Grito da corrente sanguínea.

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Eu costumava deitar a cabeça sobre uma das minhas veias principais que atravessava um dos braços, apenas para senti-la pulsar e voltar para a realidade caótica onde... Eu infelizmente estava viva e precisava me manter até onde poder aguentar.

Mas aos poucos eu sentia que aquela pulsação não tinha mais tanto significado, que talvez eu não gostasse tanto de voltar para a realidade onde eu vivia.

Pensar na morte era um pouco mais fácil, pensar que talvez morrer seria tirar o peso desestruturante de uma vida adulta dentro de um passado conturbado e um presente que insistia em derrubar qualquer esperança que um dia eu fosse capaz de manter dentro de mim.

Então eu não estava mais sentindo nada, nem amor, nem empatia... Apenas um raiva irracional, por pensar que no meio de 7 bilhões eu fui uma das escolhidas para viver uma vida de merda, me encaixar e contorcer sem o saber de um futuro certo.

Mas eu continuava com a mania de deitar sobre a veia e sentir pulsar, as vezes, se eu escutasse com bastante atenção eu poderia ouvir meu coração batendo... Parecia uma tortura, ele só não apenas pulsava, como gritava desesperadamente.

Eu ouvia seus gritos silenciosos sem poder fazer nada além de entrar em profunda lamentação, ele pedia ajuda e ninguém além de mim podia ouvir.

Meus gritos costumavam ser silenciosos também, mas era difícil manter a máscara que puxava os dois lados da minha bochecha e forçava um sorriso, esse era meu grito, minha vontade desesperada de chamar atenção e esperança de que talvez alguém notasse as linhas sangrando e machucando.

Mas você não tem depressão, se não for um jovem chorão e triste o tempo todo, você na verdade é um ingrato, quando ainda a vida correndo nas suas veias.

Por isso, deito a cabeça no braço, e ousso minha veia, na vontade angustiante de que ela pare de gritar.

Autora.

O diário que pulsa.

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Ideias da madrugada • Oneshots Taekook Onde histórias criam vida. Descubra agora