COM AMOR, LOVE.

Capítulo 01

      

      O que você faria se tivesse um milhão de dólares na sua conta bancaria? É o que aqueles apresentadores de televisão sempre diz, e a resposta é basicamente a mesma: Comprar uma casa, pagar a faculdade, comprar o carro mais desejado do momento. O que minha mãe faria? Com certeza gastaria todo seu dinheiro para ficar em um SPA e fazer um ano sabático.  Meu pai? Ele compraria fundos e ações, porque ele não se contem com o que já tem e quer mais e mais. Meu irmão, ele compraria todos os jogos de video-game que existe. Já eu, eu sei muito bem o que faria, eu iria pra bem longe daqui. 

__ LOVE!! - minha mãe grita do andar de baixo - Querida, venha logo.

   Sim, meu nome é Love, e não, não sou psicopática igual a Love Quinn da serie YOU.
 Apesar de ter sido um tanto antissocial igual ela na época da escola, ah, a escola, ainda bem que me livrei dela. 

Os anos mais difíceis da minha vida, esse sonho de colégio que mostra nos filmes americanos, com líder de torcida, ônibus escolares e festas todo final de semana é totalmente uma mentira. E não, nenhum jogador de futebol se apaixona pela nerd esquisita, ou faz alguma aposta para pega-la, ele na verdade nem olha para as meninas, a não ser as gostosonas.

Meu ensino médio foi uma merda, e carrego as consequências até hoje, fui uma típica garota anti-social que enfiava a cara nos livros de romance e fantasia, apaixonada por coisas místicas, ovnis e tabela periódica, que participava de grupos de estudos e afins. Vocês têm alguma dúvida? É só olhar para meus quadros e medalhas no corredor de casa, que minha mãe insiste em expor para todos os convidados da alta sociedade. Que inclusive agora estão dentro de uma das enormes caixas de papelão no meio da sala de casa.

__ Pega essa caixa querida  - disse minha mãe entregando uma caixa pesada e fechada - aqui está etiquetada com o seu nome, essa é sua. Com todos seus livros.
__ Não posso doa-los? Já que não será de nenhuma serventia?- livros sobre a história da sociedade cruel americana, que ainda bem não irei usá-los nunca mais.
__ Claro que não. Paguei caro neles, vai ficar para o Tyler!
__ Mãe, o Tyler tem 11 anos, até ele usar esses livros serão uma nova edição.

__ Não interessa, põe no caminhão. - disse um tanto autoritária. 

  Minha mãe? Advogada Criminalista, ela participava de conselhos da escola, era  o tipo de mãe que fazia reuniões, tomava a frente de tudo. Devem pensar, "uau, você deveria amar", definitivamente NÃO.
Por isso eu era vista como "a protegida", " a exemplar". Acontece que minha mãe contava tantas vantagens minha para as pessoas, que os pais dos alunos ficavam comparando os filhos comigo, e eu era a META e EXEMPLO a ser seguido, sendo assim, pode-se imaginar que >Todos me odiavam<

Agora devem estar pensando, para onde está indo essas caixas? Estamos de mudança, Jacksonville, são apenas cinco horas de Nashville até la, e sim, vamos de carro. Porque ? Segundo minha mãe, é para curtir a paisagem e segundo meu pai, é econômico.

Estou vendo que essa viagem vai ser um saco, meu irmão não tira o olho do seu ipad , sorte que baixei filmes e musicas para ir escutando, assim posso dormir e esperar as CINCO horas passar, fora as paradas durante a viagem.

Vou pela ultima vez em meu quarto, olho pela janela, era a parte que mais amava na minha casa. A vista era linda, dava para as arvores e o sol escondia pelas folhas, embaixo conseguia ver as crianças do quintal vizinho brincando de corda, coisa que não podia fazer muito, já que não tinha amigos nenhum. Foi bom morar nessa casa, vou sentir muita falta. Mas não vou sentir falta da cidade, muito menos do meu bairro. Na verdade, estou amando mudar de cidade, tenho a sensação que coisas boas virão. 

Fecho a porta do quarto e desço as escadas vendo que não havia mais caixas ali, estava tudo vazio. A cozinha que não era tão grande, estava enorme sem a mesa e as cadeiras da bancada, o sofá já não estava ali e a lareira estava limpinha, já que os novos donos chegarão amanhã para a última visita. Olho para o portal com a marcação da nossa altura, infelizmente não posso leva-lo, mas fotografei para deixar guardado de recordação.

Vou para o jardim e meus pais e meu irmão, Tyler, já estavam dentro do carro me esperando, olho para a casa com um sorriso genuíno. É, foi bom viver aqui .