prólogo

897 93 9
                                    

— você é a pessoa mais egoísta, sem coração e mal amada que eu já conheci! — grito, tento segurar minhas lágrimas, mas falho miseravelmente.

— meu projeto está arruinado por sua causa, seu imbecil... —  minha voz sai trêmula, eu deveria estar puto, mas ao invés disso me sinto terrivelmente triste. passo as mãos pelo cabelo, puxando os fios com força.

— eu não iria arruinar o seu projeto se você não tivesse começado!

Sirius me empurra para a parede, seu rosto raivoso beira à insanidade, ele é dois palmos maior do que eu, o que me faz parecer mais fraco do que o normal. tento escapar para longe dele, mas este me segura pelos ombros.

— sei que você fez alguma coisa comigo, eu não deveria ter perdido aquele jogo! mas me distraí... —  ele para por um segundo, e vejo seus olhos arregalados de pavor. luto para escapar do aperto dele.

— escuta aqui, seu idiota egocêntrico, pela milésima vez, eu não fiz nada com você! mas você fez comigo. você arruinou meu projeto, projeto pelo qual eu dei meu suor, sangue e lágrimas. tem noção de quantas noites fiquei acordado fazendo ele? TEM!? diferente de você, eu não venho de uma família rica, e diferente de você que não precisa estudar para tirar notas boas, eu preciso. pelo amor de Merlim, Sirius Black, me deixa em paz! — dessa vez, consigo me soltar, Sirius cambaleia alguns passos para trás, e me olha surpreso. quero esmurra-lo, quero estapear seu rosto. mas sei que se fizer isso, no fim, vai sobrar inteiramente para mim. em hogwarts existe um ditado claro, se duas pessoas brigam, e uma delas é sonserina, pode apostar que o culpado é a pessoa sonserina. eu amo a minha casa, mas odeio como somos tratados feito escória pelo resto da escola. às vezes, nos meus momentos mais insanos, imagino como seria se o chapéu seletor tivesse optado por me mandar para a Corvinal, eu iria viver tão miseravelmente?

— eu não tenho culpa se a sua consciência pesou. acha mesmo que eu iria perder meu tempo sabotando seu joguinho estúpido de quadribol? eu não sou igual você, Black. — não mais, pelo menos. desde que ano letivo iniciou, fiquei totalmente concentrado nos meus estudos. fui expulso de casa pelos meus preciosos pais, e tive que passar o verão trabalhando em festivais trouxas em todo Reino unido. troquei metade do dinheiro que arracadei por galeões, e a outra metade usei para me manter no mundo dos trouxas. de agora em diante, tudo que eu faço será vital para o meu futuro, tenho que estar com a ficha limpa se quiser arrumar um bom emprego, estou sozinho no mundo, preciso cuidar de mim. e eu não vou estragar o meu futuro por causa desse energúmeno!

— cala a boca, ranhoso. eu sei que você está mentindo. — sua voz desesperada me diverte, e sei que estou brincando com fogo nesse momento, Sirius anda estranhamente obececado por mim desde que parei de revidar suas pegadinhas ridículas. esfrego meu ombro dolorido, é pedir muito só uma noite de paz? pelo visto é.

— por que você é tão obececado por mim? se eu não te conhecesse, diria que você gosta de mim. sabe, há outras formas de chamar minha atenção, essa maneira de flertar já está muito ultrapassada.

eu sabia que iria apanhar no momento que essas palavras deixaram minha boca, e como sempre, a previsibilidade de Sirius não me decepcionou. minha visão ficou meio turva quando ele se jogou em cima de mim e desferiu um soco contra o meu rosto. por que eu não consigo controlar minha boca grande perto dele? mas bem, ele mereceu essa provocação. de soslaio vejo meu caldeirão tombado de lado, e uma poça de poção transparente formada ao seu lado. solto um gemido de raiva. desfiro um soco contra Sirius também, sua cabeça vira para o lado com a força do impacto, e aproveito essa oportunidade para escapar de baixo dele. pego um frasco vazio de poção em cima da mesa, e quebro na cabeça de Sirius. e sinceramente, eu me sinto muito bem fazendo isso. não é a primeira vez que brigamos assim, já tivemos brigas mais violentas. mas essa essa tem um quê diferente. um gostinho diferente. vejo seu corpo tombar para o lado, mas seguro sua cabeça antes que ela chegue no chão. tiro um frasco de poção de cura de dentro dos bolsos da minha capa, e despejo em sua boca. machucar ele é uma coisa, mas mata-lo... sou jovem demais para ir preso.

Don't blame me Onde histórias criam vida. Descubra agora