Capitulo I

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Maraisa.

Faziam ao menos seis dias que eu não saía de casa, Fabrício demorava cada dia mais a voltar do trabalho.

Ele parecia mais impaciente, arrumava milhares de desculpas para suas brigas sem sentidos. E eu, tudo o que poderia fazer, era chorar sozinha.

Eu não tinha ninguém, não aqui.

Eu precisava colocar o lixo pra fora, era o dia do caminhão passar e eu ainda não havia nem levantado da cama. Eu andava ainda mais indisposta esses dias, acredito que por pensar demais em qual seria o motivo pelo qual ele estava desse jeito.

Se passou diversas vezes na minha cabeça a possibilidade de traição, mas eu realmente não queria acreditar naquilo.

Me levantei da cama, o suspiro cansado escapou por meus lábios. Eu desci as escadas e segui até a parte de trás, onde estavam os seis sacos de lixo, esses que estavam acumulados lá.

Eu passei seis dias no quarto, minha mente estava inerte do mundo real. Eu só me levantava para fazer o jantar, limpava a casa e me trancafiava no mesmo local, com as luzes apagadas.

Eu peguei os sacos e sai de casa, vendo a luz do sol pela primeira vez após seis dias. Deixei os sacos em seu respectivo local e ao me virar, vi a mesma garotinha de dias atrás ajoelhada próxima ao meu jardim.

— Oi, tia. Tudo bem? - Perguntou com um sorriso radiante, acabando por arrancar um meu também que assenti.- você tá dando água as florzinhas?

— Hum, não tive tempo essa semana.- Comentei me abaixando para ficar do seu tamanho. Suas bochechas gordinhas, me faziam querer aperta-las.

Marcela começou a falar sobre as flores e sobre tudo o que elas precisavam. Descobri que suas favoritas, eram girassóis.

Ela realmente parecia ser encantada por flores, eu achava fofo a forma que ela se empolgava quando começava a falar sobre elas.

A parte de dentro da minha casa, tinha um jardim, uma parte de pedras para passar e várias flores em ambos os lados. Essa parte que era aberta, e o sol e a chuva faziam seus trabalhos.

Já havíamos comprado ela dessa forma, nunca fui muito fã de flores, eu admito, mas eu achava muito bonito a forma que se destacavam.

—Eu posso dar água pra elas todo dia, se você quiser.- Contou animada e eu balancei a cabeça em afirmação. Ela abriu um enorme sorriso, seus olhinhos fechados e seus dentinhos a amostra, ela era tão fofinha.

— Claro, serei muito grata á você.

Em alguns minutos conversando com a menina, ela falou sobre várias coisas. Eu achava fofo a forma que ela trocava de assunto e se empolgava falando de todos eles.

Passamos um bom tempo ali na frente, eu lhe dava toda a atenção. Eu queria ter filhos, queria ter formado uma família.

Mas essa nunca foi a vontade de Fabrício. Eu me sentia tão confusa, entre procurar alguém com os mesmos desejos que eu, ou continuar a ficar com ele.

Eu não estava feliz nesse relacionamento, mas eu também o amava. Ou não?

Eu me sentia confusa diante dos meus sentimentos, esses que eram complicados de se compreender.

Soltei um suspiro cansado e voltei a prestar atenção na garotinha a minha frente.

Marília.

A casa já estava arrumada, Murilo assistia o jogo na televisão com Léo sentado á sua frente com seus brinquedos espalhados pelo chão.

— Você viu a Marcela? - Lhe questionei olhando em volta e ele balançou a cabeça em negação.

— A filha não é minha.- Concluíu baixinho com a atenção ainda vidrada na televisão, dei meia volta e o encarei com as mãos na cintura.

— Você vai começar com essa palhaçada de novo? - Questionei firme, tendo enfim sua atenção sobre mim.

Eu e o Murilo nos conhecemos no ensino médio. Começamos á namorar um tempinho depois, mas não estava dando certo graças aos seus ciúmes sufocante e acabamos por terminar.

Poucos meses depois, eu conheci a Lauana. Essa com a qual fui casada por dois anos, a ideia de fazer inseminação partiu dela. Estávamos juntas há quatro anos contando com o tempo de namoro e estava na hora de aumentar a família.

Três meses após o nascimento da Marcela, ela simplesmente despareceu. Sem mais nem menos, sem se quer, dar uma explicação e eu não pude fazer nada além de cria-la sozinha.

Um ano após, o Murilo entrou em minha vida novamente. A ideia de que talvez pudéssemos dar certo, me fez arriscar estarmos juntos de novo.

E dois anos depois, engravidei do Léo. Eu e o Murilo brigavamos muito e isso acabou nos levando ao fim do relacionamento mais uma vez, era frustrante.

Eu sentia que não daria certo com ninguém, não sabia se o problema era eu.

O nosso relacionamento se tornou amigável, até que tentamos voltar aos poucos. E estávamos ficando, nada sério.

Ele era um pai presente para o Léo, porém, por outro lado ele e Marcela não se davam bem. A mais nova, não se dava bem com nenhum namorado meu.

Eu já havia conversado com Murilo sobre isso, Marcela era difícil de lidar, mas ainda sim, não deixava de ser uma criança.

Segui para a parte da frente da casa, e vi minha filha abaixada conversando com a vizinha da casa ao lado. A mulher tinha um sorriso nos lábios, enquanto escutava Marcela falar.

— Oi, tudo bem? - Questionei ao me aproximar e a atenção da morena veio até mim.

— Estou bem e você?

— Bem.- Concluí voltando minha atenção a Marcela que falava algo baixinho com a atenção nas flores.— Vai fazer algo mais tarde?

— Quer levar as crianças ao parque comigo? - Convidei colocando as mãos no bolso e recebi um assentir em resposta.— Bom, agora a mocinha aqui vai entrar e vamos tarefinha da escola.

— Mas mamãe, depois.- Pediu com um biquinho nos lábios, seus olhinhos pidões não me compraram dessa vez.

— Agora, se não, não iremos ao parque.- Contei, vendo a mesma suspirar fundo entortando a boca e logo levantou-se, limpando a areia de sua roupa com as mãos.

— Tudo bem.- Se rendeu seguindo em direção a entrada, logo virando em nossa direção.— Mamãe, é de matemática.

Com a conclusão revirei os olhos e sorri. Ela não era um dos maiores talentos em matemática, mas ela se esforçava.— Mamãe já tá indo.

— Te vejo daqui a pouco? - Questionei a mulher tendo um assentir de cabeça em resposta e me despedi seguindo minha filha para dentro de casa.

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Capitulo curto, porque é o primeiro 🥺 a partir do próximo é um pouco maior.

Bom, eu espero que tenham gostado 🤧 tá vindo aí a att de Purgatory e innocent ❤️

Até o próximo capítulo ❤️

Sem você. {Malila}Onde histórias criam vida. Descubra agora