Verdade

601 66 9
                                    

Elena

O dia estava ótimo, tirando o fato do clima tenso que estava entre minha mãe e eu. Nós já estávamos arrumando nossas malas, pois precisávamos ir embora, eu tinha aula no outro dia, Vinicius e o Marcos precisavam trabalhar também. Até que alguém bate na porta, Marcos larga a roupa que ele estava dobrando e diz:

- Eu vou.

Assim que ele abre a porta, vejo que é minha mãe. Marcos sorri e diz:

- Precisa de alguma coisa Dona Mari?

- Eu queria falar com a Elena.

- Claro, eu estava indo na cozinha fazer um lanche mesmo. Pode entrar.

Ela entra e ele fecha a porta. Eu continuo organizando a minha mala, enquanto ela se aproxima e diz:

- Eu não queria ir embora brigada com você filha, eu falei besteira, me desculpe.

Paro, olho pra ela.

- Você pensou algo extremamente absurdo de mim.

- Elena, eu sei que errei e feio. Me desculpa. Eu não queria contar pra você, mas vou dizer.

Nessa hora presto atenção ao que ela diz.

- Seu pai apareceu alguns meses atrás, supostamente queria se reconectar com vocês e eu pensei que talvez ele tivesse entrado em contato com você talvez te obrigado ou feito sua cabeça pra fazer algo que você não queria. Por isso eu falei aquelas bobagens ontem, eu pensei nisso, juntei esse casamento repentino e tirei essas conclusões ridículas .

Nessa hora me aproxima dela e pergunto séria:

- Quando ele te procurou?

- Faz mais de 5 meses, não lembro quando exatamente.

Um pouco antes dele me procurar.

- Por que você não nos contou?

Ela dá de ombros.

- Bem, eu disse que não queria ele perto de vocês e ele pareceu entender a mensagem.

Nessa hora me irrito.

- Você sempre esconde as coisas da gente. Nunca diz o que é realmente importante, agora ontem foi bem rápida para me acusar, mesmo sendo acusações infundadas. 

- Elena, você não entende.

- Não, você que não entende. Por que você não diz de uma vez porque vocês se separaram?

Ela respira fundo.

- Eu sempre achei que ele não voltaria a nos procurar, então preferi poupar vocês da verdade.

Coloco as mãos no rosto irritada;

- Qual verdade?

- Que ele era um viciado, Elena. Um viciado e o tipo de pessoa que faz tudo pelo dinheiro. Ele vendia muitas das coisas em casa, gastava o dinheiro todo dele em jogos, apostas, eu perdoava, ele sempre dizia que ia mudar, eu o amava, queria manter minha família unida.  Até que um dia, ele literalmente tentou vender sua irmã, aquilo pra mim foi o fim, por pouco ele realmente não conseguiu. Eu dei um basta naquele casamento, coloquei ele pra fora e falei pra ele nunca mais voltar.

Eu não acreditava no que eu estava ouvindo, ela poderia ter me poupado de tanta coisa se tivesse nos dito a verdade.

- Você deveria ter nos dito antes, poderia ter alertado.

- Eu sei, você está certa.

Ela se aproxima, mas eu me afastou e falo:

- Eu preciso pensar.

- Eu entendo filha, me desculpa de verdade.

Ela abaixa a cabeça e saí. Ela poderia ter me poupado de tanta coisa, se tivesse simplesmente dito a verdade, eu não teria permitido que ele se aproximasse de mim, em dado uma segunda chance e consequentemente não teria sido obrigada a casar com um completo estranho. Antes eu estava chateada com ela, agora estou irritada. Marcos entra no quarto e diz:

- O que aconteceu? Acabei de ver sua mãe saindo daqui com uma cara.

- Você não vai acreditar.

Conto tudo pra ele desde a parte em que ela me chamou de golpista e no final ele diz:

- Eu nem sei o que dizer, estou surpreso com tudo isso, com o fato dela ter chamado você de golpista de ter escondido a verdade de vocês, ela não tinha esse direito.

- Exatamente.

Eu estava muito agitada, andava de um lado para o outro no quarto, ele vem, me abraça, olho em meus olhos segurando no meu rosto e diz:

- Fica calma meu amor, eu sei que é uma situação complicada, mas não fica se desgastando, lembra do nosso bebê. 

Apenas assenti. Ele diz para eu descansar um pouco, enquanto ele terminava de arrumar as malas e é isso que eu faço. 

O casamento forçadoOnde histórias criam vida. Descubra agora