P.O.V BOSS
—Sua casa é bonita...—Mek falou enquanto eu andava até a minha mochila jogada no sofá.
—Não liga pra bagunça, mas obrigado mesmo assim.—eu sorri, peguei o crachá que eu havia guardado e entreguei a ele.
—King quase me deu um carão por ter "perdido" isso.—comentou ao risos curtos e baixos.—obrigado por ter guardado.
—Então, é o seu crachá de atendente da cafeteria?—assentiu.—King é perfeccionista as vezes, já até me acostumei com ele desse jeito.
—Nem me fale... Bem, acho melhor eu ir agora antes que cho...—as palavras dele foram cortadas por um trovão e sinto que estremeci um pouco, detestava esse barulho.
Poucos segundos depois ouvimos o som dos chicoteios dos pingos na janela.
—Parece que fui vencido dessa vez.—falou. Eu dei um riso nasal, e depois suspirei.
—Acho que o melhor é deixar a chuva passar.—encarei os pingos e por um momento e desejei que o meu sofrimento fosse como eles, apenas deslizassem e fossem embora. Eu sabia que havia chegado, aquilo foi a gota d'água. Eu sabia que Fon era ocupada, não tem como negar, mas eu também mereço ser feliz, e aquele relacionamento não me faz feliz, então parece que a hora de dizer 'adeus' finalmente veio, na verdade, ela sempre esteve lá, eu que só não queria olhar para ela.—você aceita um chocolate quente? parece que vai demorar.—fez que sim.
—Você quer que eu te ajude?
—Não se preocupa, eu sou formado em fazer chocolate quente, não tenho mais medo de queimar a cozinha como antes.—ouvi ele rir baixo e o acompanhei.—é sério. Não sei como ela ainda está funcionando depois de tudo.
☕☕☕
—Você gosta de basquete?—Mek apontou para o meu canto sagrado que eu mantinha no final da sala. Era uma pilha de objetos que lembrassem o esporte e um enorme quadro com uma camiseta assinada pelo meu jogador preferido.—ou melhor, do LeBron James?
—Tá brincando? Esse cara é uma lenda! Eu fui a alguns jogos dele quando estava em intercâmbio em Los Angeles. Simplesmente sensacional!
—Eu ouvi falar muito dele, parece jogar muito bem. Eu pessoalmente prefiro futebol, mas basquete é incrível também. Você parece empolgado quando fala dele, é fofo...quer dizer, sabe, é fofo como você gosta tanto desse jogador, tipo como um fã fiel!—ele falou e sorriu um pouco sem jeito, o rosto dele parecia vermelho, provavelmente igual o meu naquele momento, mas meio que gostei daquele comentário.
Comecei a rir e caminhei até ele, lhe entregando a xícara ainda quente, nem ao menos percebi o tempo que passou enquanto eu fazia.
—Obrigado então.—dei um sorriso de lado.
—Valeu pelo chocolate quente. Desculpa a pergunta, mas...você namora?—um instante. Ele realmente estava flertando comigo? Isso era sério?
Eu nunca havia ficado tão nervoso pra responder esse tipo de pergunta na minha vida, por que agora eu estava? Eu estou ficando louco, definitivamente.
—Sabe, a aliança no seu dedo.—Mek apontou para as minhas mãos e senti meu mundo cair.—imaginei que namorasse...
Claro. Era por conta da aliança de compromisso. Por que ele se importaria a mais com uma pergunta dessa? Apenas curiosidade, sem nada por trás...
Me senti um pouco pra baixo por ter sido apenas isso e me repreendi mentalmente, ele com certeza não estava interessado em mim e afinal, eu já tinha namorada. Bem, eu iria terminar com ela hoje pra falar a verdade.
—Ah...Eu meio que tenho uma.—falei simples, não sei porquê, mas senti que Mek entristeceu um pouco, então continuei.—mas eu ia terminar com ela.—ele me olhou com curiosidade.
—Você não a ama?—suspirei. Virei o rosto e disse:
—No começo sim, mas agora...eu não me sinto mais feliz ao lado dela.—ele apoiou a mão no meu ombro e deu um afago.
—Quando o amor acaba e nem a amizade pode sustentar um relacionamento, o melhor é deixar ir...sinto muito por vocês.—ele falou em tom acolhedor.
—Não sinta, nós dois não éramos bem a definição de melhor casal do mundo...
—Acho que não existe bem uma definição de melhor jeito de agir em uma relação, acredito que os dois fazem escolhas e sabemos que escolhas levam a consequências.
Tive que concordar com ele, por mais que eu amasse ela, tive que deixar ir porque não estava fazendo bem para minha saúde, no fundo posso me arrepender, mas meu cérebro sabe que foi o melhor para mim.
Acho que esse arrependimento é uma forma de luto. Luto pelo o que podíamos ter vivido. Luto pela relação falha que acabou tendo um final, só que sem o feliz. Luto por tudo isso e medo porque talvez eu possa não encontrar alguém melhor do que ela já foi para mim, ou nunca encontrar alguém.
—Gostaria de só ter que passar por esse processo sem sofrer.—disse.
—Isso é impossível, mas nesse tipo de situação podemos tirar vantagem e aprender com o momento.—fiquei quieto.— essa conversa está meio triste demais...Bem, você não tem medo?—prestei atenção nele que antes estava no chão.
—Medo? Medo do quê?—perguntei.
—Eu sou praticamente um estranho pra você e por algum acaso vim parar na sua casa por mais tempo do que eu esperava quando começou a chover. É meio peculiar a forma como nos conhecemos.—sorriu.
—Bem, não é exatamente a melhor maneira de se fazer amigos, mas eu já conheci as minhas melhores amizades das maneiras mais estranhas possíveis, você nem imagina.—ri com algumas lembranças que passou na minha mente.
—Sempre tive essa tara de me envolver nesse tipo de situação, dúvido que as suas histórias sejam mais esquisitas que as minhas.—ele achou graça.
—Eu dúvido que as suas passem das minhas também.—sorri de orelha a orelha.
Nós ficamos conversando por tempos e tempos, nem ao menos notei quando a chuva havia parado, apenas continuei e não notei em mais nada em minha volta, minha atenção estava nele. E tenho certeza que não iríamos parar por ali se meu telefone não tocasse.
Peguei-o rapidamente e vi quem era, número desconhecido. Verifiquei a hora.
—Caramba... O tempo passou tão rápido, já são 19:45.
—Bem, acho melhor eu voltar para casa. Não quero incomodar mais tempo. Tenho que alimentar meu Gato.—ele se levantou do sofá, mas eu o segurei pelo pulso. Me olhou surpreso.
—Te vejo amanhã?—Mek sorriu de lado e fez que sim com a cabeça.
—Até amanhã então, Boss.
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Café e Amor
FanfictionBoss, logo após seu término cruel com sua namorada Fon, se vê perdido até encontrar consolo em Mek, um jovem universitário e novo garçom da cafeteria local perto da sua casa.