma gota, bebeu minha urina toda, e assim que eu terminei, ele colocou a boca na cabeça do meu pau e o engoliu inteiro de uma vez. Me chupando até eu gozar."

- Eu ouvi o relato inteiro boquiaberto. Conhecia o Coronel Vladmyr Hilantrovit, ele era o pai de um ex colega de faculdade; 'Sasha Hilantrovith' e este mesmo coronel quase matou um homem em Moscou por ele ter se declarado publicamente gay! Eu estava sem entender como alguém que vive uma realidade igual a esta é capaz de julgar e condenar alguém que lhe é condicionalmente seu semelhante. Nilola continuou contando:

- Foram 10 meses em que este coronel me tratava como um lixo de dia e como um rei durante a noite. Me acordava no alojamento com beijos e com morangos, me chupava, engolia a minha porra, depois ia dormir. Me dava aos finais de semana durante as madrugadas e quando estava frio, me chamava para o seu quarto, até que veio uma transferência e o coronel foi pra fronteira com a ucrania.

Eu ouvi os relatos do meu gigante ruivo sem acreditar na situação. Hilatrovith era tido entre a alta sociedade russa como o baluarte da virilidade, o patrono da masculinidade militar, algumas vezes até citado pelo Gorbatchov em seus discursos. E a cada relato uma surpresa...

Nossa vida foi voltando ao normal, e fomos retomando nossa rotina. Eu, a pedido do meu pai, assumi a secretaria administrativa da Siderúrgica e o Nikola quis ir para a produção. Eu não queria que ele fosse, mas ele pediu e eu não sei dizer não para ele. Passados alguns meses, estávamos em um centro comercial fazendo algumas compras, quando Nikola olhou para uma loja e simplesmente travou. Ele viu o Coronel Vladmyr Hilantrovit saindo da loja. O Coronel, por sua vez, me viu e veio me cumprimentar, eu fui educado e o Nikola ficou estatico. Ele encarou o Nikola, apenas acenou com a cabeça e foi embora. Tivemos que voltar correndo pra casa, Nikola, por medo e por trauma, urinou nas calças.
Meu gigante ficou extremamente fragilizado diante de um trauma do passado.

Chegando em casa, eu tirei a roupa dele, o coloquei na banheira e dei banho nele. Ele chorou muito, eu apenas o abracei e disse:
- Eu estou aqui... Não tenha medo!

Na manhã seguinte, deixei Nikola dormindo e sai bem cedo e fui a Moscou para resolver uns assuntos pessoais. Ao chegar em Moscou, meu pai me telefonou e me pediu para ir até sua casa. Quando eu cheguei, dei de cara com o coronel Hilantrovith sentado a mesa com meu pai. Eles eram amigos de infância e se tratavam como irmãos quando se encontravam. Uma raiva muito grande me tomou ao vê-lo sentado à mesa com a mais inocente de todas as caras mesmo tendo feito tudo de ruim com meu Nikola. Decidi mascarar a raiva e, a convite do meu pai, sentei-me à mesa para tomar um café com eles.
- Andrey, como você está crecido!
- Sim, coronel, crecido, forte e responsável pelos meus atos!
- Isto é muito bom, meu filho! Isso me enche de orgulho.
- Que bom, Adnan, você fez um excelente trabalho com o Andrey, assim como eu fiz com meu filho Sasha... ele segue todos os meus passos.
- E em quais passos seu filho Sasha decidiu te seguir? Os passos do homem conservador, ausente e omisso? Ou do Militar abusivo e violento? Estou curioso Wladmyr...
- Andrey Kakarovith! Que comportamento é esse?
- Deixe-o falar Adnan. Eu quero ver onde ele quer chegar com esta conversa!
- Eu não quero chegar em lugar nenhum com esse assunto, quero apenas que o senhor se olhe no espelho e veja ao menos uma vez na vida a sua verdadeira face, coronel.
- E que face que você quer que eu veja, Andrey Kakarovith?
- A face de um monstro abusador que utiliza de sua patente e da influência militar para satisfazer seus desejos sexuais reprimidos se fartando de jovens e inocentes cadetes. Então quer dizer que o senhor os trata feito lixo de dia e feito reis a noite, Coronel?
- Então foi isso que o ex Cadete Schomsk te disse? Me colocou sob o espectro de um tarado Pederasta? Eu mando prende-lo por desacato e por calunia a um oficial de alta patente militar!
- Andrey, Wladmyr, vamos para com esse assunto. Andrey, o meu amigo Wladmyr viu você nascer! Foi ele que me apresentou sua mãe quando tinhamos 19 anos. Por que você está falando essas besteiras para ele agora?
- Sabe o porque, pai? Ele abusou do Nikola enquanto ele era cadete!
- Mentira! O Cadete Schomsk está mentindo para me encriminar!
- Ah, então é mentira? Se é mentira, o porque ele travou e até urinou nas calças de medo quando te viu? Quer saber, coronel? Fique a vontade com seu café, eu estou me retirando e sinseramente, eu espero que sua consciência não te assombre igual a sua imagem na vida de todos os abusados pela sua patente! Bom dia! Bom dia papai!

Dizendo isso, saí da mesa espumando de raiva, mas com a alma limpa por ter dito tudo o que estava engasgado na minha garganta.

A Vida Secreta de Nikola SchomskOnde histórias criam vida. Descubra agora